A rua, a casa, o casal,
tudo acorda,
até o Sol acorda depois
do entregador de jornal.
Mas
o que, de bicicleta,
o entregador entrega?
Notícias?
Certamente, não
(tudo já foi mastigado).
Análises?
Claramente, não
(tudo já foi deturpado).
Educação?
Obviamente, que não!
Afinal
o que, de bicicleta,
o entregador carrega?
Não é um hábito, mas um vício!
Então é preciso voltar ao início
e, com alívio,
jogar uma pá de cal…
A rua, a casa, o casal,
tudo acorda,
até o Sol acorda sem
o entregador de jornal.
Gostei muito da entrevista, mas faço sérias ressalvas. Primeiro, vou nos pontos que concordo com o Fernando: a literatura atual brasileira é um lixo. Fiz uma crítica ameníssima em meu blog ao Daniel Galera, e apareceu comentaristas fulos da vida dizendo quem eu era pra falar aquelas sandícies sobre um autor tão profundo e magnânimo. Fernando acerta precisamente onde eu aponto os defeitos e impropriedade da produção ficcional contemporânea brasileira: os autores estão afundados numa estúpida estética “pop-rock” (essa é a palavra, creio ter usado uma variação muito próxima em minha meia-resenha), uma literatura que o mercado escolheu como alvo o universo adolescente, e os autores com menos de 40 anos (para qualquer padrão de qualidade internacional já seriam escritores maduros, mas para o Brasil, autores “jovens”) se adaptam a produzir para esse nicho. Daí Galera, Terron, Xerxenesky e vizinhanças. Isso não é literatura, mas revistas de tendências editoriadas no formato de livros, sempre com o mínimo de páginas possível e uma capa descolada para não assustar. Livros feitos para pessoas que não gostam de ler. O que o Fernando bem aponta: antes de se ser um escritor, deve-se ser um leitor profissional.
Acho as mesmas coisas sobre o Bernardo de Carvalho, pra mim o melhor escritor nacional dessa “nova geração”, vamos dizer assim. Gostava muito do Noll, como já tive oportunidade de dizer aqui antes, mas, novamente, divido a mesm impressão dita pelo Fernando: ele se tornou idiossincrático demais, repetitivo. Há muito que torço para que desponte de um vez com sua grande obra, coisa que está demorando.
Suassuna dizer que José de Alencar é mais importante que Joyce. Que dizer disso? A social-democracia do gosto? Não só comete a estupidez de se mostrar o quanto é limitado nas leituras, como retira o Alencar de sua posição confortavelmente mediana no cânone das letras atuais e o afunda no relativismo fatal diante um dos maiores criadores dos últimos cem anos.
Minhas discordâncias: não vejo a literatura atual em crise, sem bons escritores. Há muitos bons autores vivos ou recém falecidos que fazem a escrita mundial sensacional. Poderia citar muitos aqui, vinte nomes vamos dizer, mas para não ficar chato, cito um grupo específico, a tríade de romancistas de lingua espanhola que despontou nessa última década: Javier Marías, Enrique Vila-Matas e Roberto Bolaño (esse último, o entrevistado se esquivou de comentar). A literatura está em alta, o que vemos pela repercussão na internet.
Segundo: por mais que eu próprio tenha desprezado Liberdade, Franzen está longe de ser um autor medíocre. Penso que as próximas produções dele tem muita chance de progredirem para o rumo certo. As Correções está entre os melhores dez livros dos últimos 20 anos. E quando Fernando diz que “aquele choro todo só pelo choro” nas páginas de Franzen, demonstra que talvez ele não tenha lido bem o americano, o fze de mal a mal apenas as piores partes de Liberdade. Quase não há drama algum nos livros de Franzen, mesmo em As Correções. As partes trágicas se suportam em bases picarescas ou propositadamente cheias da amenidade da classe media norte-americana para passarem essa sensação chorosa que Fernando alude. E choro em Liberdade só ocorre, em um romance de 600 páginas, em três páginas no desenlace da trama.
Por final: ele desmerece Nélida Piñon ao não citar seu nome, assim como outros, que são mais substanciais do que os nomes citados.
Mas essas são só observações pessoais. Achei ótima a entrevista e vou atrás dos livros do entrevistado.
