No último sábado, fui assistir ao show de lançamento do CD Música pra ouvir sentado, de Arthur de Faria e Seu Conjunto lá no simpático e adequadíssimo Teatro de Arena. Arthur é um sopro de boas ideias num mundo povoado pela mesmice onde quase todos desejam ser mais e mais iguais àquilo que vende. Consciente de que não vai vender mesmo, segue impávido em faixa própria. Não que sua trajetória ignore o que vai no mundo — até muito pelo contrário, pois Arthur costuma povoar sua obra de referências — , o que ele ignora é o que vai na moda. Ele e o Seu Conjunto tocam milongas, habaneras, tangos, blues, chamanés, modinhas, etc., sempre com referenciais autênticos, quero dizer, de raiz.
Então, entramos eu e meus amigos e tudo começou às mil maravilhas com uma baita interpretação de Fables of Faubus de Charlie Mingus. Quando entraram as músicas de Arthur a qualidade musical foi mantida, o que não é pouca coisa. Como minha mulher tinha entrado com uma garrafa de vinho no bolso do casacão, passamos a nos divertir a valer com um show de alto nível. Era uma sucessão de boas músicas e arranjos quando algumas coisinhas lá depois da oitava música começaram a me incomodar. A primeiro problema é que os arranjos costumeiramente levavam a momentos bizarros de confusão. Não, não chega a ser de confusão, mas são momentos de impasse, como se a coisa não pudesse arredondar. É algo como está colocado carinhosa e jocosamente AQUI1 e AQUI2 relativamente à Beethoven.
Tudo bem, não sou conservador e minhas caixas de som suportam com tranquilidade dias e dias de dissonâncias e estranhezas, mas o esquema heterogêneo de cada música, com suas variações de ritmo, levava de alguma forma àqueles impasses… Tá bom, isso a gente tira de letra. Mas e a invariabilidade timbrística?
Penso que aqui a coisa fique um pouco mais grave. O septeto inteiro participa de todos os temas. Sempre há, de uma forma ou de outra, a participação de todos. É claro que eles tocam em grupos, mas nos clímax sempre tocam todos. Então, por exemplo, há um fagote tocando blues. Mesmo que este seja pilotado pelo esplêndido Adolfo Almeida Jr., é pedir demais que o fagote seja eliminado do blues? Não dá, fica um blues feio, o sofrimento e seriedade implícitos do blues ganha um tom circense. Não é crime deixar um músico parado no palco, certo? Já na Valsa para Karina, escrita pelo mesmo Marcão Acosta, o fagote é fundamental, assim como em Solostrágicos, onde o Adolfo dá uma aula.
Quando cheguei em casa, fui ouvir o CD que comprara no final do show e a impressão repetiu-se. Após a faixa 10, uma ultraincorreta releitura de Prenda Minha, começo a cansar do timbre.
Ô, Arthur. Deixa os caras descansarem um pouco, tira alguns do palco de vez em quando! Varia o timbre!
Sim, eu sei que gastei mais espaço para criticar do que para elogiar um excelente show, é que o compadrio enche o mundo de baba e estou de saco cheio disso.
Além disso, ouvir Octávio Dutra, grande compositor porto-alegrende dos anos 10 e 20 do século passado, após anos de injusta geladeira e ignorância, é manter contato com a arqueologia de uma cidade que esquece de si mesmo. Onde mais?
Saímos felicíssimos do concerto. E não foi pela bebida, é que tinha sido ótimo mesmo. É muito bom ver gente que mora à distância de um grito, tocando boa música bem e com tesão. E quase que este que vos fala não coube em si de satisfação quando soube que o excelente saxofonista Sérgio Karam é um de seus sete leitores. Então talvez haja oito ou nove entre nós. Espero que ele não largue este blog após minhas restrições de fã.
Ótimo espetáculo!
Pra ouvir sentado, deitado, batendo o pezinho, enfim…, como quiser.
Como eu sou muito fã não conseguiria fazer uma crítica como o Milton porque me divirto demais. Mas, ele pode ter razão, alguns contrastes, algumas variações mais marcadas poderiam valorizar mais os músicos que são incríveis.
Grande fã e amigo desta troupe, da qual até participei um par de vezes, fico imensamente feliz quando amigos como Claudia, Milton e esses músicos se encontram.
Gostei e concordei no geral. Só discordei no quesito fagote-blues. O que eu mais gosto no fagote é a angústia e a tensão!
