Era a segunda vez que ia a Paris. Para mim, uma das novidades de nossa viagem foi o acerto ao seguir uma dica de Luís Augusto Farinatti, o Museu de Cluny, oficialmente chamado de Museu Nacional da Idade Média ou Musée National du Moyen Âge. Aliás, ele, Farinatti, andou comentando aqui no blog.
Dos Cadernos de meus Fiascos (volume XXIII).
O que Milton, que é um cara generoso, não conta, é que eu enviei a ele um texto sobre coisas para aproveitar em Paris. E sugeri que pegasse o metrô sempre que não pudesse ir a pé. E disse que o mapa do metrô era uma maravilha.
Não me passou pela cabeça a relação das cores do mapa e o daltonismo do Milton.
Mas isso não tão grave, fica pior se soubermos que, poucos meses antes (ou depois, não lembro). Fiz as mesmas entusiasmadas recomendações a outro amigo que ia a Paris. As mesmas.
Ele TAMBÉM é daltônico.
Uadarrél!!!
Bem, o Museu da Idade Média ficava perto do nosso hotel. Foram 15 minutos de uma agradável caminhada por Paris e pronto. Num ambiente nada feérico, não foi tão fácil tirar fotos. Não é um Museu enorme, mas é muito interessante. A tradução dos nomes das peças é minha. Com minha inexistente cultura religiosa, deve estar tudo errado.
O cara aí de baixo é um brother meu: é o Imperador Júlio, o Apóstata. Apóstata? Grande cara!
Abaixo, direto do século XIII, A Virgem e o Menino
De 1250, um belíssimo altar com o tema do batizado de Cristo.
Missa de São Gregório, também peça de altar. Essa é a parte da Ceia, claro. A peça, de autoria de Jan de Molder, é de 1513.
Mais uma Virgem com seu filho. Alegres, não?
O Beijo de Judas, mais um anônimo, este de 1500.
A Virgem no Calvário, fins do século XV.
A Apresentação no Templo, 1370.
O teto de uma pequena capela.
Cristo de Ramos.
Um copinho-pássaro em forma de chifre.
Um Tratado de Combate que é a coisa mais linda.
Saímos famintos da Idade Média. A alimentação medieval era pobre, se comparada com os padrões modernos. A quantidade era superior à qualidade. A arte de cozinhar estava ainda numa fase rudimentar uma vez que as conquistas da cozinha romana tinham-se perdido com a queda do Império. Mas nós estávamos preocupados com a coerência do dia. Vejam como alguns restaurantes de Paris colocam suas iguarias na rua, para que possamos vê-las e cheirá-las de perto. O cheiro não é nada medieval.
Fico pensando como agiria o Obelix vendo uma coisa dessas.
E esses frutos do mar, pensam que é fácil resistir?
Claro que a gente comeu. E bem. Depois fomos procurar um estojo novo para o violino da Elena. A ideia era encontrar algo muito discreto e bom. Depois de entrar em muitas lojas da Rue Rome — a rua das partituras, dos luthiers e dos acessórios musicais em Paris –, acabamos encontrando o tão desejado estojo. Também compramos, para o Augusto Maurer, a partitura do Quarteto para o Fim dos Tempos, de Messiaen. Dizem que eles pretendem ensaiar a obra. De quem terá sido tão genial ideia? Quanto ao estojo, a Elena adorou a compra, tanto não conseguia ficar séria.