Ontem, no aeroporto Antonio Carlos Jobim, comprei O Globo, o qual me pareceu a coisa mais parecida com um jornal dentre as ofertas. Além de encontrar um montes de erros, inclusive em manchetes, deparei-me com meu primeiro texto de Merval Pereira, a mais recente aquisição da Academia Brasileira de Letras. O parágrafo inicial é de apenas uma frase. Deixo-vos em companhia dela. Meus sete leitores me deixariam feliz se quisessem deitar suas opiniões nos comentários.
Do momento em que um jovem vendedor ambulante de frutas e verduras se imolou em praça pública no interior da Tunísia, em protesto contra os desmandos das autoridades, até hoje, um ano depois, quando seu gesto continua desencadeando manifestações populares na região que já derrubaram nada menos que três ditadores, e levaram às urnas, pela primeira vez em eleições democráticas, vários países, houve uma “reinvenção da liberdade”, valor central da condição do homem moderno.
HEIN!?
Ué, já estão separando o sujeito do predicado? Vou começar a escrever assim, se ele está na ABL, quem sou eu pra contestá-lo…
Tem ritmo. Ritmo de um ônibus passando por uma rua esburacada no final do expediente.
Descobrimos a função do Merdal na ABL (ganhou a vaga por wo): desempenhar o papel de “abelardo” – veio para confundir e não para explicar. Quem vai querer abacaxi????
“Hein?” foi a primeira coisa que pensei.
Meu deus, nem o Sarney seria capaz de uma coisa dessas.
Exato, Cássio.
Ary, mas o texto é tão claro…
Géééézuis!!!! numa prova de redação de vestibular – o elogio à mediocridade, em se tratando de escrita – esse cabra levava bomba!
” (…)manifestações populares na região que já derrubaram nada menos que três ditadores, e levaram às urnas, (…) –> concordância verbal virou luxo desnecessário?
vamos nos unir na campanha: OS PLURAL NÃO PODE MORREREM!
Sorte e saúde pra todos – menos pro Merval, é óbvio!
Veio para disputar com Sarney o título de Homem Símbolo da ABL.
Milton, vamos analisar o cenário que serviu de fundo para a foto. Jogo dos erros: o que está certo e o que está errado? O que está errado: os livros – nada a ver com o “acadêmico”. O que está certo (e no lugar): o “bonssaizinho da Abril” – passaporte para a academia – . Obs: amanhã é sábado. Sugestão: coloque umas fotinhos da Bárbara Evans, evidenciando a “leitaria”. Abç.
Um escritor ao lado de seu tempo.
74 palavras numa só oração…acho que se eu fizer isso o word me diz que tá errado kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Admiro concisão virtuosa.
Pensamento forte.
Estilo exemplar e muito original.
Em suma, grato pelo recorte, enlevante.
Não consegui chegar ao final, faltou-me ar.
Descobri: o uso de bigode faz mal à escrita!!!
Cara, que tristeza.
Desconfio que os acadêmicos queriam alguém para lhes servir o chá. Só pode ser essa a outra função do “acadêmico”.
É, acho que o seu Merval Pereira precisa se familiarizar com os conceitos de clareza e concisão. Aliás, tendo em conta outros textos que li dele, não faria mal se fizesse algumas aulas de gramática, com especial atenção às regras de sintaxe.
Não, encontrei, nenhum erros.
Nem eu, nem, o corretor, o ortográfico, do Word.
Além, do mais, o uso da crase, está serto.
Fernando, não notaste como é confuso e mal escrito?
A decadência da cultura – o texto é reflexo da estatística.
Um colunista é apenas um comentarista dentro de seu ponto de vista pessoal e atécnico.
Achismo nunca fez de ninguém graduado em Letras, Ciência Política, Economia, ou Direito, nem tampouco, Delegado de Polícia ou Juiz de Direito.
Hoje para ser chamado de jornalista, não é mais necessário, sequer, ser graduado em (pasmem!) Jornalismo, graduação esta, tão brilhante e necessária quanto às anteriormente citadas.
Convenhamos, se o Tiririca não pode (ser daquela Câmara), Merval Pereira também não pode ser da ABL.
“Reinvenção” e “condição do homem moderno” são típicas frases do medalhão machadiano. São alternativas populares a “ressignificação” e “pós-modernidade líquida”.
Milton: o meu comentário foi uma ironia !
E digo o mesmo: “não notaste como é confuso e mal escrito?”
😉
Aparentemente, não encontrei nenhum erro na frase do Merval, que possui a seguinte espinha dorsal:
“Do momento em que…, até hoje, um ano depois,…, houve uma ….”.
O que faltou foi uma certa objetividade que se deseja associada a um texto jornalístico. O que assusta é a primeira leitura, que se dá de forma nebulosa
Por outro lado, eu, que estou a terminar o Ulisses de Joyce e depois de levar tanta porrada do irlandês, considero a frase do Merval uma equação matemática de primeiro grau.
Vai saber… Talvez o Merval quisesse escrever uma integral.
Acho que a ABL, um dia fundada por Machado, perdeu toda a sua credibilidade, há tempos, para pessoas que pensam politicamente, e de maneira retrógrada, sem capacidade de fazer a menor proposta em nome da literatura, e que fazem textos assim compridos, nos quais um período é um parágrafo, dominados por tantas vírgulas, assim como este meu comentário, que, no caso, pelo menos, é assim confeccionado de maneira proposital, manifestando, desta forma, a minha convicção de que a Academia, há tempos, não é referência para mim, e talvez para ninguém, quando se fala em Língua Portuguesa ou em Literatura, e tenho dito.
Em termos de pontuação e acentuacão (análise morfológica), também não ví erro. À exceção do trecho: “…. manifestações populares na região, que já derrubaram …”, A meu ver, faltou essa vírgula aí, vez que é uma oração subordinada adjetiva explicativa (e não restritiva), como quis o “Imortal”. Mas aí pode haver controvérsias, vez que haverá aqueles que quererão a frase na forma “restritiva”. Tudo Bem. O problema maior do texto – e aí concordo com o Milton – é o estilo, a extensão exagerada do período. Já cometí muito esse vício de escrita, bem comum nas pessoas de minha geração. Mas a gente vai sentindo a mudança dos tempos literários e vai tentando melhorar, né. Já Merval, o Imortal, parece que … . Quem sabe a ABL não lhe dá uma forcinha, né não?! Afinal, há Imortais e “Imortais”.
Mais um forjado nas redações de Veja. A construção do texto segue o estilo de Jack Kerouac em On the Road, ainda que sem o mesmo charme.