Publicado em 13 de março de 2007
Não sei vocês, mas eu me divirto muito com este questionário. E há os bastidores. Pedi uma mini-biografia de 5 a 10 linhas para o Allan, ele começou o texto dizendo que tinha pouco a dizer mas escreveu 20 linhas ou mais… Tá bom. O Allan mora em Piacenza e é o grande autor do Carta da Itália. Encontrei-o quando estava em Trento, lá em dezembro de 2005. É inacreditável que ele, tão gentil e tranqüilo no meio daquela neve, tenha sido alguém que, na juventude, trocasse socos por quaisquer motivos, como confessa abaixo.
Tem muito pouco a ser dito a meu respeito. Não que eu seja simplório ou modesto, mas raramente me sinto bem no papel de protagonista. Carioca, Flamengo, nascido e crescido em Copacabana até os 13 anos. Depois, Embu, em SP, onde minha mãe, pintora, participou do nascimento do movimento artístico daquela cidade. Passei muito tempo na Via Dutra, morando ora no Rio, ora em SP. Não me formei em Propaganda e Marketing, nem em Economia. A curiosidade me levou a diversos cursos: fotografia, piloto de avião, canto, judo, batik, joalheria, capoeira. Mas nada levado muito a sério, só buscava algumas respostas e diversão. Era capaz de mudar de humor com um olhar errado e trocar socos com qualquer um. Com o tempo aprendi a respeitar o ponto de vista alheio, até porque os socos doem. Casado com a Eloá há vinte anos, pai da Bianca há 14 e da Luiza há 12, sou fiel aos amigos e aos animais. Meu blog começou a partir da necessidade de manter laços que me são caros e dos e-mails que enviava semanalmente aos amigos deixados no Brasil. Não tenho paciência de editar nada do que escrevo e o meu solecismo fica explícito na cacografia que produzo (gosto de pensar que ninguém precisa da gramática para ser criativo, mas no fundo é preguiça mesmo). Já produzi e expus quadros, esculturas e jóias e vendi tudo. Uns trocados com fotografia, mas prefiro tomar água de coco na praia. Quando tinha 17 anos pensava que era fácil ser poeta, mas não me empenhei. Vim para a Itália em 1999 pensando em ficar uns 4 ou 5 anos, mas pensando morreu um burro. Meus melhores momentos acontecem quando estou dormindo: tenho cada sonho. Prefiro ser um observador. Às vezes privilegiado, como um voyeur que, protegido pela porta, se diverte a olhar dentro das casas que as pessoas constroem na alma.
Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas ?
A arrogância.
Como gostaria de morrer?
Quem disse que eu gostaria de morrer?
Qual é seu estado mental mais comum?
Costumo me perder em divagações e sou muito distraído .
Qual é o seu personagem de ficção preferido?
Não gosto de listas de preferências. Acho que elas reduzem os horizontes.
Qual é ou foi sua maior extravagância?
Charutos, se tiver que escolher algo material, mas ainda acho que a maior extravagância do ser humano é estar vivo.
Qual é a pessoa viva que mais despreza?
A lista seria muito longa .
Qual é a pessoa viva que mais admira?
Admiro muitas pessoas do meu círculo pessoal. Entre as pessoas famosas não admiro ninguém de maneira especial, mas poderia citar Amyr Klink.
Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?
Um tigre, uma gaivota, um professor de literatura .
Em quais ocasiões costuma mentir ?
Qualquer ocasião é boa para mentir. O importante é não perder a oportunidade.
Qual é sua idéia de felicidade perfeita?
Uma casa de campo na beira do mar.
Qual é seu maior medo ?
Sobreviver às minhas filhas.
Qual é seu maior ressentimento?
Descobrir que a humanidade não retribui a consideração que tenho por ela.
Que talento desejaria ter?
Poder voar como os pássaros. Ter o dom da escrita.
Qual é seu passatempo favorito ?
Ler e caminhar por lugares desconhecidos.
Se pudesse, o que mudaria em sua família?
Acredito que os defeitos fazem parte das pessoas tanto quanto as qualidades.
Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?
Viver da miséria ou ignorância alheias.
Onde desejaria viver?
Numa casa de campo na beira do mar.
Qual a virtude mais exagerada socialmente ?
A humildade.
Qual é qualidade que mais admira num ser humano?
A lealdade. Por pessoas, idéias ou ideais .
Quando e onde você foi mais feliz?
No Rio, em Salvador, em Ilhabela e em Macaé. Enfim, em qualquer cidade de praia.
Reli o questionário com o Flávio Prada e fiquei me perguntando se teria respondido também. Sou muito esquecido. Aliás, esqueci o que queria comentar. 🙂
Apesar dos 1,72, você continua grande.
Abração