E chegamos ao post Nº 3000

Compartilhe este texto:

Milton RibeiroIniciei o blog em maio de 2003. Ele foi migrado três vezes: saiu do blogspot para a Verbeat, OPS e finalmente para o Sul21. Nessas transferências, principalmente na segunda, muitos posts e imagens foram perdidos, mas hoje posso dizer que tenho 3000 textos publicados e uns 140 rascunhos. Raramente revisito meus posts antigos. De certa forma, eles me apavoram por mostrarem o que conheço muito bem e nem sempre gosto. Então, me coleciono e depois deixo pegar pó. Só que o Google leva muita gente aos arquivos do passado, o que faz com que — mesmo eu estando desconectado de férias, por exemplo –, o blog receba uma média de 1000 visitas por dia — normalmente fico entre 1500 e 2000.

O MR atravessou várias fases da minha vida. Lembro que falava muito em meus filhos lá começo, pois o Bernardo tinha 12 anos e a Bárbara, 9. Ele passou pela morte de minha mãe, por meu acidente de 2004, pelo governo Yeda e pelo processo de Letícia Wierzchowski contra o blog — uma mancada minha, que a ofendi infantilmente. Houve fatos pessoais que não foram contados aqui, outros que foram relatados com seriedade e ainda outros foram amplificados até bem próximo da mentira. Ganhei muitos, mas muitos amigos com ele e arranjei uns poucos inimigos pelo caminho. Mas, sinceramente, gosto de todos eles, à exceção de Mônica Leal. Houve o período gravíssimo em que perdi meu emprego por não ter aceitado pagar propina a uma estatal na renovação de um contrato. Calei.

Orgulho-me das resenhas de livros e dos contos que escrevi para o blog, algo que faço cada vez menos por falta de tempo. Também de alguns textos esparsos. As resenhas dos concertos da Ospa são interessantes diversões. Gosto de escrever e procurar fotos para o Porque hoje é sábado e de escrever saudação matinal aos técnicos do Inter após os jogos — Bom dia, Diego Aguirre. Obriguei-me a falar pouco da política. Os fatos e as análises políticas são muito efêmeros e todo mundo opina. Eu seria um modesto e irritado comentarista.

Muitas vezes quis fechá-lo, mas sou meio viciado em escrever meus textos e, vocês sabem, não existe ex-viciado, nem ex-pavão. Certamente, ele se parece mais comigo do que o meu perfil no Facebook. O blog é um retrato meu e de minha habitual franqueza. Se parece meio fantasioso, desigual e aventuresco, é porque sou e penso assim. Se as piadas são horríveis, é porque em algum momento ri delas. Como não sairei vivo da vida, às vezes entro de cabeça no #prontofalei, mas creio que a principal função deste espaço é a de me liberar do algoz da rotina, deste cara chato, preocupado, insatisfeito, pontual e certinho do Milton Ribeiro, de vê-lo sob uma luz melhor ou distorcida, de mostrar que por trás de minha testa há um humor anárquico e uma visão desconsolada do mundo, de tornar minha vida melhor enquanto caminho pela rua, pois escrevo caminhando e, quando chego no computador, o texto só é retocado.

E, mesmo que seja desse jeito assimétrico e mesmo que os blogues tenham saído de moda, pretendo seguir por mais um tempo. A meus sete leitores, agradeço a preferência.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

15 comments / Add your comment below

  1. Parabéns pelos textos durante todo este tempo!
    Certamente, li uma grande parte deles.
    Milton. Agora Tresmilton (desculpe não resisti a estre trocadilho idiota!)

  2. Parabéns, Milton…
    *
    *
    PARA ALÉM DOS CANDONGUEIROS
    by Ramiro Conceição

    A reflexão de Jânio, sobre a recente fala de Lula, está correta. Sim, não se tratou de um fuxico destinado à ruptura com Dilma, tal qual é alardeado aos quatro ventos pelos pistoleiros e pistoleiras do PiG – esses contumazes candongueiros de seus patrões.

    O desabafo de Lula revela lucidez: a esquerda brasileira – capitaneada pelo PT – está em crise de identidade. Portanto a franqueza de Lula não é uma fraqueza, mas uma constatação, uma pergunta conhecida: “o que fazer?” (aquela velha capa daquele velho livro daquele velho autor, que não respondeu…). A história é uma “volumétrica” espiral divergente, não uma curva sobre um plano… O que fazer?… Esse é o efetivo desafio político a ser superado, mas com a Democracia sob um pleno Estado de Direito (que pode ter sido esboçado na última encíclica de Francisco).

