É uma saraivada de negações. A menina Patrícia erra novamente ao negar sua atitude. Acho que ela deveria ter dito que boa parte da sociedade GAÚCHA tem sentimentos racistas interiorizados e que, sob frustração ou descontrole, eles afloram. E que ela não deveria ser punida como exemplo. Mas, é claro, seria bonito demais, verdadeiro demais, complexo demais. O que ela fez? Falou dois minutos, usando 15 segundos para pedir desculpas ao Aranha e afirmar que não é racista. Nos 1min45 restantes, pediu desculpas, desculpas, desculpas à torcida do Grêmio, que é o que lhe interessa… Foi tola, melhor se tivesse silenciado. Erra espetacularmente o Koff ao negar o racismo referindo-se às pessoas “de cor”. E erra o Jurídico do Grêmio ao pedir efeito suspensivo. Temo que o Grêmio obtenha o benefício e aí sim teremos uma instituição estigmatizada. Vamos negar e negar. São tempos de maciça negação daquilo que somos.
O Grêmio não é uma instituição racista – não há nada para ser negado nesse aspecto. Pode-se dizer que sua torcida é racista, e eu concordaria, como também o é o povo gaúcho, assim como o próprio sr. felizmente falou, e, eu acrescentaria, como também o é a sociedade brasileira como um todo. Agora: é necessária uma distinção clara entre instituições e pessoas. O Grêmio é um dos únicos clubes que investe parte de seu orçamento em políticas massivas contra o racismo, e já o faz há anos. Usar a menina Patrícia como válvula de escape, dizer que ela deve ser “estuprada por um negão” e apedrejar sua casa não vai resolver o problema do racismo. Eliminar o clube da competição não vai resolver o problema do racismo. Taxar todos os gremistas de racistas tampouco vai resolvê-lo. Sou gremista e tenho sido chamado de racista pelo Brasil inteiro nos últimos dias, o que me deixa, confesso, intensamente revoltado. Acho que esse caso serve para provar que, além de racista, o povo brasileiro é machista, impiedoso e burro.
Acho que toda a generalização é perigosa. Não há como negar que há grupos racistas na torcida do Grêmio assim como existe em toda a sociedade. Mesmo como colorado acho ridícula a tentativa de grenalizar a discussão. O que tem sido feito com esta moça é absurdo. Nem homicidas são tratados desta forma. Talvez seja um meio que alguns estejam usando para expiar sua própria culpa. Ok. Ela errou provavelmente vai ser punida por isso. Mas daí a destruir a vida da menina e de seus familiares, como estão fazendo alguns desborda todos os limites. Chega!
Caro Milton, pare de falar sobre o caso. Transborda o “coloradismo” em sua análise – a sua irritação com o gesto bonito dela pedindo desculpas para um clube centenário que abre possibilidade de ascensão social para milhares de meninos negros e pardos é inacreditável.
Me diga, quando ela “nega sua atitude”? E ela não apenas pediu desculpas ao Aranha, como aventou um encontro entre eles, onde, novamente, ela ficaria exposta e teria que pedir desculpas. Bonito gesto..
E se o jurídico do Grêmio não tentasse anular esta estúpida punição (NUNCA um clube do mundo foi eliminado por um ato racista de alguns torcedores), eu deixava de ser gremista.
Tantos casos de racismo ocorrem todos os dias no Brasil, e aí uma mulher no meio de um ambiente que sempre foi o de guerrilha urbana como é o da torcida de futebol é flagrada gritando “macaco” e cai o mundo todo em cima dela. Acho que tem muito oportunismo e filistinismo nisso aí, como sempre. Mesmo caso, já esquecido (a fila anda), do professor que disse que a Valesca Popozuda era uma intelectual: gerou uma polêmica louca, a classe dos intelectuais ovacionou a tal atitude “progressista” do tal professor, e virou chique se despedir dizendo “beijim no ombro”; e a única coisa que o professor estava fazendo era uma crítica extenuada e despretensiosa _mas inteligente_ sobre a quantidade de estúpidos no sistema educacional do país. Nosso esporte favorito, pelo que se vê, não é mais o futebol, mas a desconversação, o covarde desvio do que realmente importa para a malhação ou a louvação, nunca o debate sério.