P.S.: é chato achar alguém com que eu concorde tanto: penso o mesmo dos filmes do Woody Allen. Acabo de assistir Interiores e dá para ver com nitidez o que o Fernando fala: Allen repete todos os cacoetes de Bergman, os silêncios, os closes estranhos, a imagem do mar em luz cinzenta (muitas referências a Persona), ainda que um ponto para Allen é que ele demonstra ser um excepcional aluno. Não levo o Allen a sério, nunca o levei, assim como ele mesmo não se leva a sério (como bem disse o Nunes, sua auto-depreciação não é falsa modéstia), e o acho um bom diretor mediano. Gosto das comédias e acho interessante a sua versão para Crime e Castigo.( Philip Roth foi menos cortês ao afirmar que Allen é um completo idiota.) Mas o cerne da questão é o mimetismo a que Fernando se refere, de se pegar grandes ideias e grandes obras e as repaginar para o público medíocre, como faz Luft. A escrita brasileira se tornou celeiro da estética da Rede Globo: amenidades para as classes abastadas.
Ficou bom isto, retirado canalhamente do contexto:
É o artista expondo a si próprio como espetáculo. O Carpinejar fez sua escolha. Não li seus livros mais recentes, mas era um bom poeta.
Sul21 – Hoje não mais, mas você escreveu romances.
Entrevista muito boa. Irei atrás dos livros do entrevistado também.
Não leio muita literatura para comentar a fundo. Dos livros citados, só li o do Galera (aquele dos cavalos) e o McEwan (Reparação). O primeiro não desce, o segundo é dos bons, embora alguma coisa me incomode nele e eu ainda não consigo dizer o que. Escritor brasileiro atual que eu gosto muito é o Sérgio Rodrigues. Vocês acham que ele ajuda a salvar a safra? (Estrangeiro, ah: Cees Nooteboom, Murakami e o Pamuk)
Eu gosto do Allen. Ele certamente não é um gênio, não trouxe nada de indispensável ao cinema. Mas ele tem características que o deixa mais perto do espectador, justamente por não ser gênio. Seus filmes muitas vezes falam de como a cultura é recebida (o imaginário do Bogart em Play it Again, Sam, a nostalgia por uma época que não existiu, o patético intelectualismo, etc), não como quem a cria. E isto é único e é o suficiente para dizer que eu admiro o sujeito. Há uma leveza no cinema dele também que é muito agradável para mim. Nunca canso de ver filmes do Allen (os bons, claro). Acho que poderia escrever um tratado sobre Manhattan.
Pode ser que o Allen apele aos meus instintos baixos, mas, é a vida.
(O Allen está em seu pior quando copia Bergman. Sua cópia de Fellini em Stardust Memories é boa.)
1) Sobre o “VOU DIZER UMA COISA SURPREENDENTE A VOCÊS…” etc.: acho contraproducente. A Rússia Soviética se esmerou em propaganda anticatólica e, finada, temos hoje a Rússia Mafiótica repleta de católicos. Ou seja: 70 anos de combate não dizeram grande favor pela “causa”.
2) Vi o livro não recebido na Livraria da Travessa, no Rio; vi meu nome citado e achei desnecessário, mesmo porque meu conto toma emprestado um fato “real”: Nelson Rodrigues em Florianópolis ou porto Alegre em uma tarde de autógrafos sem ninguém. Uma coisa leva a outra e o ponto de partida igual não quer dizer nada e de nada é devedor. Acho até que você deveria tirar meu nome, em havendo segunda edição: primeiro porque ninguém me conhece ou conhecerá, segundo porque, em conhecendo, achará, como eu, um puta exagero.
Ah, sobre a entrevista: achei engraçado ele dizer que a literatura contemporânea não vale nada e citar como bons autores Bernardo de Carvalho, Elvira Vigna, Francisco Dantas, João Gilberto Noll (apesar das reticências) e McEwan, e só não ter citado mais talvez por falta de tempo ou memória (passou direto pelo Bolaño, mas ele já disse antes que Bolaño é incomparavelmente melhor que o tal Franzen, que ele detesta). Coisa ranzinza mesmo.
Concordo com ela: a solenidade de A Árvore da Vida espelha sua mediocridade plena.
Sobre o Suassuna e sua rejeição à modernidade, bem, são só idiossincrasias de velho simpático. Quando ele morrer não terá a satisfação de saber que tanto ele quanto José de Alencar ou Joyce são pouco ou nada lidos.
Se temos uma visão de “mercado” da literatura, inegavelmente Luciana Villas-Boas está correta: romances vendem mais que contos e ambos mais que poesia. Mas quem escreve não deve se preocupar com isso, né?
“Falar mal de Woody Allen gera problemas com grande parte das pessoas, não?”
