J. Jota de Moraes (1943-2012): um autodidata na música erudita

(Lamento muito a morte de J. Jota, um sujeito brilhante que me ensinou muita coisa).

IRINEU FRANCO PERPETUO
Na Folha

Quem o ouvia dissertar sobre música com tamanha paixão e propriedade não podia imaginar que ele era autodidata no tema. Assim como os que o viam transitar com tal naturalidade por entre a elite na Sala São Paulo não suspeitavam que ele militara na Ala Vermelha do PC do B, nos “anos de chumbo” da ditadura militar.

Brilhante, polêmico e carismático, J. Jota de Moraes morreu de insuficiência respiratória no Hospital Bandeirantes, em São Paulo, na madrugada de terça para quarta-feira, dia 13, e pode, sem exagero, ser considerado o mais importante crítico de música erudita da cidade nas últimas quatro décadas. Tinha 68 anos.

Formado em Letras Neolatinas, Jota ficou marcado pela atuação no “Jornal da Tarde”, entre 1972 e 2003. Fez programas nas rádios Eldorado e Cultura, escreveu em “O Estado de S.Paulo” e diversas revistas.

Tinha ainda uma relação especial com a Sociedade de Cultura Artística, da qual foi diretor artístico entre 1992 e 2000, e para cujos concertos escrevia regularmente notas de programa.

Na década de 1980, formou uma talentosa geração de musicistas como professor de História da Música na ECA-USP. A partir do final dos anos 1990, vinha compartilhando seu saber com alunos “leigos” em cursos livres de música, ministrados em sua residência.

Com um pouco de sorte, é possível achar em sebos seus dois livros, publicados pela Editora Brasiliense, nos anos 1980: “O que é música” e “Música da Modernidade”.

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