Eu conheço vários e vários exemplos cotidianos de racismo. Quando fiz uma prova de mestrado, havia uma colega de turma minha, chamada Adriana, que era disparada a aluna mais brilhante e de melhores notas do curso, que fez a prova e não foi aprovada. Era uma moça negra. Em seu lugar, os professores colocaram uma outra aluna de desempenho mediano, branca. O pai da Adriana, coronel reformado, processou a universidade, foi o maior escândalo interno, mas nenhum jornal ou veículo da imprensa sequer notificou o fato. Isso foi em 1996.
Não vejo esses exemplos de racismo no futebol como essa coisa bombástica toda. Torcida de futebol é barbárie. Vejo pelas coisas que acontecem nas torcidas organizadas em meu estado, que são talvez as mais violentas e criminosas do país. Há assaltos, latrocínios, assassinatos. Parte da torcida é de foragidos do regime semi-aberto. Das únicas vezes em que fui no Serra Dourada, o espetáculo à parte era ver bolsas de urina voando de cima para baixo nas arquibancadas. E quantos são os termos pejorativos usados pelas torcidas mais educadas? E quantas as piadas que já ouvi sobre a suposta idiotia de determinados jogadores, por serem negros ou virem de favelas, contadas por “gente de bem” e perfeitos camaradas que jamais admitiriam que por detrás do bom humor se esconde uma condenação sociológica? (Há uma, clássica, usada em todos os estados da federação, mudando-se os nomes do personagem, em que um repórter pergunta ao jogador X, assim que ele sai de campo no término da partida, o que ele achou do jogo, ao que ele responde: eu não achei nada não, mas meu amigo Y achou um colarzinho de ouro no gramado. Detalhe para o fato unânime de que o personagem X ser sempre um jogador negro.)
Ou se faz uma mea culpa geral todos os torcedores de futebol no país, ou assumam a própria hipocrisia. Até um tempo atrás, quantas piadinhas de viado havia por aqui? Agora somos todos absolutamente assepsiados dessas coisas.
Condenar essa moça é mais uma peça para o estancamento do debate sobre racismo no Brasil. E nos comentários de um post anterior, havia um escritor negro por aqui com todo aquele arsenal enraivecido, aqueles clichês burros, aquele racismo inverso que ele comete com a mesma cegueira daqueles que ele condena, ao usar termos como “casa grande”, a “ética dos brancos”, etc, etc, etc. Novos discursos, pelo amor de deus, novas formas de enfrentar o problema, por que estes aí já perderam há muito a validade e são, no final dos casos, inertes.
Correção: a moça deve sim pagar na justiça, mas o que estão fazendo com ela é retalhação mais criminosa ainda na total falta de proporção na resposta. Qualquer um aqui sabe o que aconteceria com ela se ela fosse solta nas ruas.
Voce meu caro falou e disse tudo, Uma boa parte da sociedade Gaucha tem mesmo sentimentos de racismo contra o resto do Brasil.Se for baiano entao áí é que a coisa fica mais feia, e nao sao poucos os casos denunciados,Lembro de um caso de uma senhora que escreveu no facebook justamente um fato desses. pois ao entrar na loja ela nem tinha se identificado e o vendedor descia a madeira nos baianos, que nao gostava de nordestino, e principalmente baianos. Ora gente nós sebemos que os gaucho migraram para o Brasil no periodo da 2a guerra mundial e aqui eles foram acolhidos de coraçao. Mas se alguns decendentes deles sao racista. ORA BOLAS PEGA TUA MALA E VAI PRA TEU PAÍS DE ORIGEM. isso é se eles os aceitarem. mais nao fica aqui criando odio racista contra outros brasileiros. A nacionalidade deles é tambem brasileira. e o Brasil é essa missigenaçao . quem nao gosta pega teu boné oh e se manda. ou entao tem que enfrentar o rigor da lei. Ela teve sim a intençao de ofender o goleiro. é mentirosa e nao assume o que fez. isso é muito pior do que SER NEGRO. ou nordestino, é coisa de gente sem carater.
condenar a mocinha uma ´pinoia . ela tem que encarar o rigor das leis porque se nao tomarem uma providencia esses casos se repetirao,. issso aqui tem que ter lei tem que ter puniçao porque nao é um caso isolado. ela tem que ser punida sim.
