Porque hoje é sábado, Cecil Baldewyns ou Cecil B

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Seleção de fotos: Cristóvão Crochemore Restrepo

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Há espaço para tudo no mundo.

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A escolha do Cristóvão não fala diretamente a meus instintos

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mais primitivos, digamos assim. Mas fala aos mais sofisticados

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(na medida do possível para um Milton Ribeiro)

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e fazem pensar. São belos registros de um corpo que não parece ter nada

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de incomum, sarado, siliconado ou fotochopado.

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Uma vez, perguntaram para Monica Bellucci qual era o segredo de sua duradoura beleza.

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A resposta de grande deusa e patrona de nosso PHES foi sensacional:

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“Uso photoshop todo dia”.

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Pois nossos corpos são bem assim — comuns, marcados, carentes de perfeições.

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Mas como torna-se impecável e maravilhoso o corpo da pessoa que amamos

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movendo-se em nossos braços!

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Onde encontrar, em cada ser, o fragmento que dá raiz

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a nosso desejo?

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É isso que perguntaria hoje ao Cristóvão, se estivéssemos numa mesa de bar.

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1 comment / Add your comment below

  1. “Onde encontrar, em cada ser, o fragmento que dá raiz a nosso desejo?”. De fato, tal pergunta é fundamental, mas a resposta aproximada de tal questão passa por outra também complexa: “Onde encontrar, em cada ser, o fragmento que dá raiz a nosso desejo de povo?”
    *
    Domingo passado, a maioria de nosso povo deu uma parte da resposta a ser construída pelo presente e pelo futuro de nossa história. Com certeza, daremos muitas cabeçadas: haverá avanços, mas também retrocessos, pois eles fazem parte de um processo irreversível que se dá em desequilíbrio. É assim mesmo. Esse é o sentido da seta do tempo. Criamos entropia à construção de nosso amor e liberdade. Seguimos em frente!, e a nossa força motriz tem um nome: esperança (com Deus, sem Deus ou, quem sabe, com a Natureza de Spinoza: o importantíssimo é que o caminho, se for um único, pertença a nós!).
    *
    A vitória de Dilma me fez reescrever dois poemas… Ei-los:
    *
    *
    BARCOS BRASILEIROS
    by Ramiro Conceição
    *
    *
    Nas praias do Brasil,
    barcos são patéticos.
    *
    A ESPERANÇA
    está de papo pro ar.
    *
    A LIBERDADE,
    no quebra-mar,
    está prenha
    de peixes e
    de homens:
    aqueles do mar, ao ar,
    estão mortos; aqueles
    do ar, ao mar, têm
    saudade da cidade.
    *
    De repente, relâmpagos,
    sustos de santa-bárbara,
    e a tempestade da malícia,
    da crina da maresia, criou
    a ventania: naufragou o SENADO;
    a CÂMARA naufragou; a JUSTIÇA
    ficou à deriva; e a DEMOCRACIA
    foi quase a pique; mas ainda bem
    que o ÓDIO foi derrotado
    pelos rochedos marítimos
    da República…
    *
    É, pela 2ª vez a PRESIDENTA valente
    chegou à terra firme… com altivez.
    *
    *
    PARA DILMA
    by Ramiro Conceição
    *
    *
    Entre os dionisíacos tropeços de vinhos,
    de mil pedaços – nasceu um espantalho
    apolíneo, que teima em proteger todos os ninhos.
    Por isso – com malícia – Picasso recorta espaços
    de um quadro, a ensinar Portinari; enquanto Einstein
    ao tempo lança pedrinhas; mas Garrincha ri ao vento,
    pois deixou Van Gogh a procurar o amarelo dum gol
    dourado de Pelé, num sonho de Pessoa que, bêbado,
    dorme até a hora da chegança de Caeiro com os seus
    carneiros a balir entre os dentes os poemas de Dante,
    de Goethe, de Poe, de Rilke, de Bandeira, de Whitman,
    de Drummond à colossal manhã provisória do mundo.
    Nietzsche explica o eterno retorno… Mas Shakespeare
    reescreve: sem matar ninguém; e Cervantes abandona
    Dulcineia a Camões que não é só zarolho; e triste, Marx procura
    decifrar a história que Dostoievski crê estar nas batatas de Deus
    que Machado doou ao vencedor; Sócrates cutuca Platão!: Freud
    está feliz!; enquanto Joyce, Homero, Bach e Lennon&McCartney
    inventam um cancioneiro para Beethoven, que pela primeira vez
    irá ouvir, e para Dilma que quase completamente ri… plena de si.

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