Gostei e concordei no geral. Só discordei no quesito fagote-blues. O que eu mais gosto no fagote é a angústia e a tensão!
Gostei do clip-entrevista, com a declaração contrária a fazer uma “música aborrecida”; mas acho que eles deviam tocar em bar, não em teatro. A música que fazem, apesar do título do trabalho, combina bem com a balbúrdia festeira das casas noturnas – daí porque tem tanto a ver levar a garrafa de vinho escondida, embora ela não devesse estar lá, escondida, mas à venda e servida para quem bem quisesse.
Ah, sem esquecer, meu enorme esforço de autopromoção: dois textos meus em…
http://impedimento.org/2011/07/12/no-meio-do-caminho-tinha-um-comeco/#more-19034
e
http://asvariacoesliterarias.wordpress.com/2011/07/11/variacao-5/#more-133
Poxa, Marcos, gostei muito do teu blog. Só acho que ele devia ser publicado em folhetos distribuídos na rua, não na internet. Afinal, hoje em dia, né, pra que perder tempo prestando atenção em uma única coisa, se a gente pode ficar falando com os amigos, tuitando e ainda ouvindo uma musiquinha de fundo pra dizer depois que gostou, arrã, acho que sim. Valha-me Deus… Eu me fodendo escrevendo uma fuga a quatro vozes e a gente ensaiando dois anos e meio um tema pra ler uma dessas??!??! Que o melhor é a gente ser música de fundo!???!?
Você me desculpe, mas, para este ouvinte, você está completamente errado. Sei que músicos são pessoas sensíveis, que labutam sobre as pautas, criando uma estética que se quer sublime, e coisa e tal, mas o ouvinte, meu caro, o ouvinte tem para todo gênero: tem aquele que ouve música como se estivesse de joelhos numa igreja (talvez você prefira este); tem outro que quer dançar; tem outro que está em casa, bebe um vinho, põe pra tocar seus discos, vai à cozinha, pega umas coisas pra comer, conversa com sua mulher, ouve a música e de vez em quando ressalta umas passagens, etc. (este sou eu e muitos outros), tem aqueles que acham que música é politicamente suspeita (Mr. Settembrini) e por aí vai. Imagine se eu escrevo um livro e coloco um prólogo com prescrições precisas para que o leitor só o leia em determinadas condições, por exemplo, este livro só poderá ser lido com Bach ao fundo e copo de vinho na mão… isso vale? Gostei de sua música, mas gosto de ouvir muitas vezes em um ambiente mais barulhento de bar; músicos como Bach e Haydn, por exemplo, eram agraciados sempre por platéias silenciosas, diante da revelação de seus gênios? Obviamente que não. Isso vulgariza a música, exposta à vulgaridade do público não educado? É isso que você acha? Que está “naturalmente” acima do mero ouvinte, que deve se postar diante de sua música como diante da última revelação de um renascido Jesus Cristo? Deixa de frescura, ô meu, você é músico, não tem como dizer ao ouvinte, e são bilhões pelo mundo afora, como ele deve ouvir sua música, de acordo com sua percepção de seu próprio trabalho. Deixe de purismo; seja puro para compor, mas para executar sua música em público não banque o João Gilberto, seja humilde e lembre-se de Bach, um músico melhor que 99,9% dos mortos ou vivos, e que sabia que sua música, muitas vezes, só servia para se misturar à balbúrdia de um ambiente festivo. Se sua música servir às festas humanas, meu caro, regozije-se, e não fique em sua posição de artista torturado que o Romantismo já passou, o mundo é vário e você é apenas mais um, como eu, o ouvinte, como bilhões de ouvintes pelo mundo afora, e uns tantos músicos que sabem que entre uma fuga e outra, existem milhões de caminhos, e ninguém tem prerrogativa para dizer qual seguir, só sugerir, como eu, que você, excelso músico, devia reunir seus pares e tocar em bares, com os ouvintes em suas mesas, se divertindo com a música mas também com a bebida, a comida, a paquera, as conversas. E pra mim tá muito bom; para você não? Ora…
Puta pariuuu… Fogos de Vaidade. UHUHUHU!!!
Este lugarzinho andava sem graça desde o início de maio….
