Participo há anos de algumas listas e grupos (antes, no falecido Orkut, eram comunidades) de torcedores do Internacional. Há listas mais e menos qualificadas, há as mais equilibradas e as decididamente malucas, há as que incluem conselheiros do clube e as só de torcedores. Não leio tudo e já sei de quem eu gosto: gosto daqueles caras que assistem aos treinos. Não é pouca gente, não. E não são apenas aposentados, estudantes ou desocupados: quem vai a treino é o pessoal que trabalha à noite. Dormem em algum horário do dia e têm como diversão ver os treinos de seus times. Desta forma, mesmo sem passar manhãs ou tardes no Beira-Rio, conheço o estilo de trabalho de cada treinador. Para não falar de todos, vamos nos deter em três bons e três ruins.
Sem dúvida, Muricy Ramalho é o melhor que passou pelo Beira-Rio. Trabalha muito, é atento e amigo dos jogadores. Durante os jogos, faz substituições consequentes. Abel vem logo depois, disputando o primeiro posto com Muricy, Também amigo dos jogadores e muito trabalhador, é menos angustiado, mas é muito mais teimoso. Inventa coisas que quer ver funcionar de qualquer jeito, mesmo que a prática demonstre o contrário. E insiste. O principal é que os times destes dois treinadores trabalham tanto que o fundamento do passe e do deslocamento sempre é bem feito. E esqueçam, vocês nunca verão uma equipe treinada por eles chegar perto de uma segunda divisão ou mesmo de um mau campeonato. Os caras são dedicados mesmo. No terceiro posto, viria o uruguaio Jorge Fossati. Este parece trabalhar por objetivos. Em semanas de jogos pouco importantes, é capaz de suspender treinos para contar histórias e transforma as atividades táticas em palhaçadas. Mas é muito bom técnico, o líder tabagista Fossati.
Daí para baixo a coisa piora muito. Roth ofende os jogadores. Descontrola-se com facilidade e é retranqueiro. É treinador para as horas difíceis, quando consegue falar ao amor-próprio dos boleiros. Já Dorival Junior é o preguiçoso da turma. Prefere jogadores disciplinados e treina mesmo é a diretoria, com quem costuma se relacionar muito bem — mas dele falo mais depois. E Falcão é o pior de todos, pois não consegue repassar seu enorme conhecimento ao grupo de trabalho. É o Rei das Entrevistas, mas os boleiros não o compreendem, apesar de Falcão ter sido um deles. Várias vezes li meus correspondentes dizerem: ele pede uma coisa, insiste, os caras fazem outra.
Hoje estamos sob o “comando” de Dorival. O Genetal Dorrival não gosta de indisciplina. Fala publicamente mal de que o contesta, estabelece punições. Porém, na hora do treino, deixa a coisa rolar e fica conversando. O resultado óbvio da falta de trabalho é que o time não tem dinâmica, é inconsistente do ponto de vista tático, deixa espaços ao adversário e, fundamentalmente e faz aquilo que nenhum time do trio Muricy-Abel-Fossati comete: ERRA PASSES E MAIS PASSES. A partida contra o Botafogo deixou tudo claro: o grupo passou uma semana “treinando” com Dorival — na verdade, eram coletivos mal e mal vistos pelo treinador — e, no final de semana sofreu uma derrota indiscutível contra um adversário bem melhor do que os reservas. Estratégias, jogadas ensaiadas? Não, nada, nunca.
Além disso, uma nova característica uniu-se às citadas: seu comportamento sem convicções e pusilânime durante os jogos. No sábado, o Inter vencia por 1 a 0. Era um milagre, porque o Fogão nos massacrava. Então saiu o gol de empate. Contrariando seu estilo dito “ofensivista”, Dorival chamou Elton, uma de suas ovelhas mais disciplinadas e sem sal, para entrar em campo. Como jogador, Elton é um péssimo volante. A ideia era a de fechar o meio-de-campo… Foi vaiado e chamado de burro COM RAZÃO pela torcida. Quando já estava todo baratinado, olhando para todos os lados, ocorreu o fato que o salvou e enterrou de vez o time: o Bota fez o segundo gol e ele desistiu de Elton.
Eu ouvi o jogo pelo rádio, mas como vejo muito o Inter, sabia o que estava acontecendo. Os comentaristas das três emissoras diziam o mesmo. O Botafogo tem cinco no meio-de-campo, está em maioria contra os quatro do Inter. Como solução, Dorival deveria avançar Fabrício e/ou Nei para o meio a fim de tentar equilibrar a briga pela bola. Afinal, lá atrás tínhamos quatro jogadores contra um do Fogão, Herrera.
