Por Martín Kohan
Entre nós, aqui na periferia, o moderno funciona quase sempre aos tropeços e um pouco à deriva. Nossas democracias têm sido muitas vezes descontínuas e imperfeitas. Somos oprimidos pela pobreza, pelas formas mais extremas de desigualdade. Mas pelo menos algumas taras não nos têm atormentado tanto, talvez por nos vermos eximidos da Idade Média: uma Argentina republicana e laica ganhou força especial por meio de grandes escritores que a imaginaram em meados do século XIX.
Neste sentido, o ano de 2013 nos desferiu dois duros golpes, contundentes e difíceis de assimilar: primeiro uma rainha argentina, como a que se apresenta para a coroação na Holanda; e agora, como se já não fosse o bastante, um papa argentino em Roma. As instituições mais retrógradas, com suas liturgias anacrônicas e sombrias, nos vigiam e nos deprimem, e talvez nos envergonhem.
Acabo de ler uma manchete segundo a qual “Papa diz a cardeais que usem a sabedoria da maturidade para atrair jovens”. Ué, os padres já não fazem isso?
HAHAHAHAHAHA