Pra aquecer o debate, incrementarei minha produção musical e vou parodiar as ideias de ambos… “Música para ouvir de joelhos”
Caro Pedro,
Não acho que é questão de vaidade, mas de especificidade. Quem é músico, principalmente quando alimenta pudores eruditos, prefere, é claro, uma assistência mais, digamos, religiosa. Quem é ouvinte muitas vezes não. É claro que o músico odeia esse tipo de ouvinte, mas o ouvinte não odeia o tipo “erudito” de músico, só tem a vontade, às vezes, de dizer a um músico assim que ele escolheu a carreira errada, e deve entrar, o mais rapidamente possível, para um seminário.
A lição, portanto, continua a mesma:
Nada é sagrado.
Inclusive os caras com instrumentos às mãos.
Ok, tudo bem Marcos. Aprecio muito a forma como escreves.
Dentro das minhas parcas luzes, procuro entender e compreender as opiniões.
Em priscas eras, nos bailões que eu animava com meu “timbre” de Geddy Lee, lá no mais íntimo, torcia para que em meio aos brindes, danças (eventualmente sopapos dos dançarinos) do salão, alguém prestasse atenção ao meu esforço pra berrar afinado pelo menos.
Só estranho sair de casa pra ir num show do Arthur, sabedor do conceito da música que ele produz pra bater papo.
Melhor ficar em casa, diante da sacrossanta biblioteca – de preferência com um bom vinho.
Abraço
Milton, não te preocupa, não vou deixar de ler o blog por causa desse teu comentário. Aliás, concordo com a necessidade de maior variação timbrística, nem que seja na base de deixar alguém descansar de vez em quando. Todo mundo ao mesmo tempo o tempo todo, realmente, pode deixar a coisa meio carregada, às vezes.
Quanto à sugestão do Marcos Nunes de que a gente devia tocar em bar, tudo o que eu tenho a dizer é que a gente já fez isso e, meu chapa, quase sempre é um pé no saco. Aposto que o Nunes nunca fez isso na vida, fez? Vai lá pra ver o que é bom pra tosse. Não vejo nada de mal em querer que as pessoas prestem um mínimo de atenção na música que a gente está tocando. Se eu quisesse tocar música de fundo eu montava um grupo de pagode e ia tocar em churrascaria. Abraços pra todos.
Pois é (meus exemplos são eruditos porque me sinto mais à vontade neste área), Mahler, por exemplo, escrevia suas orquestrações dividindo a orquestra em pequenos grupos. Dá outro colorido.
Não, não, bar não dá. Será uma luta entre Os que querem ser ouvidos – E TÊM QUE — X Os que querem falar. O Nunes não deve ter notado a complexidade da música. Inviável.
Abraço, Karam.
Muito engraçado tudo isso!
Quanta bobagem!
Se Bach vivesse hoje nunca precisaria tocar em um bar.
Certamente estaria ocupando alguma posição das mais rentáveis como músico.
E se nós vivêssemos no tempo de Bach, certamente alguns já estaríam condenados a serem mortos em duelos de honra.
Lembrem… gentileza gera gentileza.
Só o homem pós moderno pode pensar que Bach, Haydn e Arthur de Faria & Seu Conjunto devam ser ouvidos enquanto conversa em um bar.
Bem vindos ao futuro.
“Devam” não, “possam”.
Talvez Bach tenha renascido como músico pink, e usado seus três acordes para descer o sarrafo nos músicos de jazz.
Quem é músico, não tem jeito, não quer entender; quem é ouvinte dado a sacralizações, também não; o homem é profundamente patético, de tudo ele deveria dar risada, mas não: fica putinho porque “não lhe dão o devido valor” – ê bobagem!
Rídiculo
Bah Milton, as vezes acho que tu devias moderar certas deselegâncias gratuitas.
Deselegâncias gratuitas… interessante, depois de chamar um comentário de ridículo, quer partir simplesmente para a censura. Ok, é um espaço meu, é meu direito, é meu, meu e meu… bah.
Achei seu posicionamento gratuitamente agressivo, coisa de quem está à fim de aparecer. Não vi nada de construtivo ou interessante, portanto o meu “ridículo” refere-se ao conjunto dos seus comentários sobre o tema, não a um singular comentário. A mim, sinceramente, parece inveja do talento alheio, só isso. Ficar acusando os músicos de se achar “acima” dos demais, de serem “frescos”, etc., não lhe soa deselegante??? A mim sim. Se fosse meu o blog eu lhe apagaria, só isso.
