Porque me retirei da Associação dos Amigos da OSPA

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Carta aberta a meus sete leitores 

Hoje foi o dia de receber e-mails me perguntando coisas. É normal. O anormal foi receber uma série de questionamentos acerca de minha não participação no grupo do Facebook chamado Associação dos Amigos da OSPA. Já havia recebido vários outros, mas o número de perguntas cresceu em função do espetáculo que a Orquestra apresentará neste fim-de-semana. Um de vocês me escreveu 3 vezes apenas hoje! Pô, cara! OK, respondo a todos aqui no blog, espaço administrado por mim.

Eu fui um dos moderadores do grupo e, além de só permitir posts que dissessem respeito à orquestra, ali publicava chamadas para os concertos que achava prometedores e para minhas opiniões críticas — elogiosas ou não. Só que a imaturidade de alguns, assim como a de uma moderadora, recebia extremamente mal quaisquer reparos que eu fizesse a um concerto. Eram esperados apenas elogios. Quando não cumpria minha função de mero elogiador, podia e fui chamado de palhaço, idiota, etc. Não vejo problemas. Tenho mais de um blog, vivo no Brasil e estou acostumado às ofensas. Mas as reações de alguns do grupo eram desproporcionais, por demais infantis, chegando às vezes à beira da psicopatia. O baixo controle comportamental parecia ser a regra, inclusive da moderadora. Aqui, vejo problemas, pois houve a invasão de problemas particulares da moderadora para comigo que nunca deveriam aflorar num grupo público. Para minha não-surpresa, logo deixei de ser um dos moderadores e, ato contínuo, deixei de poder postar no grupo. E minhas opiniões passaram a ser rejeitadas. Retirei-me silenciosamente.

Bem, meus caros sete leitores, não sou nada brilhante ou original, mas nasci com teimosia e opinião, infelizmente. Não pensem que o fato de não poder colocar meus humildes links no grupo diminuiu o número de pessoas que leem minhas observações concertísticas. Ao contrário, o número de leitores de meus posts sobre a Ospa aumentou inexplicavelmente. Fora do grupo, também não saí por aí fazendo campanha contra quem me combateu ou contra a moderadora que se candidatou a deputada estadual. Também não aconselhei ninguém a deixar o grupo. Mais: seria uma irresponsabilidade contra-atacar. Vocês sete foram 34 mil visitantes únicos em setembro. É muita gente, fico feliz. Mas é claro que não sirvo mais, pois, como externou equivocadamente um dos músicos, aquele grupo da futura Associação serve apoiar a Ospa, nunca para criticá-la (?). Hum… Pensei que criticar fosse uma das formas mais honestas e francas de apoio a uma instituição.

Sou um melômano de grande experiência como ouvinte. Sei quando as cordas desafinam ou quando bolas batem na trave ou na bandeirinha de escanteio. Sei também que vários maestros acabaram meus amigos, principalmente os melhores e principalmente após receberem críticas negativas. Por outro lado, sou um leigo e conheço a diminuta relevância de minhas observações. Talvez elas devam ser mesmo desprezadas, pois escrevo-as rapidamente, com grande liberdade e colorido de expressão. Há ideologia nisso. Mas algumas coisas eu mantenho para todos os casos: o texto tem que ser legível, informativo, divertido, leve e ousado, sem dobrar-se aos elogios baratos. Todos os meus poros se revoltam contra o compadrio. Não me serve a troca vazia de adulações, o “tu és genial” que aguarda o retorno de um “tu és fabuloso”. Isso só se faz com o filho pequeno quando se deixa que ele nos ganhe no futebol ou com a filha para convencê-la de que é a mais linda. E mesmo assim não devemos exagerar.

Esta é a segunda ou terceira Associação que se forma em torno da Orquestra de Porto Alegre. Nunca elas deram certo. Mas acredito mesmo que um dia a Ospa será como outras (grandes) orquestras e terá uma Associação digna. Pode ser que seja dessa vez, por que não? Espero que a atual dê certo e que fique totalmente afastada de partidos e dos interesses de pessoas partidarizadas. O que importa é a instituição. Sem isso, a Associação será novamente estéril. Quem estiver ao lado da orquestra tem que estar tanto pronto a defendê-la do que a prejudique quanto disposto a apontar publicamente seus problemas. Ou ao menos para seus membros. Hoje, a Ospa detesta discutir problemas. Faz de conta que tudo vai bem.

E eu? Eu, meus caros missivistas, permanecerei como gosto e como sou — um melômano que quer a melhor Ospa possível. E que vai escrever de vez em quando sabendo que, um dia, aparecerão pessoas para tecer criticas e que estas serão ouvidas por gente mais consistente e consequente. Ou tudo vai ficar mais ou menos assim para pior.

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14 comments / Add your comment below

  1. Caramba. Não sabia de nada disso. Sinceramente? Nunca fiz segredo de que sou do Metal, não entendo nada de música de concerto e, na maior parte das vezes, acho um saco. Mas alguém me havia adicionado ao grupo e eu acompanhava as postagens dos teus textos – ainda acompanho, mas passei a vir mais diretamente no blog porque meio que andei dando um tempo no grupo, tava uma vibe meio mala. Não sabia que não fazias mais parte.

    De qualquer modo, considero teus textos sobre a Ospa pareados com os do Celso Loureiro Chaves sobre música clássica: gosto tanto de ler que quero ouvir. Aí eu me entusiasmo e vou lá escutar aquilo de que vocês estão falando e invariavelmente não curto. Mas gosto dos textos, e eles continuam me despertando a curiosidade.

  2. Muito bom, MIlton…eu agiria da mesma forma: independência e firmeza de opinião.
    Uma observação: pára de dizer que são só 7…insistindo nisso tu despreza os demais , ora bolas

  3. Milton, muito apropriada e importante a tua atitude, principalmente quanto ao enfoque da relação (melhor se neutra fosse) da Associação e dos partidos e dos interesses de pessoas partidarizadas, o que realmente não parece estar acontecendo… e qualquer pessoa que tenha um pouco de senso de leitura percebe que as publicações por lá estão bem direcionadas a manter certas plataformas eleitoreiras.

    1. Achei escandalosas algumas utilizações do grupo e de outros setores que são, afinal de contas, públicos e independentes. Já as fofocas grassam, mas é melhor ignorá-las. Todos temos inimigos aqui e ali. Mas acredito que haja uma auto-atribuição de méritos e um direcionamento insistente a determinados assuntos e pessoas que seriam bons pratos para psicanalistas. Quanto a mim, não avisei ninguém, só fui saindo. Espero que me esqueçam por lá. Vá que alguém ainda me confunda.

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