Michel Temer é poeta publicado, sabiam? E dos bem ruins

Compartilhe este texto:

Como escreveu o Carlos André Moreira, deixaram ele sem fazer nada e deu nisso. Os grifos são meus. Segundo Temer, estes poemas são coisas que fazia quando deixava a arena árida da política. Aqui, a chamada do lançamento na Folha; abaixo, exemplos da poesia do vice.

Exposição
Escrever é expor-se.
Ou incapacidade.
E sua intimidade.
Nas linhas e entrelinhas.
Não teria sido mais útil silenciar?
Deixar que saibam-te pelo que parece que és?
Que desejo é este que te leva a desnudar-te
A desmascarar-te?
Que compulsão é esta?
O que buscas?
Será a incapacidade de fazer coisas úteis?
Mais objetivas?
É por isso que procuras o subjetivo?
Para quem a tua mensagem?
Para ti?
Para outrem?
Não sei.
Mais uma que faço sem saber por quê.

(sim, mais uma)

Saber
Eu não sabia
Eu Juro que não sabia!

(sabia sim)

Passou
Quando parei
Para pensar
Todos os pensamentos
Já haviam acontecido

(?)

Assintonia
Falta-me tristeza.
Instrumento mobilizador
Dos meus escritos.
Não há tragédia
À vista.
Nem lembranças
De tragédias passadas.
Nem dores no presente.
Lamentavelmente
Tudo anda bem.
Por isso
Andam mal
Os meus escritos.

(muito mal)

Embarque
Embarquei na tua nau
Sem rumo. Eu e tu.
Tu, porque não sabias
Para onde querias ir.
Eu, porque já tomei muitos rumos
Sem chegar a lugar nenhum.

(agora quer chegar, né?)

Não teria sido mais útil silenciar? (...) Será a incapacidade de fazer coisas úteis? / Mais objetivas?
Não teria sido mais útil silenciar? (…) Será a incapacidade de fazer coisas úteis? / Mais objetivas?

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

3 comments / Add your comment below

  1. Mais uma vez temos a comprovação daquela célebre frase de Marx de que a história acontece primeiro como tragédia e depois como chacota: a única carta relevante de político nesse país terminou com um tiro no peito; a de Temer, que tentou imitar o tom bombástico daquela, consegue apenas a mesma conclusão, só que com um tiro no pé.

    Conheço inúmeros burocratas que se acham bons poetas. Parece mesmo uma praga entre diplomatas, doutores acadêmicos, professores estaduais. Se ao menos o sujeito tivesse a lucidez de atacar a língua em um campo mais fácil não, pretende logo a única instância que a necessidade de talento é inexorável. Assimilam a pomposidade do linguajar oficial, rebuscado de oficialismos, com tremor espiritual.

Deixe um comentário