Duo Baldini-Cordella na UFCSPA

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Infelizmente, compromissos me fizeram adiar o registro deste belo concerto realizado na última quarta-feira (26). Ele teve algo de um sarau entre amigos pela forma com que os dois instrumentistas demonstravam seu entendimento pessoal no palco. Também pelo modo informal como apresentavam verbalmente as obras. Imaginem que eles entraram no palco batendo papo, sendo interrompidos pelo aplauso do público, ao qual acudiram com simpatia. Mas, diferentemente do normal das festas familiares, foi um recital de extremo rigor e seriedade, mesmo mostrando um programa alegre.

O bom astral da dupla incentivou as pessoas a formarem, após a função, uma longa fila de cumprimentos em pleno palco. Quando fiz o mesmo, soube pelo violinista italiano e spalla da Osesp Emmanuelle Baldini e pelo o cravista gaúcho Fernando Cordella, que, por problemas em São Paulo, Baldini chegara em Porto Alegre apenas no dia anterior ao recital. Mesmo assim, o duo manteve as alterações em relação ao programa que tocaram em anos passados, evoluindo e ampliando o repertório. (No passado, lembro que havia um Tartini e um Vivaldi no repertório; agora foram substituídos). OK, estes contratempos são normais, o anormal foi vê-los estreando as peças de uma forma que parecia ser resultado de longos dias de maturação. Baldini disse que só tinham ensaiado um dia e que ele estava zonzo ao final da noite, tendo sido aparentemente curado por algumas cervejas. São uns loucos.

UFCSPA / Divulgação
Foto: Luciano Valério / UFCSPA

O que assistimos foi realmente extraordinário. Dois amigos fazendo música de alto nível com o maior tesão, pois é disso que se trata. Desde a esplêndida Chacona de Matteis, repetida no bis, passando por obras mais conhecidas como La Folia de Corelli e pelo atípico Biber, com suas representações de rouxinóis, cucos, sapos, galinhas, gatos e de uma marcha do mosqueteiro (sic), para chegar à peça mais bela de todas, a de Schmelzer, havia muita vida no palco da ex-Universidade Católica de Medicina, hoje com um nome impronunciável.

Abaixo, para não esquecer, o programa da noite:

Nicola Matteis (1670-1718)
— Diverse Bizzarie spra la Vecchia, Sarabanda o pur Ciaccona

Dario Castello (1590-1658)
— Sonata prima, Concertate in Stil Moderno, Libro II, Venezia

Biaggio Marini (1594-1663)
— Romanesca

Arcangelo Corelli (1653-1713)
— Sonata em Ré Menor Op. 5 Nº 12 “La Folia”

Giovanni Pandolfi Mealli (1630-1680)
— Sonata Quarta Op. 3 “La Castella”

Heinrich Ignaz von Biber (1644-1704)
— Sonata Representativa “Representatio Avium” .

Johann Schmeltzer (1620-1680)
— Sonata Quarta “Unarum Fidium”

UFCSPA / Divulgação
Foto: Luciano Valério / UFCSPA

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2 comments / Add your comment below

  1. “Dois amigos
    fazendo música […]
    é disso que se trata.”
    .
    LAMBARI
    by Ramiro Conceição
    .
    .
    Nossa história
    promoveu-nos
    a trocadores de lâmpadas.
    Porém
    como explicar, a ela, que somos
    acendedores… de lamparinas?
    .
    Nosso trem não tem trilhos
    porque vem de lá, d’aurora.
    E o único lugar onde para
    é na Democracia do agora.
    .
    Entram seres estranhos.
    Saem “seres-humanos”!
    .
    O trem apitou…
    .
    Quem entrou, parte.
    O destino? É a arte!
    .
    A originalidade… é o melhor de si,
    dela, dele ou de qualquer lambari.

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