A Acompanhadora, de Nina Berberova

Comprei este livro lá em 1989 — a edição é de 1988, da Nova Fronteira — e ele ficou na estante me esperando por todo esse tempo. Lamentável.

Peguei o livrinho de 69 páginas em razão de seu tema: o ódio, tão presente em O Anão, que comentei há poucos dias.

Sonetchka é uma pianista feia, sem graça e sem especial talento. Na União Soviética pós-revolucionária, ela encontra trabalho junto à cantora Maria Nikolaevna Travina, que se torna sua protetora. E passa a viver muito bem, com casa, comida e dinheiro. E a odiá-la por comparação. Enquanto a cantora é brilhante e brilha, ela é apagada e opaca. Para piorar, é filha ilegítima, fato condenável na sociedade pré e pós revolucionária. Viver sob a luz ofuscante da outra é-lhe insuportável. Juntas, partem para o exílio e, tanto mais a pianista depende da cantora e se afasta da família na URSS e da mãe, mais a odeia. O ciúme nunca é racionalizado, mas vinganças são planejadas. O vou-acabar-com-ela é o tom da novela. O que há de excepcional no romance é o vazio de Sonetchka, patético exemplo de pobreza intelectual.

Nina Berberova nasceu em 1901, exilou-se na França em 1925 e foi para os EUA em 1950. Foi descoberta apenas nos anos 80 como se fosse um novo Nabokov. Não é. A acompanhadora é apenas um bom passatempo.

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