Hoje a Elena está de aniversário. Cioran disse que a arte de amar — é meu caso em relação a ela — é saber unir o temperamento de um vampiro à discrição de uma anêmona. Hum… É verdade. Neste belo tempo em que estamos juntos a gente fez e cumpriu planos, ficou doente e se recuperou, rimos tanto de nós e dos outros que deveria ser proibido agir tão bobamente assim, fizemos tantos passeios juntos que talvez já tenhamos ido a pé a Bielorrússia, entendemos na prática que só se é feliz dentro da liberdade e fizemos tantas declarações de amor um para o outro que fomos muito, mas muito ridículos. E Cioran, é claro, tem toda a razão, porque faz parte.
Só que me perdi. É ela que está de aniversário, não nós! Milton burro.
Feliz aniversário, Elena. Te desejo muitas alegrias e disposição para me aguentar neste novo ano que se abre. Acho que estaremos juntos por muitos deles, sempre como amadores.
Elena,
feliz aniversário
ao lado do Narigudo.
O que lhe desejo?
Ora, é Isso:
SONHO DE UM CADÁVER
by Ramiro Conceição
Quando teu olhar vestiu-me, soube
que não poderia mais… despir-me.
Foi qual um mar a batizar-me,
a dar-me um verdadeiro nome.
Agora padeço de uma sina:
te perder na curva de uma esquina
e tornar-me o sonho de um cadáver
que dorme… quando a alma some.
P.S.: É estranho, não é?
Mas estranho é o amor!