Ou Dorival não se apercebeu do fato ou os jogadores nunca tinham treinado aquele movimento. Mas o pior da falta de treinos não é nem a impossibilidade de mudar taticamente, é o time não manter a bola consigo, errando passes lamentavelmente. Como disse Andrade — e esse aí entende da coisa — , quem não tem a bola corre o dobro. Está na hora da troca, novamente. Já deu para ver que Dorival não vai funcionar e sua relação com o grupo — vide Fabrício — vai de mal a pior. Sua saída será um alívio para os jogadores e a torcida. Minha sugestão? O caríssimo Dunga ou o barato e bom Paulo Porto.
Milton, perfeito diagnóstico do que acontece no Beira-Rio. Acrescente a tua lista uma diretoria completamente alheia ao que acontece e extremamente lenta para tomar decisões.
Só discordo em relação ao Paulo Porto, por melhor técnico que ele seja, não teria “nome” prá enfrentar um grupo caro como o do Inter.
Talvez o grupo esteja forçando sua saída. A atuação do Fabrício após uma semana em que se especulou a volta do Kléber foi sintomática,
Só para recomendar um link divertido de um site interessante sobre musica, não sobre o Internacional:
http://euterpe.blog.br/historia-da-musica/em-quem-os-compositores-votavam-algumas-notas-sobre-musicos-e-politica
Ah, eu li. Os caras do Euterpe são sensacionais. Aprendo demais com eles.
É uma crítica que eu ouvia a Dorival já nos tempos de Santos: ele não faz treino tático. Define o esquema, combina algumas movimentações e fica por isso. Com Neymar e Ganso jogando demais, isso até pode funcionar; em um Inter de plantel qualificado, mas sem ninguém jogando estupidamente acima dos demais, não tem como dar certo.
Olha só um resgate de uma das listas, Igor:
Eu até agora não vi nada no trabalho do Dorival, os jogos do inter estão sendo em jogadas individuais, não vejo nada de coletivo no time.
Então fui assistir os ultimos dois treinos do inter para ver o que estava sendo trabalhado e que o vejo: NADA.
No treino de sexta a tarde, realizado em meio campo, sendo o grupo separado em dois times de 8 jogadores, distribuidos aleatoriamente, ficando quatro jogadores do lado de fora do campo, com os quais os jogadores de dentro de campo podiam trocar passes. Quando era feito um gol, os quatro de fora entravam no lugar de quatro do time que havia levado o gol.
O treino comandado pelo Ivan Rizzo, auxiliar técnico, ficando o dorival o tempo todo sentando no banco de reservas.
Pensei: esta deixando para trabalhar mais amanhã de manhã.
Bom fui ao treino de hoje de manhã, para minha surpresa, apenas foi realizado um rachão, inclusive com o Agenor jogando na linha.
Treino novamente comandando pelo auxiliar técnico.
Portanto, o nosso time irá dependendo das individualidades, pois o treinador não realiza coletivos para trabalhar taticamente o time.
E o time que vai entrar em campo amanhã, não realizou nenhum treino junto.
Sai de lá pensando: COMO É FÁCIL GANHAR R$ 350mil POR MÊS.
Até onde eu sei, é normal os técnicos fazerem rachão um dia antes do jogo, para descontrair os jogadores.
E você acredita mesmo que o Dorival passou a semana toda fazendo coletivo? Claro que ele treinou a parte tática também. Sugiro que você não vá na onda desse pessoal que diz na internet que assiste aos treinos. Vá você mesmo conferir.
Bah Milton, o pior é que eu concordo. Em geral sou um quadradão, nunca gosto de substituir treinadores, nos últimos dez que passaram pelo Beira-Rio eu achava que as trocas estavam sendo na hora errada. Mas o Dorival não consegue me convenrser mais. Parece o Roth naqueles momentos que vencesse ou perdesse jamais sabia por que aquilo acontecia, dava explicações esdruxulas. O Dorival eu não tenho paciencia de ouvir as entrevistas, sempre fala a mesma coisa…. E concordo plenamente com a tua leitura.
Milton: parece que todos concordamos: deu pro Dorival. Eu não vou a treino, mas vejo o Inter jogar desde os tempos do Rolo Compressor, hoje quase que só pela tv, mas me atrevo a levantar alguns problemas do time. Primeiro, o meio-de-campo. Não é possível jogar sem um volante de ofício. O Felipão mostrou como se faz contra o Grêmio. O Henrique, na frente da zaga, acabou com o time do Grêmio. No Inter, o Guiñazu é uma piorra louca que nunca está no lugar e o Cesar Silva resolveu se achar um craque. Nisso a mídia tem alguma culpa quando inventou o tal volante “que sabe jogar” e “que não é um brucutu”. Naquele bi-campeonato brasileiro com o Mineli, tínhamos o Caçapava. Quando fomos campeões do mundo, tínhamos o Edinho. O Ademir Kaeffer, que a torcida detestava, foi dar muitos títulos para o Cruzeiro.