Marcos Nunes: Sim, mas não só. De Almodóvar também, e este último é tão medíocre e manipulador quanto Allen, ambos se dedicando a diluições de gêneros a eles anteriores, e o espanhol desde que se transformou no pequeno-burguês satisfeito que é hoje, em contrafação à bicha escrachada e divertida que foi antes. Há outros nomes, há lista é grande, tão grande quanto a pretensão dos portadores esses nomes e, pior de seus admiradores.
Literatura e internet
Estive dando um geral na situação por aí e reparei que quase não existem sites com disponibilidade para pessoas que querem postar seus contos, textos, ensaios, poesias. Bem, eu rodei vários sites que “dizem” poder postar textos. Chegando lá, você descobre que não pode postar. Você faz o cadastro e coisa e tal, quando procura onde postar, não existe lugar. Encontram-se N pessoas preocupadas com a literatura. Doutos e suas teses, catedráticos e seus manuscritos. Nada contra, mas a infinidades de sites levantando a bandeira da literatura e muito poucos com o papel de incentivar os novos escritores. Se formos enumerar sites para postar textos, ficaremos desapontados com as opções.
Eu particularmente posto em sites preocupados com esse aspecto da literatura. Onde você tem seu avatar, seu painel de editor, sua área de trabalho. Onde se pode postar, excluir, editar de novo. Isso sim e site de respeito preocupado com a galera que gosta de escrever. Sei que existe uma nova onda de blogs, nada contra. Mas tem gente que não dispõem desse saber tecnológico ou não tem tempo para a manutenção do blog, como eu. Então dependemos de sites que já estejam com tudo em ordem para a gente postar nossos textos. Vai aqui meu muito obrigado para os sites que tem essa disponibilidade e acredita que possa existir algo além da clássica e renomada literatura. Porque os grandes escritores já estão lá na constelação, mas tem os pequenos e anônimos que querem ter um gostinho de postar alguma coisa. Não acabem com isso. Incentivem!
Ass, λάθη βιώσας
Porque ontem foi sábado.
Hoje, domingo…
E amanhã, quem sabe, seja
segunda-feira: então…
CÃO DO MATO
by Ramiro Conceição
Nunca dormiu cedo.
Foi pó pra todo lado.
Roubou de todo jeito
pois era, CÃO DO MATO,
eme jackson da silva:
aos quinze, matou cinco;
aos dezesseis, mais seis;
aos dezessete, foi tatuado
com o aço… de dez balaços;
quando latiu pela última vez.
PS: talvez, o poema acima seja uma transcriação disso:
O PIG É PORCO
by Ramiro Conceição
A rua, a casa, o casal,
tudo acorda,
até o Sol acorda depois
do entregador de jornal.
Mas
o que, de bicicleta,
o entregador entrega?
Notícias?
Certamente, não
(tudo já foi mastigado).
Análises?
Claramente, não
(tudo já foi deturpado).
Educação?
Obviamente, que não!
Afinal
o que, de bicicleta,
o entregador carrega?
Não é um hábito, mas um vício!
Então é preciso voltar ao início
e, com alívio,
jogar uma pá de cal…
A rua, a casa, o casal,
tudo acorda,
até o Sol acorda sem
o entregador de jornal.
Milton, maravilhosa entrevista! Não posso dizer outra coisa além de um muito obrigado.
Gostei muito da entrevista, mas faço sérias ressalvas. Primeiro, vou nos pontos que concordo com o Fernando: a literatura atual brasileira é um lixo. Fiz uma crítica ameníssima em meu blog ao Daniel Galera, e apareceu comentaristas fulos da vida dizendo quem eu era pra falar aquelas sandícies sobre um autor tão profundo e magnânimo. Fernando acerta precisamente onde eu aponto os defeitos e impropriedade da produção ficcional contemporânea brasileira: os autores estão afundados numa estúpida estética “pop-rock” (essa é a palavra, creio ter usado uma variação muito próxima em minha meia-resenha), uma literatura que o mercado escolheu como alvo o universo adolescente, e os autores com menos de 40 anos (para qualquer padrão de qualidade internacional já seriam escritores maduros, mas para o Brasil, autores “jovens”) se adaptam a produzir para esse nicho. Daí Galera, Terron, Xerxenesky e vizinhanças. Isso não é literatura, mas revistas de tendências editoriadas no formato de livros, sempre com o mínimo de páginas possível e uma capa descolada para não assustar. Livros feitos para pessoas que não gostam de ler. O que o Fernando bem aponta: antes de se ser um escritor, deve-se ser um leitor profissional.