A garota errou, mas não deve ser massacrada. Cientistas escreveram sobre a inferioridade da raça negra e a superioridade dos Judeus. O RACISMO É IMENSO NO BRASIL. E NÃO TEM A MENOR DÚVIDA DE QUE A OPOSIÇÃO AOS PLANOS SOCIAIS DO PT SE DEVEM A ESSE SENTIMENTO.
Eu aceito que se estigmatize a torcida do Grêmio como racista somente a partir do momento em que:
1. Estigmatizar-se a torcida do Inter como homofóbica e violenta;
2. Contextualizar-se a ação do goleiro Aranha como antiesportiva e provocadora;
3. Considerarmos que isto acontece em todos os estádios brasileiros e que o que está se fazendo é usar o Grêmio como bode expiatório – utíl, já que não é um clube carioca ou paulista;
4. Considerarmos que o Grêmio está colaborando intensamente com a polícia – ao contrário, por exemplo, do co-irmão, que lava as mãos a todos os atos violentos de sua torcida. E não, o Grêmio não está fazendo tarde demais. O Grêmio, aliás, é pioneiro neste tipo de atitude contra os próprios torcedores. Alguém lembra algum caso em que o próprio clube identificou algum racista em seu estádio?
Contexto é tudo. O que ocorreu é ato de, no máximo, dez pessoas. Virou o que é SOMENTE porque a TV flagrou a mocinha gritando. Não seria nada sem isso, e esse oportunismo óbvio, vindo principalmente de adversários do Grêmio, na mais típica “grenalização”, tomou essa dimensão artificialmente.
Sinto muito, mas racismo é um ato individual, e somente a responsabilização individual resolve. As generalizações são, da maneira mais óbvia possível, um grande guarda-chuva que nega tudo e, ao mesmo tempo, permite qualquer coisa. Nesse sentido, a condenação do Grêmio é uma carta branca para todas as torcidas, que diz o seguinte: façam o que quiserem, pois quem paga é o clube, num julgamento político, fajuto, teatral. Dependendo do clube, nada acontecerá.
A mocinha? Vai ser processada e pagará individualmente pelo seu ato. Como deveria ser.
PS.: Pega leve com o Koff e sua expressão: ele é um senhor de 80 anos, e senhores de 80 anos chamam negros e negras de “pessoas de cor”. Minha avó chamava, meu avô chamava. É uma expressão idiomática antiga e comum, que se tornou proibida nestes tempos politicamente corretos. Já está em desuso, obviamente, mas idosos ainda a utilizam. Não tem nada a ver com racismo.
Milton Ribeiro.. Voce não tem o minimo de consideração por uma pessoa arrependida e que todos sabem que cometeu um erro grave e que deverá pagar pelo seu ato e ponto final. Ela quis dizer que não é racista porque falou aquelas palavras no calor do jogo e que se deixou levar por outras pessoas, quem nunca acabou se deixar levar e acabou cometendo algum erro? Voce nunca cometeu um erro e se arrependeu depois? No entanto quem está fazendo a generalização é voce ao falar que boa parte do povo gaucho é racista. Voce está sendo no minimo leviano com essas declarações quais são as fontes de seus dados e informações reais em numeros absolutos ou percentuais para voce colocar que esse é o sentimento de BOA PARTE do povo gaucho é racista? Todos sabem que o racismo é um problema social no mundo todo, inclusive existindo no SEU estado e na SUA cidade que voce mora.. Acredito que ao fazer essas matérias com frases generalisando um povo todo e voce também está sendo preconceituso.. Lamentável sua publicação!!
“Quem não tem pecados, que atire a primeira pedra”…
Se alguém falar isso hoje, tem de sair correndo, porque vai tomar junto com o “pecador”!!
O pedido de desculpas da menina foi, obviamente, uma tentativa de reparar o dano jurídico da coisa. Coisas de advogado. O Aranha, cujo único pecado é seguir essa velha tradição do futebol brasileiro chamada “cera”, se negou a encontrar a moça, o que é o direito dele e acho que foi o certo a se fazer. O STJD chegou um pouco tarde, por isso não conseguiu tirar a bola sem falta. Poderia ter chegado mais cedo, na época do Jeovânio… Ou do Paulão… Ou do próprio Santos: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2011/07/diego-mauricio-ouviu-ofensas-racistas-na-vila-me-chamaram-de-macaco.html
Mas a vida é assim. A vida de tricolor, pelo menos. [:)]