A bem da verdade,
Apesar das barbaridades que eventualmente redijo, nunca tive um post censurado aqui…
“Quem é músico, não tem jeito, não quer entender”. Quanta arrogância neste comentário! Cada vez que eu leio uma coisa destas, aí mesmo é que eu me convenço de que o homem, de fato, é profundamente patético. No caso, o senhor Marcos Nunes.
Idem, Karam.
Vou depositar aqui os meus dois cents de contribuição. Compreendi o que o Marcos quis dizer. Talvez ele seja um ouvinte mais parecido comigo (“parecido”, pois todos sabemos que o Marcos é sui generis radical e ao extremo). O conceito de “música de bar”_ o meu conceito_ nada tem a ver com pagodes e churrascarias. Eu frequentava muito o bar pinguin de Goiânia, uma delícia de locar com preços exorbitantes, mas que tinha a compensatória vantagem de tocar a melhor música da cidade, ao ar livre. Como a música para mim é essencial, eu vagava da conversa em torno e sempre parava na música, seja ao vivo ou gravada. Lembro que vi uma apresentação do Aquarela Carioca lá que me deixou deslumbrado durante meses. Mas também vejo o trauma da experiência do barzinho para um músico, principalmente os que enfrentam aquelas encarnações menos lúdicas desses ambientes. Lembrei-me de um ensaio extraordinário feito, se não me engano, por um jornalista do NYT, que retrata as tentativas de Joshua Bell em chamar a atenção dos frequentadores do metrô de Nova York. De uma multidão de milhares de pessoas, apenas umas três ou quatro se prontificaram a parar para ouvir o Bell. E só uma mulher o reconheceu. (Está em uma das edições antigas da Piauí, no site da revista.)
Ah, mas a coisa que mais gostei foram as críticas contra o Marcos. Sempre bom ver esse direito alimentado.
Puxa vida!
Tinha entendido o comentário do Marcos como um elogio, no sentido de que, apesar da complexidade da musica do Arthur, ela soava acessível e popular, divertida, bem humorada, as vezes convida a dançar…e bem podia ser esse tipo de musica a rodar nos bares, ao invés do corrente. Ele não levou em consideração a chatice que é para o musico tentar se comunicar com um publico dividido. Mas a intenção era boa.
Não esqueço uma lição que aprendi com o Adolfo, numa apresentação do grupo de madeiras, numa Feira do Livro: Logo depois de uma apresentação de musica popular, onde as pessoas estavam cantando, dançando e se divertindo, o apresentador pediu muito silencio, respeito e concentração, porque agora viria uma musica muito séria (…) e o Adolfo pegou o microfone e disse que não era nada disso! Que era música como as outras, e que as pessoas ficassem à vontade e curtissem a música numa boa.
Foi nesse sentido que eu entendi o comentário do Marcos. Mas até explicar que focinho de porco não é tomada, o bicho já levou muito choque!
O show tava mesmo muito legal! Acho legal a dica do Milton, da variação de formações.
Não só parar de tocar, mas também sair do palco. Movimentar a cena. Um respiro pros ouvidos e pros olhos.
abraços
Ps: Claudia! Levar vinho escondido no show, até tudo bem. Mas não oferecer pros convivas… francamente!
Marcelo:
Sair do palco já tá ficando bem problemático, lembra que nós estamos ficando velhinhos!
Quanto às boas intenções, o inferno está cheio delas.
Abração.
Marcelo, eu não levei escondido, não. Levei no bolso da frente, bem descarado. Assim como bons pratos se degustam com bons vinhos eu achei que a música merecia uma harmonização do espiríto da ouvinte, rsrsrsrs. Outra, eu só tinha um copo (será que foi um ato falho involuntariamente egoísta … ???) vocês é que tinham que sentar pertinho!!!
Contra o purismo reinante:
“Certa vez, numa sala onde eu estava dando uma palestra, Alain Badiou encontrava-se na plateia e seu celular (que para piorar era meu_ eu havia emprestado a ele) começou a tocar de repente. Em vez de desligá-lo, ele educadamente interrompeu me interrompeu e pediu que falasse mais baixo para ele poder ouvir o interlocutor com mais clareza…Se esse não foi um ato de amizade verdadeira, então não sei o que é amizade. Portanto, este livro é dedicado a Alain Badiou.” (Slavoj Zizek, na dedicatória de Em Defesa das Causas Perdidas).
