Meu querido Leonard.
Tenho a certeza de que estou enlouquecendo novamente: sinto que não posso suportar outro desses terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Comecei a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor.
Deste-me a maior felicidade possível. Foste em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia querer. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou a destruir a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser.
Não consigo ler.
O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Foste inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom.
Quero dizer isso — toda a gente sabe. Se alguém pudesse ter-me salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos.
V.
Fodona até na despedida. Bonita a sua tradução. A segunda pessoa caiu bem. Abração
Será que ela teria sido tão genial sem a doença? É o que me pergunto.
A morte de Virginia Woolf só ocorrerá, para mim, depois de minha própria morte. Enquanto viver eu carrego Virginia comigo: é fonte de inspiração, melancolia, humor, olhar de viés para um mundo torto – sempre dialogando com o fantasma que cativo e cultivo em mim.
Não entendo porque julgar suicidas. seria como julgar os não suicidas, e condená-los porque eles não se mataram.
O suicídio é uma decisão tão pessoal quanto mandar queimar todos seus escritos por desconfiança de que a posteridade será madrasta (Kafka) ou não queimar os manuscritos alheios por confiar na posteridade maternal do mundo sobre o outro e sobre si mesmo (Brod).
No Final, não há Juízo; no presente, as dores são só nossas; para sempre, partilhamos nossas vidas com o mundo, e aqui está a imensa coragem de Virginia, contrária, inclusive, aos espíritos burgueses de sua época (que sua obra, se não demole, ao menos racha), e ainda àqueles que, hoje, são mais burgueses do que se dão conta.
Não tenho interesse no suicídio de Virginia; ela não era bela, logo não estimulava e nem estimula fantasias sexuais; tô me lixando para suas origens e destinos à parte do interesse que isso pode suscitar a partir dos livros que ela escreveu – este é o ponto: gosto da Virginia escritora, e fim.
Não me interesso por suicídios particularmente: uns se matam, outros não, é do entendimento de cada um, não considero belo nem feio, é uma escolha pessoal, não é uma covardia ou expressão de coragem, depende de muitos fatores, e todos eles na cuca de quem resolveu, com êxito ou não, se matar.
Mas, é claro, às vezes condeno alguém por NÃO ter se matado. Tem muita gente nesse rol.
Num acho nada disso não; para mim ela tentou ser delicada e não deixar pra cima dele nenhuma responsabilidade por um ato pessoal; ela agradece pelos bons anos que passaram juntos e por tudo que ele fez por ela porque assim foi e assim ele deve ter feito. Quanto a ele, divulgou a carta para que todos soubessem que ele de fato não era responsável pelo ato da esposa, o que mitigou suas dores que já eram imensas para sofrer ainda o acréscimo de culpabilizações por outrens. Enfim, um casal dedicado um ao outro e que, já possuindo problemas demais, fez o que pode para tirar mais um saco de cimento das costas.
Mas está na Bíblia: “Não julgues para não seres julgado!”
No mais, nada é sacrado, nem o esperma, nem Monty Phyton, nem Virginia Woolf. Margareth Who?
Sem me esquecer já tendo esquecido, há dezenas de escritoras vivas ou mortas sem essa relação de dependência com maridões, algumas inclusive lésbicas, outras que mandavam nos maridos e muitas que tiveram vários maridos e amantes. Regras gerais são só regras gerais, sempre inconvincentes.
Bah, Charles, vai me desculpar, mas que festival de arrogância!
charlles, q era uma brincadeira eu acreditava lá nos primeiros comentários, até chegar à Leila e eu pensar q com a moça tu não brincaria ehehe
da Tori Amos não conheço mto mais do q aquele belo tributo ao led
e marcos nunes é melhor q tu sendo marcos nunes [rá]
Arbo, a Nicole caracterizada como Virginia (logo feia) ficou muito mais bonita que a original; esta foto, de perfil, esconde mil defeitos do rosto; não falemos do corpo.
numa primeira ouvida, gostei mais de Silent All these Years e Mother. mas um disco pra se ouvir mais vezes, com certeza, gracias.