Mais do que um simples adágio, o Adagietto está incrustrado na complicada e notável 5ª. Claudio Abbado vai bem mais rápido que o habitual. 8min52 contra os 10min35 de Haitink — que obedece rigorosamente o Sehr langsam do compositor — , mas bem mais lento que o ejaculatio praecox de Karajan, com seus parcos 7min54. A orquestra é a do Festival de Lucerna, a gravação de 2004 e Abbado insere-se dentre aqueles regentes modernos que melhor interpretam a obra do compositor austríaco ao lado de Bernard Haitink (o campeão) e Leonard Bernstein.
Aos cinéfilos: se acharem que são íntimos do Adagietto, lembrem-se de A Morte em Veneza de Luchino Visconti / Thomas Mann. É ela mesmo. É a música de Aschenbach e Tadzio.
http://www.youtube.com/watch?v=HfXoADUoYy4
Fantástico, Milton, fantástico.
Não dá mais para ouvir o Adagietto; de cara surge o Dirk Bogarde com sua viadagem enrustida e imersa em estetizações tão sublimes quanto impossíveis.
Mas que o troço (o Adagietto) é bonito, é.
Richard Strauss gostou da sinfonia, mas menos do Adagietto, que considerou, no entanto, escolha certa do ouvinte não músico, pelo seu sentimentalismo e melancolia singela. Tinha certeza de que a sinfonia seria querida pelo público por ele (o Adagietto) enquanto ele gostava mais dos outros movimentos.
Enrustida? Pô !!!
O Adagietto é insuportavelmente belo, pouco resta a dizer. Gostei do vídeo, original na abordagem do rosto dos instrumentistas, suave no zooming, enquadramentos interessantes.
O comentário acima, de marcos nunes, no mínimo esquece que o Adagietto ficou “esquecido” durante a maior parte da sua existência. Foi Visconti que o redescobriu e injetou-o diretamente na veia da tradição audiovisual do Ocidente, a ponto de música e filme formarem uma unidade. (Ainda bem que eu consigo ouvir o adagietto sem pensar nas “viadagens” de Aschenbach!). Consulte-se, por exemplo, “Uma nova história da música” de Carpeaux, que é anterior ao filme, onde ele se detém sobre inúmeras composições, ou pelo menos menciona as principais de cada autor. Há um capítulo a Mahler, mas não há qualquer referência ao Adagietto.
Ufa, tem mais gente que gosta do Adagietto e não se agrada do filme do Visconti. Não lembro se foi o LF Veríssimo ou o Almir Feijó (em “Descríticas”) que escreveu dizendo que Morte em Veneza é um filme tão pretensioso quanto kitsch.