    A intuição de Lula está correta: sem dúvida, a resposta associada à pergunta supracitada pertence à juventude, às novas lideranças políticas; pertence à construção de uma mídia democrática em contato direto com povo; pertence a um processo concreto de educação de alunos e, principalmente, de professores; pertence a todas as religiões de um estado laico, que pertence também aos ateus; pertence ao complexo processo entre o capital e o trabalho; pertence à subordinação paulatina, e irreversível, do 1%, mais rico, aos interesses à continuidade da vida para todos os seres desse Planeta; pertence ao vigor do amor nas crianças, nas mulheres, nos velhos, nos homens delicados; pertence à dor dos doentes terminais…; pertence à ciência, à tecnologia e à arte que, afinal, são manifestações do Mistério que se apresenta aqui, no estado quântico, e também ali, para além do Sol…

    P.S.: http://tijolaco.com.br/blog/?p=27791&cpage=1#comment-201143

  3. Você pode estar certo, mas particularmente não acho que os blogues tenham saído de moda. Penso isso do Facebook, que é o empobrecimento completo do blog. O Facebook é o aval para se escrever mais preguiçosamente ainda do que o blog permitia, “sem compromissos”, afinal, “é só o Facebook”. Nessa o Saramago errou por pouco, quando condenou o twitter por ser a evolução da linguagem para o gorjeio: a oligofrenia idiótica é a súmula do Facebook. Um exemplo é esta postagem de hoje em seu Facebook, a qual entendi pouquíssima coisa (e fiquei fulo!) (afinal, é só o Facebook). Cadê a porra da entrevista com o Padura? Estou ansioso para lê-la.

    Mas, como eu já disse, meu primeiro acesso na internet foi de seu blog. A primeira vez consciente_ teve outras vezes, no surgimento da popularização da rede, durante o mestrado, mas que não conta. Lembro de Bolaño e lembro de Woody Allen aqui no blog. E, pode parecer ridículo e um tanto piedosamente esfuziante, o seu blog continua sendo um dos únicos sítios que visito todos os dias. E cada vez mais restrinjo a possibilidade que a internet me dê algum deleite. Acesso este seu blog, o PQPbach, o Le Monde, o NYT, e, principalmente, a página quase toda branca do google que fica piscando e eu lá, imóvel, pensando em franco desespero (um neônico desespero suave, legitimamente criado na era virtual), aonde ir agora, o que clicar. A internet é, para mim, cada vez mais, um tremendo de um pé no saco, e não descarto a auto-crítica de que eu que venho limitando meus horizontes estéticos, lúdicos e de busca pelo esclarecimento, de tal forma que já se antecipou a meu nível etário uma misoginia sólida e segura que me domina cada vez mais. Tudo é de uma imensa chatice na internet, e tudo de uma burrice constrangedora, que ressalta cada vez mais o quanto isso que nós chamamos homo-sapiens (incluso aí a mulher-sapiens, salve Dilma!) vai se desfazendo na latrina de seu próprio lixo.

    Mas, parabéns pela longevidade do blog. Vivi ótimos momentos aqui.

    1. Milton, foi através desse seu blog que conheci esse viado do “Charlles Campos” que nos tenta convenccer da nossa sanidade por meio da insanidade da literatura… Ou seria o contrário?
      Onde pretende chegar tal veterinário da biblioteca humana?

  4. Bons tempos aqueles, Ramiro! Me sinto como um velho que reencontra com antigos amigos para se lembrar de tempos idos em que tudo era mais passional e permissivo. Ramiro Conceição… Marcos Nunes… Em certa medida, fomos trolls cordiais e relativamente simpáticos. 7 anos se passaram.

  5. Parabéns, Milton.
    Aprendo muito sobre literatura, cinema e música contigo. No que diz respeito a futebol, às vezes te acho um pouco “corneteiro” (espero não ser colocado na lista dos inimigos do blog pela crítica), mas qual torcedor não é? Abraço e felicidades.
    Jorge, o sexto (leitor).

Deixe um comentário