Elena

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Tudo de novo?

Ou não. Talvez seja tudo novo, isso sim, pois não consigo lembrar de algo parecido em minha vida e olha que tenho boa memória. Tenho voltado feliz pra casa em meio ao calorão que nos assola. Caminhando na canícula, fico até envergonhado de meu meio sorriso. Sou o único feliz. É claro que, descontando uns outros aí, és meu primeiro amor. Tudo me parece tão inédito ou estava tão escondido e afastado no tempo que nem lembrava mais de como era. Meu único trabalho tem sido o de tentar retirar quaisquer objetos incômodos, oferecendo-te as horas calmas. E assim vamos atrás do que há para ser alcançado, que é a hora seguinte e que sempre chega a tempo. Tudo tem sido tão, mas tão bom e simples que estou pasmo, Elena. Talvez seja estranho agradecer, mas é o que tenho vontade de fazer.

elena

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12 comments / Add your comment below

  1. Talvez agora seja a hora de escrever aquele romance, modificado em sua profunda estrutura por essa nova felicidade, meu caro Benedetti tardio. Esse seu amor, cheio de juvenilidade e leveza, é uma inspiração, pode crer. Há muito aí que me proporciona leituras subliminares, sobre o que afinal importa nessa vida, sobre o que afinal é fundamental, sobre deixar tanta coisa pesada e desnecessária em sua súmula de ridícula importância para trás. Bom que esteja feliz!

      1. POEMA VERMELHO

        Degustar
        O gomo
        vermelho
        do beijo.
        Amanhece.

        Trabalhar
        o campo
        do coração
        da Vida,
        e pensar-sentir
        as flores
        que Tu, Sol,
        nos deste.
        Anoitece.

        Criar
        beijos
        (amor)
        vermelhos,
        e dormir
        qual faz
        em paz
        o pássaro
        que tece
        encânticos.
        Amanhece.

        ALÉM DE ÍCARO

        Só depois de compreender a física
        do corpo morto, da flor nascente,
        só depois de compreender
        com a metafísica
        que tudo morre e nasce
        diferentemente,
        foi possível ao poeta
        inventar um foguete lírico:
        um albatroz de Baudelaire
        pra além da tragédia de Ícaro.

        PRÁXIS

        Construo uma escada imaginária
        para subir numa concreta árvore,
        mas não é para cortá-la
        ou construir uma casa sob seu telhado,
        mas, sim, para aprender
        as melodias das calmarias
        e o perigoso cântico da tempestades.

        LAGARTA

        O poeta andarilha à noite,
        à beira das marés: é uma lagarta
        que crê criando andares na escuridão.

        CRISÁLIDA

        Sou uma crisálida
        prisioneira da existência,
        mas procuro uma janela,
        por pequenina que seja,
        pra descobrir o Universo.

        PANAPANÃ

        A vida é além e aquém da superfície.
        Jaz lagarta. Jaz crisálida.
        Agora é o tempo de Panapanã…

        PS: esses poemas pertencem ao Vagalúmen, que publiquei em 1999. Desejo tal transformação a vocês dois, Milton e Elena.

          1. Que beleza de momento, Milton! Desejo toda a felicidade para ti.

            Ramiro, colocaste uma das mais belas músicas já compostas em nossa história – “Arrumação”, do Elomar (um gênio brasileiro). Também colocarei uma pela qual sou apaixonado: “Ana Rosa”, do Luiz Gonzaga. A música começa em 2:13;

        1. Carlinus,

          como bem ressaltado por você, em seu blog, talvez se o mundo tivesse compreendido a profundidade da compaixão de Rosa de Luxemburgo diante do olhar daquele búfalo maltratado e espancado por um imbecil daquela cidade na qual ela era prisioneira… Sim, talvez, a história do socialismo fosse outra… Talvez não tivesse havido a tragédia do cabo Adolfo… Ou aquela outra associada ao medíocre ladrão de galinhas, georgiano, de nome Josef… Quem sabe?

          Maldita pergunta: quem sabe?

  2. Porque hoje é sábado… E por que o Milton deve estar a viajar com seu amor… Portanto, ao PHES que deveria ter acontecido, atrevo-me a deixar algo ou alguém que nasceu (quase agora…).
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    FELICIDADE E SILÊNCIO
    by Ramiro Conceição
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    Como descrever  a felicidade,
    que é ver uma infância a pular
    feito uma labareda a sair ou a entrar…nos brinquedos
    que aos poucos, ou de repente, se tornam pequenos?
    Como descrever a emoção de compreender que a vida
    é a ponte entre o nada e o primeiro grito, mas também
    entre o último olhar e o silêncio contumaz do infinito?

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