El Fútbol a Sol y Sombra, de Eduardo Galeano

Compartilhe este texto:

Uma de muitas observações sobre o futebol:

Por mais que os tecnocratas o programem até o mínimo detalhe, por muito que os poderosos o manipulem, o futebol continua querendo ser a arte do imprevisto. De onde menos se espera salta o impossível, o anão dá uma lição ao gigante, e o negro mirrado e cambaio faz de bobo o atleta esculpido na Grécia.

Sobre Obdulio Varela, após o Maracanazo:

Ao final do jogo da Copa de 1950, ao ser abordado por jornalistas, respondeu: “Foi casualidade”. À noite, foi beber cerveja com brasileiros, abraçados aos vencidos, sem se identificar.

Sobre Didi:

Didi jogava quieto. Mostrando a bola dizia: — Quem corre é ela.

De Eduardo Galeano, em El Fútbol a Sol e Sombra

Ganhei do meu filho o pequeno volume ao lado da Siglo Veintiuno Editores. Nunca pensei que me divertiria tanto. Futebol ao Sol e à Sombra — lançado no Brasil pela L&PM — não é apenas um livro sobre futebol, é uma autêntica demonstração do amor e da rica vivência de um grande intelectual com o esporte, mas… Também não é apenas isso, no fundo é uma maravilhosa coleção de textos laudatórios e elegíacos ao futebol. Quem, como eu, gosta de destacar frases especiais dos textos que lê, vai encher o saco de tanto sublinhar.  Parece que Galeano não cansa de criar frases perfeitas.

O livro é feito de crônicas que abarcam o futebol desde a pré-história na China, passando por sua consolidação da Inglaterra, sua vinda para a América do Sul e para o mundo, até a Copa de 1994. Trata dos grandes craques e dos fracassados, do grandes vencedores e dos derrotados, da pureza de um Garrincha à corrupção de Havelange e Blatter. Tudo de uma forma tão inteligente que vai ser difícil seguir lendo alguns colunistas que andam por aí. Galeano, é claro, não fica apenas no futebol, mas o projeta e o expande para todos os lados. Verdadeira aula prática sobre o gênero da crônica, este livro de 1995 é obrigatório até para quem detesta o jogo.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

8 comments / Add your comment below

  1. Na década de 80, veias abertas era minha bíblia. O importante era ser gauche na vida para lutar contra os malvados exploradores. Assim fiz, até encontrar Raul Pont, em campanha para prefeitura de POA. Foi ai que percebi que ser gauche na vida era também utilizar a política para benefício próprio, o interesse particular sobre o público não é bandeira apenas de uma certa direita, é também de grande parte da esquerda, inclusive de certos intelectuais do naipe de Galeano. Tenho uns 4 ou 5 livros do Galeano e estou vendendo, alguém quer comprar?

  2. Esse livro é legal, principalmente por causa de certas informações que nem todos sabem (tipo a de Shakespeare). Mas quem vai a fundo mesmo é o Wisnik, no Veneno Remédio.

    Em ficção, não li nada melhor que esta novela de Sérgio Santanna, Páginas sem Glória, sobre um craque no Rio da década de 50.

Deixe um comentário