Breve nota sobre Laranja Mecânica

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Na última sexta-feira, assisti pela, sei lá, décima vez o filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Estava com minha filha, admiradora incondicional da obra do diretor. Novamente me maravilhei e caí fascinado por Alex. É óbvio o gênero de identificação que este charmoso vilão exerce sobre nós. Certamente o personagem encarna nosso inconsciente desejo de violência e morte. Quem nega o fato de que grande parte da longevidade do filme depende de Alex e de seu trio de drugos foi invadido pela distorção que o politicamente correto cria sobre algumas pessoas mais limitadas, as quais deixam de perceber que não há consciência e nada de razoável na inconsciência. E que esta existe e existirá sempre. Já ouvi pessoas falarem de Alex como se estivessem na presença do corruptor. Humbert Humbert, de Lolita, sofre do mesmo mal. É como pensar que Deus possa existir sem o Diabo, sem notar que ambos são, afinal, parte do mesma lenda e que, sem um, o outro não existe.

De outra parte, que cenas belíssimas, que planos bem desenhados, que boas ideias de Kubrick. O que é a cena da loja de discos com a visita ao quarto de Alex? E a utilização da música? Obra-prima, obra-prima.

Vestido como Beethoven, Alex aborda as meninas.
Vestido como Beethoven, Alex aborda as meninas na loja de discos.

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11 comments / Add your comment below

  1. CONCRETÍSSIMA TRINDADE
    by Ramiro Conceição
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    “Após tanto tempo… Como é possível
    o perfume de alguém que já passou?
    O que fazer com amarelo pendurado
    em cada quadro do quarto, no escuro,
    a rir em cambalhotas…tão delicadas?”

    (Ah, poeta…Tenha santa paciência!
    Perfume?!… Amarelo pendurado
    no quarto noturno: valha-me deus!)

    “Mas vivi. Juro. Ainda vivo…”

    (Ah, meu coleguinha, qual a mim,
    você não passa dum clandestino,
    nessa nave… de carne e osso)

    “Mas vivi!… Afinal, quem é você?”

    (Ora, um igual a inventar clichês)

    “Mas…EU SENTI”

    (Caro poeta… Você anda é muito sozinho.
    Olha. Levanta e abra a janela. Faça um café
    ao vento dessa manhã… que se apresenta)

    “É, você também só diz clichês…”

    (É claro,
    você é o filho desse pai que escreve,
    mas que nunca aparece: esse outro!
    Eu? Ora…Sou um espírito de porco!)
    .
    .
    .
    PS: instruções à declamação:

    1) Estar diante de um espelho, num ambiente escuro, pseudoiluminado, por exemplo por um pequena vela…:
    2) Os versos “entre aspas” declame com ênfase, mas com a sua voz normal;
    3) Os versos “entre parêntesis”, com o auxílio de seu “dedão” e do indicador, pressione o seu nariz e declame, com a mesma ênfase e com um voz fanha, mas gutural…;
    4) No último verso “Eu? Ora… Sou um espírito de porco”, com as instruções mencionadas em 3), prepare, no final, uma tétrica gargalhada, mas sempre a olhar no espelho”.
    5) Relate depois aqui, se você quiser, o resultado….

  2. John, Paul, George e Ringo
    by Ramiro Conceição
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    Puxa vida!… Sem dúvida,
    a invasão do Instituto Royal
    à libertação dos caninos
    foi revolucionária. Então,
    diante disso,
    estou a criar
    uma bípede
    banda de Rock
    com black blocs
    a caetanear…:

    The Beagles
    (com biografias caninizadas).

  3. Vemos o quanto Kubrick é genial pela gradação quase impossível entre suas grandes obras. Laranja Mecânica é maravilhoso, e ainda assim perde para o inigualável 2001, talvez o maior de todos os filmes; e LM fica muito acima de um clássico do terror como O Iluminado. Um cineasta realmente superlativo e variado em tudo que fez.

    (Mas será que passou desapercebido a todos a pergunta que o vaidoso pai Milton Ribeiro gostaria que fizéssemos: “Mas você assistia Laranja Mecânica com sua filha desde que ela era pré-adolescente!?”)

  4. Lembro do impacto da primeira vez que vi o filme.Lermbro das inacreditáveis (não possuo vocabulário para descrever com outra palavra) bolinhas pretas na genitália dos atores,nas cenas que apareciam nus.Como ousaram?

      1. A EQUAÇÃO DE SWIFT
        by Ramiro Conceição
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        Em 1713, Jonathan Swift, após tornar-se deão da catedral de Saint Patrick em Dublin, escreveu um poema, “Cadenus e Vanessa”, dedicado à Esther Vamhomrigh, filha de um rico mercador alemão.
        Pois bem, em recente descoberta, o renomado historiador Anapapoulus Sfíncter, especialista em literatura irlandesa, ao analisar a marginália original do referido poema, descobriu uma equação matématica proposta por Swift, que em português poderia ser escrita assim:
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        p.G = P.a (1)
        .
        onde: i) “p” é o tamanho minúsculo do membro – digamos, sexual – dum gigante; ii) G é a altura específica do grandão; iii) “P” é o tamanho maiúsculo – do já mencionado – associado a um anão; e, consequentemente, “a” seria a altura do picorrucho.
        A expressão (1), descoberta por Sfíncter, é a famosíssima “Equação de Swift”.
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        PS.: Deve ser lembrado que, recentemente, Anapapoulus Sfíncter foi um dos indicados ao Nobel de matemática. Quase ganhou… Perdeu por uma dobrinha, na segunda casa decimal… Isso acontece nas melhores e nas piores Academias.

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