Na última sexta-feira, assisti pela, sei lá, décima vez o filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Estava com minha filha, admiradora incondicional da obra do diretor. Novamente me maravilhei e caí fascinado por Alex. É óbvio o gênero de identificação que este charmoso vilão exerce sobre nós. Certamente o personagem encarna nosso inconsciente desejo de violência e morte. Quem nega o fato de que grande parte da longevidade do filme depende de Alex e de seu trio de drugos foi invadido pela distorção que o politicamente correto cria sobre algumas pessoas mais limitadas, as quais deixam de perceber que não há consciência e nada de razoável na inconsciência. E que esta existe e existirá sempre. Já ouvi pessoas falarem de Alex como se estivessem na presença do corruptor. Humbert Humbert, de Lolita, sofre do mesmo mal. É como pensar que Deus possa existir sem o Diabo, sem notar que ambos são, afinal, parte do mesma lenda e que, sem um, o outro não existe.
De outra parte, que cenas belíssimas, que planos bem desenhados, que boas ideias de Kubrick. O que é a cena da loja de discos com a visita ao quarto de Alex? E a utilização da música? Obra-prima, obra-prima.
Bom que você deu um tempo nos filmes húngaros (ou tchecos, ou macedônios, uma porra dessas) e foi ver cinema de verdade.
HAHAHAHAHA
Grande abraço, Nérso!
CONCRETÍSSIMA TRINDADE
by Ramiro Conceição
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“Após tanto tempo… Como é possível
o perfume de alguém que já passou?
O que fazer com amarelo pendurado
em cada quadro do quarto, no escuro,
a rir em cambalhotas…tão delicadas?”
(Ah, poeta…Tenha santa paciência!
Perfume?!… Amarelo pendurado
no quarto noturno: valha-me deus!)
“Mas vivi. Juro. Ainda vivo…”
(Ah, meu coleguinha, qual a mim,
você não passa dum clandestino,
nessa nave… de carne e osso)
“Mas vivi!… Afinal, quem é você?”
(Ora, um igual a inventar clichês)
“Mas…EU SENTI”
(Caro poeta… Você anda é muito sozinho.
Olha. Levanta e abra a janela. Faça um café
ao vento dessa manhã… que se apresenta)
“É, você também só diz clichês…”
(É claro,
você é o filho desse pai que escreve,
mas que nunca aparece: esse outro!
Eu? Ora…Sou um espírito de porco!)
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PS: instruções à declamação:
1) Estar diante de um espelho, num ambiente escuro, pseudoiluminado, por exemplo por um pequena vela…:
2) Os versos “entre aspas” declame com ênfase, mas com a sua voz normal;
3) Os versos “entre parêntesis”, com o auxílio de seu “dedão” e do indicador, pressione o seu nariz e declame, com a mesma ênfase e com um voz fanha, mas gutural…;
4) No último verso “Eu? Ora… Sou um espírito de porco”, com as instruções mencionadas em 3), prepare, no final, uma tétrica gargalhada, mas sempre a olhar no espelho”.
5) Relate depois aqui, se você quiser, o resultado….
John, Paul, George e Ringo
by Ramiro Conceição
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Puxa vida!… Sem dúvida,
a invasão do Instituto Royal
à libertação dos caninos
foi revolucionária. Então,
diante disso,
estou a criar
uma bípede
banda de Rock
com black blocs
a caetanear…:
The Beagles
(com biografias caninizadas).
Alex é uma máquina desejante, sem amarras em seus impulsos de destruição. Clockwork Orange é a versão audiovisual do Anti-Edipo da dupla Guattarri/Deleuze.
Vemos o quanto Kubrick é genial pela gradação quase impossível entre suas grandes obras. Laranja Mecânica é maravilhoso, e ainda assim perde para o inigualável 2001, talvez o maior de todos os filmes; e LM fica muito acima de um clássico do terror como O Iluminado. Um cineasta realmente superlativo e variado em tudo que fez.
(Mas será que passou desapercebido a todos a pergunta que o vaidoso pai Milton Ribeiro gostaria que fizéssemos: “Mas você assistia Laranja Mecânica com sua filha desde que ela era pré-adolescente!?”)
Segundo a ONU, a adolescência começa aos 12 anos. Então a resposta é NÃO.
Lembro do impacto da primeira vez que vi o filme.Lermbro das inacreditáveis (não possuo vocabulário para descrever com outra palavra) bolinhas pretas na genitália dos atores,nas cenas que apareciam nus.Como ousaram?
Eu acabei apelidando meu pau de “Gulliver” graças ao filme.
Ah, obrigado por informar, Pedro.
🙂
A EQUAÇÃO DE SWIFT
by Ramiro Conceição
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Em 1713, Jonathan Swift, após tornar-se deão da catedral de Saint Patrick em Dublin, escreveu um poema, “Cadenus e Vanessa”, dedicado à Esther Vamhomrigh, filha de um rico mercador alemão.
Pois bem, em recente descoberta, o renomado historiador Anapapoulus Sfíncter, especialista em literatura irlandesa, ao analisar a marginália original do referido poema, descobriu uma equação matématica proposta por Swift, que em português poderia ser escrita assim:
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p.G = P.a (1)
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onde: i) “p” é o tamanho minúsculo do membro – digamos, sexual – dum gigante; ii) G é a altura específica do grandão; iii) “P” é o tamanho maiúsculo – do já mencionado – associado a um anão; e, consequentemente, “a” seria a altura do picorrucho.
A expressão (1), descoberta por Sfíncter, é a famosíssima “Equação de Swift”.
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PS.: Deve ser lembrado que, recentemente, Anapapoulus Sfíncter foi um dos indicados ao Nobel de matemática. Quase ganhou… Perdeu por uma dobrinha, na segunda casa decimal… Isso acontece nas melhores e nas piores Academias.