Acho as mesmas coisas sobre o Bernardo de Carvalho, pra mim o melhor escritor nacional dessa “nova geração”, vamos dizer assim. Gostava muito do Noll, como já tive oportunidade de dizer aqui antes, mas, novamente, divido a mesm impressão dita pelo Fernando: ele se tornou idiossincrático demais, repetitivo. Há muito que torço para que desponte de um vez com sua grande obra, coisa que está demorando.
Suassuna dizer que José de Alencar é mais importante que Joyce. Que dizer disso? A social-democracia do gosto? Não só comete a estupidez de se mostrar o quanto é limitado nas leituras, como retira o Alencar de sua posição confortavelmente mediana no cânone das letras atuais e o afunda no relativismo fatal diante um dos maiores criadores dos últimos cem anos.
Minhas discordâncias: não vejo a literatura atual em crise, sem bons escritores. Há muitos bons autores vivos ou recém falecidos que fazem a escrita mundial sensacional. Poderia citar muitos aqui, vinte nomes vamos dizer, mas para não ficar chato, cito um grupo específico, a tríade de romancistas de lingua espanhola que despontou nessa última década: Javier Marías, Enrique Vila-Matas e Roberto Bolaño (esse último, o entrevistado se esquivou de comentar). A literatura está em alta, o que vemos pela repercussão na internet.
Segundo: por mais que eu próprio tenha desprezado Liberdade, Franzen está longe de ser um autor medíocre. Penso que as próximas produções dele tem muita chance de progredirem para o rumo certo. As Correções está entre os melhores dez livros dos últimos 20 anos. E quando Fernando diz que “aquele choro todo só pelo choro” nas páginas de Franzen, demonstra que talvez ele não tenha lido bem o americano, o fze de mal a mal apenas as piores partes de Liberdade. Quase não há drama algum nos livros de Franzen, mesmo em As Correções. As partes trágicas se suportam em bases picarescas ou propositadamente cheias da amenidade da classe media norte-americana para passarem essa sensação chorosa que Fernando alude. E choro em Liberdade só ocorre, em um romance de 600 páginas, em três páginas no desenlace da trama.
Por final: ele desmerece Nélida Piñon ao não citar seu nome, assim como outros, que são mais substanciais do que os nomes citados.
Mas essas são só observações pessoais. Achei ótima a entrevista e vou atrás dos livros do entrevistado.
Abraço.
P.S.: é chato achar alguém com que eu concorde tanto: penso o mesmo dos filmes do Woody Allen. Acabo de assistir Interiores e dá para ver com nitidez o que o Fernando fala: Allen repete todos os cacoetes de Bergman, os silêncios, os closes estranhos, a imagem do mar em luz cinzenta (muitas referências a Persona), ainda que um ponto para Allen é que ele demonstra ser um excepcional aluno. Não levo o Allen a sério, nunca o levei, assim como ele mesmo não se leva a sério (como bem disse o Nunes, sua auto-depreciação não é falsa modéstia), e o acho um bom diretor mediano. Gosto das comédias e acho interessante a sua versão para Crime e Castigo.( Philip Roth foi menos cortês ao afirmar que Allen é um completo idiota.) Mas o cerne da questão é o mimetismo a que Fernando se refere, de se pegar grandes ideias e grandes obras e as repaginar para o público medíocre, como faz Luft. A escrita brasileira se tornou celeiro da estética da Rede Globo: amenidades para as classes abastadas.
Ficou bom isto, retirado canalhamente do contexto:
É o artista expondo a si próprio como espetáculo. O Carpinejar fez sua escolha. Não li seus livros mais recentes, mas era um bom poeta.
Sul21 – Hoje não mais, mas você escreveu romances.
Entrevista muito boa. Irei atrás dos livros do entrevistado também.
Não leio muita literatura para comentar a fundo. Dos livros citados, só li o do Galera (aquele dos cavalos) e o McEwan (Reparação). O primeiro não desce, o segundo é dos bons, embora alguma coisa me incomode nele e eu ainda não consigo dizer o que. Escritor brasileiro atual que eu gosto muito é o Sérgio Rodrigues. Vocês acham que ele ajuda a salvar a safra? (Estrangeiro, ah: Cees Nooteboom, Murakami e o Pamuk)
Eu gosto do Allen. Ele certamente não é um gênio, não trouxe nada de indispensável ao cinema. Mas ele tem características que o deixa mais perto do espectador, justamente por não ser gênio. Seus filmes muitas vezes falam de como a cultura é recebida (o imaginário do Bogart em Play it Again, Sam, a nostalgia por uma época que não existiu, o patético intelectualismo, etc), não como quem a cria. E isto é único e é o suficiente para dizer que eu admiro o sujeito. Há uma leveza no cinema dele também que é muito agradável para mim. Nunca canso de ver filmes do Allen (os bons, claro). Acho que poderia escrever um tratado sobre Manhattan.
