Depois, quando eu digo que meus amigos são os melhores… Em termos de festas originais, tive uma no sábado que concorre com a do aniversário de Igor Natusch e a da célebre master class de Bernardo Ribeiro.
Tratava-se da inauguração da despensa da casa da Astrid Müller e do Augusto Maurer, sucedâneo da tradicional Missa de um ano de falecimento. A homenagem seria para os pais do Augusto, Carmen e Hélio Maurer, principalmente para o Seu Hélio, que parecia não poder viver sem uma despensa, como está explicado no novo mural da entrada da despensa.
Abaixo desta introdução, está um texto deste que vos escreve, amigo da família a obscenos e felizes 30 anos.
Pois vocês acreditam que eu não tirei fotos da parte interna da despensa? Pois é, nem tudo é perfeito. Depois, nós tivemos o jantar in memoriam, que contou apenas com amigos da Carmen e do Hélio, fazendo com que eu me sentisse um garoto. Infelizmente, a Elena não pode comparecer, mas eu fiz uma fotinho com a capa do cardápio e a a fichinha dos nossos lugares na mesa.
No cardápio, tudo o que o Hélio gostava.
Mas talvez seja melhor torturar meus sete leitores com fotos dos pratos, não? Tal como a saladinha de entrada…
… o risoto de bacalhau …
… o peixe que, olha, vou lhes contar, merece uma ode em homenagem …
… e uma das sobremesas …
Tenho alguma coisa do jantar em casa. Trouxe para a Elena comer, claro. Ao meio-dia de hoje, certamente não haverá mais nada. Para terminar, uma foto do Hélio e da Carmen. Notem a mão dela para entender a legenda:
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Seu Hélio
Talvez o Augusto nem imagine o que o Hélio representava para mim e para os que frequentaram a casa da Bela Vista nos anos 70. O Hélio tinha uma conversa e uma sofisticação que nos obrigava a parar a fim de conversar com ele. Era atencioso, irônico, inteligente e educadíssimo. Mesmo na cerimônia do velório de sua esposa, ocorrido neste segundo semestre de 2012, fez questão de vir a mim agradecer ao fato de eu ter recebido várias vezes o Augusto em minha casa quando ele recém se separara. Ele disse que aquilo fora uma terapia para seu filho, sem imaginar que a terapia dele era cozinhar para nós… Ele chegava lotado de coisas do supermercado. Soube que o Hélio incentivava o esquema, de todo excelente, imagina se não.
O seu Hélio parecia seguir toda uma ideologia de bem receber os amigos, principalmente em torno de uma mesa. Certamente o Augusto herdou o gosto do pai. Para mim, filho de uma família espartana, a despensa da casa da Bela Vista consistia no país de Alice. Era uma salinha ao lado da cozinha com as paredes recheadas de maravilhas. A gente podia chegar na casa deles a hora que quisesse e sempre teria a maior das refeições, na maioria das vezes capitaneadas pela Carmen – realizando esforços para concretizar os desejos do Hélio – com o auxílio da Dina e, algumas vezes, na madrugada, preparadas apenas pelo Augusto. A Dina é um capítulo à parte. Sua vida foi passada entre os Maurer e o seu Hélio, em seus últimos meses de vida, com a Carmen já ausente, ia com ela a seus restaurantes preferidos.
Quando adquiri algum conhecimento gastronômico, passei a cruzar com o Hélio nas seções de vinhos, importados e especiarias dos supermercados e do Mercado Público. Sempre tínhamos assunto. “Não estou me convidando para te visitar, estou muito velho e saio pouco de casa, mas quero imaginar os pratos”, dizia. É que em minha casa organizávamos grandes festas onde a gastronomia não era a menor atração. A Astrid refazia depois os jantares para ele. Tudo com menos sal, pois o Hélio tinha pressão alta há mais de vinte anos.
Poderia contar algumas piadas e causos do Hélio, mas faltaria o jeito e voz irônica dele. E a cara, estranhamente parecida com a de meu pai.
P.S. — Saí para fazer minhas coisas após escrever este texto e só lembrava do seu Hélio palestrando em um aniversário do Augusto. Ele tinha 78 anos e contava que seu maior sonho seria o de “apenas acariciar a Helena Ranaldi”. Enquanto o via desenhar com as mãos a silhueta de Helena, eu pensava: “Um gentleman até nas fantasias”.
