Walk On The Wild Side

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fazendo xixiO título da grande canção de Lou Reed talvez não tenha relação direta com meu assunto. Afinal, o livro de Nelson Algren que inspirou o filme e a canção é uma longa pergunta sobre o motivo que leva algumas pessoas sem rumo a tornarem-se mais humanas e interessantes do que os certinhos. Não vou analisar se eu e a Elena somos certinhos ou não, mas o fato é que nós fazemos algo docemente perigoso quase todas as noites. Quando é possível, a gente sai para caminhar. Simplesmente isso. E vamos aprendendo sobre a cidade.

Não chega a ser um passeio pelo lado selvagem, mas certamente é um passeio sem policiamento. O pessoal do roubo tem nos ignorado nas caminhadas pelo Bonfim e arredores. E têm razão, pois levamos apenas nossos corpos dentro de roupas mais ou menos velhas. Dia desses, fomos até o Garcias`s lá na Av. Praia de Belas, tomamos uma canja e retornamos. O Google Maps diz que foram 3 Km até lá. 6 ao todo. E fizemos tudo isso sem ver um guarda. Digo a vocês, meus queridos sete leitores, que só vi policiamento à noite em nossa cidade nos dias da Copa do Mundo. E lhes digo, quando ela está bem, não é possível impedir que a Elena saia para passear à noite. Ela adora e comecei a gostar também.

Outra coisa. A Elena passou anos andando pela cidade de carona. A vida sem carro é uma novidade para ela. E ela faz elogios à cidade. Quem nasceu aqui não a valoriza, mas ela garante que é uma bela cidade. Ao menos do ponto de vista visual, pois a parte olfativa não é muito boa. A esquina da Santo Antônio com a Irmão José Otão — sim, a Vasco muda de nome na João Telles — tem uma árvore ao lado de um ponto de táxi. A árvore serve como mictório do pessoal. Que tal colocar um banheiro químico ali, prefeito? No fim de semana, próximo ao Bar Beco, a Av. Independência também ostenta um indisfarçável cheiro de mijo. Como há enormes filas para entrar no bar, é óbvio que a garotada se alivia ali mesmo na calçada. O cheiro só fica melhor depois da chuva.

Bem, se fazer xixi a céu aberto é algo selvagem, caminhar nas ruas de Porto Alegre é mesmo Walk On The Wild Side.

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2 comments / Add your comment below

  1. Ai, que saudades do tempo em que eu morava na minha amada capital, onde caminhava pela Paulista, por Pinheiros e pela Vila Mariana tarde da noite. Nesta última, o bairro da minha casa durante 5 anos, chegava a perambular pelas pequenas quadras residenciais à 1h, às vezes às 2h da madrugada. Não havia gente, o ar era fresco. De companhia, apenas os vira-latas – que será que terá acontecido com aquele pretinho peludo? -, as árvores e as luzes dos postes ou das varandas. Era naquelas horas que, por mais que quisesse, São Paulo não conseguia ser cinza – nem mesmo se naturalmente a noite fosse não negra, mas cinzenta.

    Ai, ai…

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