Pode ser que o Allen apele aos meus instintos baixos, mas, é a vida.
(O Allen está em seu pior quando copia Bergman. Sua cópia de Fellini em Stardust Memories é boa.)
Duas coisas:
1) Sobre o “VOU DIZER UMA COISA SURPREENDENTE A VOCÊS…” etc.: acho contraproducente. A Rússia Soviética se esmerou em propaganda anticatólica e, finada, temos hoje a Rússia Mafiótica repleta de católicos. Ou seja: 70 anos de combate não dizeram grande favor pela “causa”.
2) Vi o livro não recebido na Livraria da Travessa, no Rio; vi meu nome citado e achei desnecessário, mesmo porque meu conto toma emprestado um fato “real”: Nelson Rodrigues em Florianópolis ou porto Alegre em uma tarde de autógrafos sem ninguém. Uma coisa leva a outra e o ponto de partida igual não quer dizer nada e de nada é devedor. Acho até que você deveria tirar meu nome, em havendo segunda edição: primeiro porque ninguém me conhece ou conhecerá, segundo porque, em conhecendo, achará, como eu, um puta exagero.
Ah, sobre a entrevista: achei engraçado ele dizer que a literatura contemporânea não vale nada e citar como bons autores Bernardo de Carvalho, Elvira Vigna, Francisco Dantas, João Gilberto Noll (apesar das reticências) e McEwan, e só não ter citado mais talvez por falta de tempo ou memória (passou direto pelo Bolaño, mas ele já disse antes que Bolaño é incomparavelmente melhor que o tal Franzen, que ele detesta). Coisa ranzinza mesmo.
Concordo com ela: a solenidade de A Árvore da Vida espelha sua mediocridade plena.
Sobre o Suassuna e sua rejeição à modernidade, bem, são só idiossincrasias de velho simpático. Quando ele morrer não terá a satisfação de saber que tanto ele quanto José de Alencar ou Joyce são pouco ou nada lidos.
Se temos uma visão de “mercado” da literatura, inegavelmente Luciana Villas-Boas está correta: romances vendem mais que contos e ambos mais que poesia. Mas quem escreve não deve se preocupar com isso, né?
“Falar mal de Woody Allen gera problemas com grande parte das pessoas, não?”
Marcos Nunes: Sim, mas não só. De Almodóvar também, e este último é tão medíocre e manipulador quanto Allen, ambos se dedicando a diluições de gêneros a eles anteriores, e o espanhol desde que se transformou no pequeno-burguês satisfeito que é hoje, em contrafação à bicha escrachada e divertida que foi antes. Há outros nomes, há lista é grande, tão grande quanto a pretensão dos portadores esses nomes e, pior de seus admiradores.
Marcos, estando amarrado, vc digita muito bem com a língua!
O meu hospício é camarada: tem acesso à internet e posso enviar e-mails teclando com os dedos dos pés, o que, no meu caso, não faz a mínima diferença.
Literatura e internet
Estive dando um geral na situação por aí e reparei que quase não existem sites com disponibilidade para pessoas que querem postar seus contos, textos, ensaios, poesias. Bem, eu rodei vários sites que “dizem” poder postar textos. Chegando lá, você descobre que não pode postar. Você faz o cadastro e coisa e tal, quando procura onde postar, não existe lugar. Encontram-se N pessoas preocupadas com a literatura. Doutos e suas teses, catedráticos e seus manuscritos. Nada contra, mas a infinidades de sites levantando a bandeira da literatura e muito poucos com o papel de incentivar os novos escritores. Se formos enumerar sites para postar textos, ficaremos desapontados com as opções.
Eu particularmente posto em sites preocupados com esse aspecto da literatura. Onde você tem seu avatar, seu painel de editor, sua área de trabalho. Onde se pode postar, excluir, editar de novo. Isso sim e site de respeito preocupado com a galera que gosta de escrever. Sei que existe uma nova onda de blogs, nada contra. Mas tem gente que não dispõem desse saber tecnológico ou não tem tempo para a manutenção do blog, como eu. Então dependemos de sites que já estejam com tudo em ordem para a gente postar nossos textos. Vai aqui meu muito obrigado para os sites que tem essa disponibilidade e acredita que possa existir algo além da clássica e renomada literatura. Porque os grandes escritores já estão lá na constelação, mas tem os pequenos e anônimos que querem ter um gostinho de postar alguma coisa. Não acabem com isso. Incentivem!
Ass, λάθη βιώσας