AJUDE-ME SE PUDER
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Já devo ter mencionado aqui que sou professor de siderurgia do Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo). Pois bem… Na manhã de hoje, ao chegar à minha sala, encontrei sobre a porta uma folha cor-de-rosa, dobradinha e fixada com fita crepe… Cabe salientar que, na referida porta, há também uma placa, colocada por mim, com a seguinte mensagem: “CUIDADO, SER RACIONAL”.
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Assim, cuidadosamente, retirei e desdobrei a dita folhinha adjacente à referida mensagem, e comecei a ler com atenção… Eis o conteúdo do escrito:
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“Ramiro (atenção, note a intimidade…)
Professor,
Na terça-feira dia 10/12/2013 não consegui fazer a sua prova de siderurgia, pois tive que levar o meu cachorro ao veterinário, pois ele estava espirrando água, porém ele não resistiu e morreu no caminho e na segunda-feira minha calopsita também amanheceu morta.
Tem (sic) a possibilidade de estar fazendo essa prova posteriormente?
Atenciosamente
……………….”
(Por questões óbvias, estou a omitir o nome da aluna, que pretende ser uma futura engenheira).
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Portanto, eis o meu dilema: a) compro dois filhotes semelhantes aos falecidos e, feito papai-noel, dou de presente ao coraçãozinho oprimido; b) mando rezar uma missa de sétimo dia aos bichinhos que passaram dessa para uma melhor; c) encaminho a aluna ao setor pedagógico do Instituto que argumentará que a futura engenheira tem direito legal a uma prova; d) escrevo um e-mail a qualquer jornalista do PIG, tentado demonstrar que a culpa fundamental é do Lula, da Dilma e, consequentemente, também do Zé Dirceu (pela teoria do domínio do fato) que fomentaram a criação dos institutos federais; ou e) devo rezar com devoção e acreditar que, afinal, tudo passa…, pois o Joaquim Barbosa será o próximo presidente da República, com apoio irrestrito do senador Álvaro Dias e do já falecido, embora ainda vivo, FHC.
Ufa!… Creio que encontrei a solução ao meu dilema: vou elaborar uma prova de interpretação de texto… Espero que a minha aluna – uma futura engenheira – se de bem e que afinal, a priori, não mate ninguém…
Errata: é óbvio que é “dê”, e não “de”, querida aluna…
Por favor, alguém interne o Ramiro. O cara só fala do Dirceu! Fundiu a cacholeta.
Ou será que o Ramiro sempre foi um vírus de computador e ninguém de nós se deu conta disso?
Sinceramente,
querido Charlles, sou um dos inúmeros vírus desta nação que tenta – de todas as formas possíveis – contaminar está República com uma pseudodoença denominada lucidez!… Ou seja, daqui a, aproximadamente, um ano será provado o seguinte: i) não houve desvio de dinheiro público, pois a Visanet é grana privada!!!!; ii) não houve formação de quadrilha, pois não houve, ou não há, provas concretas contra os petistas; iii) por exemplo, contra o Zé Dirceu foi utilizada uma excrescência jurídica, isto é, na jurisprudência brasileira, até antes do dito “mensalão”, se não havia provas, então, no Brasil!, a sentença foi sempre pro réu; e quem diz isso, Charlles, não sou eu, mas renomados juristas, considerados conservadores!!!!, não petistas!!!, entre eles, por exemplo, Ives Gandra; iv) houve um crime sim!!! – caixa dois, que é uma vergonha à história do PT; houve um silêncio, sim, do PT, que não abre a boca, pois quem está por trás de tudo é o banqueiro Daniel Dantas, que possuiu advogados renomados do PT: isso sim, tem de ser esclarecido!; v) mas Daniel Dantas não está só: tem em seu rabo – Gilmar Mendes, toda uma tocada que passa pelo Serra e chega até ao FHC; vi) parafraseando Lula, nunca antes na história desse país houve tamanho embuste jurídico; viii) nunca antes nesse país houve tal embuste jurídico sob pressão de todo o baronato mediático e, principalmente, sob a pressão da opinião pública – via a TV Justiça.
criei uma palavra que não existe: “tocada” que pode ser considerada como sinônimo de “novelo”.
Sobre o assunto do post: que grande ideia! Parafraseando o Obelix: esses sulistas são uns loucos!