Um dos últimos cds que comprei foi o maravilhoso Coltrane Live at the Half Note, One Down, One Up, que contém uma das antológicas perfomances de Coltrane com 27:40 minutos. Execução feita de madrugada, para uma platéia em polvorosa e completamente bêbada.
Mais Coltrane e menos João Gilberto, por favor.
Nada de purismo, my friend.
Sim, o Coltrane é maravilhoso.
Sim, ele atropelava qualquer platéia com o poder daquela música.
Não, ele não se importava de tocar em bares, mas…
Sim, ele sem dúvida preferiria ter tocado em salas de concerto.
Pra você ver como é a vida.
Bom fim de semana para todos.
Sérgio, Coltrane TOCOU em várias salas de concerto. Mas sabe-se que ele gostava muito de tocar em bares. A galera do minimalismo_ Reich e companhia_ saía dos ambientes de estudo e iam se deliciar com a música ao vivo dele (veja em O Resto É Ruído). Esse quase ataque a uma opinião que pretendia ser simpática gerou o que os não apreciadores dizem de Coltrane: muito barulho por nada.
Bom final de semana.
Confesso que não estava acompanhando.
O que eu gostaria é de entender melhor o que se está discutindo. Se a questão é ainda a de tocar ou não em bares posso dizer que não há como. E entendo menos ainda quando o Charlles e o Marcos insistem em dizer que é arrogância não tocar em bares ou de que Coltrane (o que tem a ver o cu com as calças?) aceitava.
Não, Arthur e Seu Conjunto não devem tocar em bares pelo simples motivo de que fazem algo de complexidade superior e que muitas vezes depende menos do improviso do que de atenção, sincronia e de ouvir o parceiro. E é incrível que a discussão esteja sendo travada por quem NÃO FOI AO SHOW. Puro amor pela polêmica, destituídos de razão.
Nisto não digo que eles sejam superiores ou inferiores, melhores ou piores do que quem quer que seja. Não tenho dúvidas de que Coltrane > Arthur de Faria. Mas peçam para, por exemplo, o Steve Reich tocar num bar! OK, exagerei, mas é que há coisas que não dá para fazer.
Acho esta briga ociosa e os músicos estão tão tranquilos pelo simples fato de estarem cobertos de razão.
Milton, cê me desculpa cara, mas não é nada disso não. A essência dos blogs já é a tergiversação, como vimos várias vezes aqui_ e a polêmica furada. Só que quem impôs a polêmica foram os que responderam ao comentário do Marcos, no qual ele só fez o que sempre faz aqui desde que frequento o seu blog: ser o Marcos. O Marcos já mereceu ser rechaçado em outras ocasiões, mas nessa o que o cara fez foi só ser simpático, à moda do Marcos. E não vejo porque essa luva de pelica desses músicos em ver “tocar num bar” como se tivessem sido mandados para a “casa da mãe joana”. Fui numa apresentação de ninguém menos que os Doors, há 3 anos, num barzinho em Goiânia, e foi sensacional (mesmo sem o Morrison, claro!). Agora se quiser censurar esse comentário aqui por ele ser “ridículo”, ser “invejoso pelo talento alheio”, fique à vontade.
Ah…Reich se apresentou num lugar pior: no saguão de aeroporto. Acho que a vida dura dos minimalistas nos EUA, no início do movimento, condicionou-os a uma visão mais desabnegada de esteriópticos elitistas.
Cara, eu tô careca de saber que o Coltrane também tocou em salas de concerto, e não precisei ler o livro do Alex Ross pra ficar sabendo disso, e muito menos preciso da mediação intelectualóide dos minimalistas pra valorizar o que o Trane fez.
Show dos Doors (???) num barzinho em Goiânia? Você deve estar brincando…
Che, dejemos hablar el viento…
Sérgio, confira aqui o Doors, eu estava lá:
Tá bom, cara! Vocês merecem a melhor casa de espetáculos do mundo.
Abraços sinceros.
Sem saco de ler toda a tripa de comentários acima, passo por aqui, alertado por amigos, para registrar que, seja como músico ou como ouvinte, abomino a presença simultânea de música e conversa a competir pela atenção em qualquer ambiente, caso em que ou uma ou outra estará sempre fadada a ser percebida como ruído indesejável.
Em tempo: não há como comparar um bar a um clube de jazz (cujas audiências, aliás, também não estão isentas de protagonizar indiferença vergonhosa, como atestam os míticos takes de Evans com LaFaro no Vanguard em 61, ou mesmo em seu quase “testamental” Last European Concert).