Ser patrono da Feira do Livro pode ser humilhante. Lembro da cara constrangida de Charles Kiefer, em 2008, de braços dados com Yeda Crusius e Mônica Leal. Aquele foi o alto preço cobrado pela vaidade. Lembro da cara “tô nem aí” de meu colega de daltonismo Carlos Urbim no ano passado. Já o folclorista Paixão Côrtes sempre militou na grande imprensa e receberá quaisquer companhias com naturalidade. Estive na cerimônia de escolha do novo patrono. Paixão fez um belo discurso desculpando-se pela idade (83 anos) e pelo marca-passo que o tornará um patrono comedido. Paixão é um Ariano Suassuna low profile. É menos talentoso e bem menos caudilho que seu colega nordestino, pois há um lado positivo em quem não consegue pontificar de forma tão completa.
Hoje li críticas à Feira de Porto Alegre. Seria apenas uma grande livraria comercial. E há alguma que não seja comercial, mesmo dentre as simpáticas pequenas livrarias? Mas concordo com uma das críticas: há um fato que torna a de Porto Alegre e todas as Feiras — incluindo a Bienal de São Paulo e a Feira bonairense — iguais: são imensas e enjoativas livrarias com mais ou menos os mesmos livros. Mas há que saber usar o evento. Há uma interessante programação paralela que é gratuita e que apenas quem não se interessa por cultura pode ignorar. Em razão disso, ainda dou vivas à Feira de Porto Alegre.
Paixão é um baita etnógrafo, que fez com muito esforço o que os antropólogos titulados nunca se dignaram a fazer, ou seja, pesquisar e documentar o folclore. Merecido.
De acordo.
Concordo com o Francisco. Milton, não te deixes levar pelo preconceito.
Mas eu disse alguma coisa contra Paixão?
:¬))
Milton, tu definitivamente tá virando um velho rabugento e ranzinza …
?
Devo defender o Milton nessa. Num vi nenhuma crítica ao para mim desconhecido Paixão, no texto acima.
Pois é!
E eu pensando que essas coisas só aconteciam no meu blog…
Milton, o pior está aqui em Vitória-ES. A última Bienal foi num estacionamento pequeníssimo de um shopping; os livros, um absurdo. O conceito caiu.
Abraços
E aqui, a praça onde a Feira é realizada está em reformas intermináveis.