Agora, se o Dorival quiser continuar com a atual dupla no meio (que não dá cobertura para os laterais, que assim viram vilões) terá que por mais um volante (até mesmo o Elton) e escolher entre o DÁlessandro e o Oscar para ser o quarto do meio. A contar com os dois (que são os jogadores mais qualificados do Inter) precisa botar mais alguém atrás. Numa daquelas taças São Paulo, o Inter mostrou um cara que tinha tudo para ser o jogador do lugar, o Tarik, mas nunca mais ouvi falar dele. Sobre jogadores, mais uma questão: no jogo contra o Flu, o Dorival pôs no final o Mike, um atacante com cara de menino, mas que em 10 minutos mostrou que sabe jogar, que dribla para cima, sem medo e que veio com fama de goleador. Só que no domingo, quem estava no banco era o Gilberto (sempre com aquela de sofrimento) que é um tosco e quando entrou, no final com o Botafogo todo atrás, não tinha a mínima habilidade de entrar a drible, como o menino Mike poderia fazer. Uma última observação sobre o Dorival. Você diz que ele é preguiçoso, mas por isso mesmo é também um autoritário. Naquele jogo em Santos, ele puniu o Dagoberto(que ele vive tirando do time) e o Tinga e por extensão o Inter. A forma como ele sacou o Fabrício (que ele também quis punir) jogando a torcida contra o jogador é própria do sujeito que quer apenas salvar a sua pele. Mais uma só pra encerrar: não há time que tenha ânimo para jogar, quando o treinador vive dando entrevista dizendo que os outros times são melhores que o Inter, que sem reforços (quem precisa de reforços é o Atlético Goianense e não o Inter) não vai dar. Naquele jogo contra o Santos no Beira Rio ele disse que o Neymar era “imarcável”. Então é melhor nem jogar.
Por favor, Dorival, vai embora.
Puxa vida, a torcida do Inter é mesmo muito, muito burra.
Agora elogiam o Muricy, né? Mas quando ele treinava aqui era o Burricy.
O “grande” Abelão só ganhou a Libertadores, em 27 anos de carreira.
O Fossatti foi um fiasco total. Se não fosse a vinda do Roth, nunca teríamos ganho aquela Libertadores. E se não fosse a anta do Siegmann ter demitido o Roth quando estávamos em primeiro no grupo, muito provavelmente teríamos conquistado a Libertadores do ano passado.
O Falcão conhece muito futebol, é? Bem coisa de torcedor burro do Inter falar isso. Até onde eu sei, a carreira de treinador dele vai de mal a pior, e como comentarista ele só falava banalidades, sempre viveu às custas da carreira brilhante que fez como jogador.
Essa história de quem tem mais jogadores no meio-campo ganha jogo é a anta do Wianey Carlet que defende por aqui. Se fosse assim, era só colocar 6, 7, 8 ali que tava ganho o jogo. Essa ideia é de um simplismo constrangedor, futebol é muito mais complexo que isso.
É fácil saber se o Dorival é bom treinador ou não. Se a burra torcida do Inter acha que ele é ruim, é porque ele é bom! Deixem o homem trabalhar, e limitem-se apenas a torcer, não a palpitar sobre futebol, pois vocês não entendem nada.
Eu estava concordando plenamente com o tópico do Milton, mas o teu contraponto me fez refletir. Falaste bem, assim como o Milton.
Sinto que a nossa torcida é muito precipitada, pra não dizer “burra” em alguns momentos, como fez o Siegmann, torcedor, e não diretor, em relação à troca Roth-Falcão de 2011. Mas também sinto que o Dorival é um cara de bom discurso, que tenta transmitir seriedade e e equilíbrio, o que é um grande passo para conquistar dirigentes passivos ou desconhecedores de futebol. O Dorival cultiva uma boa imagem, mas quando os resultados não vêm, as deficiências no seu trabalho se tornam explícitas. Também partilho da sensação do Milton, portanto.
A questão pra mim é: a direção do Inter conhece futebol? O Fernandão tá ali pra quê? Não existe comunicação com os jogadores, não se sabem as suas satisfações? Não assistem ao treino, não comparam com técnicos que já passaram por aqui?
Quero acreditar que a direção do clube não é tão incompetente assim. E outra: se for pra trocar, troca logo. Assisti ao Dunga comentando no Bate-Bola da TVCOM semanas atrás e me surpreendi: sabe muito. E o melhor, fala com facilidade, se comunicaria muito facilmente com os jogadores. DUNGA NELES!
Era uma bela e civilizada caixa de comentários até a chegada desses dois Eduardos gremistas.
voces leram o que eu escrevi?
Ora, os ” dois Eduardos” são pessoas da assessoria do Dorival, é óbvio. Muito divertido. Um deles deixa muito clara sua defesa do mau profissional:
“Até onde eu sei, é normal os técnicos fazerem rachão um dia antes do jogo, para descontrair os jogadores.
E você acredita mesmo que o Dorival passou a semana toda fazendo coletivo? Claro que ele treinou a parte tática também.”
Coisa de assessor de imprensa dos bons. Ele poderia deixar o CV aí. Posso precisar!