Li hoje contrariado um texto que dizia que a esposa de Machado de Assis — a muito amada Carolina Augusta Xavier de Novais — “não tinha lhe dado filhos”. Céus, que expressão boba. Se Carolina não deu a filhos a Joaquim Maria, também Joaquim Maria não os deu a Carolina. E não creio que ninguém considere Machado incompleto porque não teve filhos. “…não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”, escreveu o personagem-título de Memórias Póstumas de Brás Cubas. E se isto vale para um homem, vale para uma mulher.
Mas é fato que algumas pessoas com filhos veem com desconfiança os que não têm. Parece que traem a espécie humana. Em nosso passado agrário, ter filhos até podia ser uma questão fundamental. Afinal, famílias grandes podiam trabalhar extensões maiores de terra, produzindo maior prosperidade e alimento. Além disso, os pais contavam com os filhos para suportarem melhor a velhice.
Lembro que alguns antigos casais narravam com orgulho o fato de terem voltado da lua-de-mel com uma encomenda. E, se a coisa demorasse a acontecer, o mundo passava a ver a mulher — e exclusivamente ela — como portadoras de algum distúrbio, como a Carolina de Machado. E se o problema fosse com o cara?
Porém, em nossos dias, sabemos que a maioria de nossos filhos não cuidará de nós na velhice e nem renderá grana.
Outro fato atual é que o sexo parece estar cada vez mais afastado da reprodução. O cara não precisa ser um Bach para ser considerado viril e nem a mulher super parideira é um sucesso. Também nunca ouvi um amigo dizer publicamente que gostaria de ter filhos com uma mulher, só ouvi que “essa é pra casar”, quase sempre dito em tom de brincadeira para uma mulher linda e inteligente.
Para mim, ter filhos foi e é motivo de enorme grande alegria. Mas e daí que alguns não tenham? É uma escolha facultativa mesmo neste país atrasado, evangélico e sem aborto legal. É uma escolha que não é simples, pois significa a forma de vida que alguém quer para si. E, para os que não conseguem tê-los por algum motivo físico, há milhares de crianças necessitadas de pais que lhes deem amor.
Mas tudo isso só pela frase sobre Carolina?
Ter filhos é uma escolha irreversível. Talvez por isso as pessoas (a maioria pelo menos) pensem muitas vezes antes de te-los.
Pessoalmente acho uma alegria incomparável ter uma crianca em casa. A recompensa afetiva é muito maior que o trabalho. Recomendo muitíssimo.
Já vi gente que escolheu ter um cachorro ao invés de um filho. E trata o cachorro até melhor que uma pessoa. Escolha que consigo respeitar sem entender.
Falta de coragem? Falta de confianca? Pura conviccao? Quem dirá?!
Alguém pode dizer, até com certa razao, que nao ter filhos é uma escolha ecologicamente correta.
“Nesse país atrasado, evangélico e sem aborto” quem vc pensa que é? seu incircunciso de merda!
Só faltou te chamar de filisteu..rs mas gostei das palavras atrasado,evangélico e merda.
“Li hoje” – fortemente surpreso – texto no qual alguém, cujo nome não consegui ver, após belo discurso sobre a real possibilidade de um casal não ter filhos seja porque não os quer, seja porque o homem ou a mulher sejam incapacitados de alguma forma. Porém não é isso que me surpreendeu. Até certo ponto, o autor parece demonstrar muita lucidez. Desaba de vez quando num surto de ignorância mista de preconceito, associa o “atraso” do Brasil ao Evangelho e à falta de aborto. Começa que nem é verdade o que diz. O Brasil, infelizmente, não é evangélico. Trata-se de um país que se intitula “laico” mas é oficiosamente católico. Na prática é um país predominantemente espírita [quando houve um concurso, num programa de tv, para escolha do “maior brasileiro de todos os tempos”, o povo esqueceu os grandes vultos de nossa história e elegeu um espírita]. Quanto ao aborto, considero-o um ASSASSINATO perpetrado contra um inocente.
Poxa, Milton..Um tanto decepcionante esse “evangélico” aí..O pais não é predominantemente católico? 🙁
Católicos e evangélicos (produto de Lutero que “modificou” a bíblia católica) tudo um bando de merdas, enlouquecendo para ir morar no céu e debaixo da terra só encontrarão o vazio do nada…
Adorei o texto e fiquei chocado com os escandalizados com a expressão “…país atrasado, evangélico etc…” considero genial
(Y)
Acho engraçado é que o povo adora falar de quebra de paradigma de tantas coisas, aceitam tantas coisas, mas não conseguem aceitar que as pessoas tenham sua fé, a discriminação é liberada quando se trata cristãos, evangélicos ou não. Entrei neste blog com algum interesse realmente histórico, e até concordei com o argumento do autor, no que se refere a Machado de Assis e sua esposa. Mas confesso que saio daqui decepcionada e ofendida. Afinal de contas, sou evangélica, o que claramente no texto é algo pejorativo.
Talvez aqui seja um lugar somente para quem não tenha nenhum tipo de fé.
Nunca saberemos qual dos dois, Machado ou Carolina, era infértil, mas até pode ser que nenhum o era. O casal, já não muito jovem, começou por lutar com dificuldades existenciais. Podem ter adiado a progenitura e, quando a desejaram, se a desejaram, já era tarde. A “mulher que não deu filhos” é, de qualquer modo, uma frase infeliz, típica de outros tempos e outras mentalidades.
Na frase ,pais atrasado,evangélico e sem aborto
creio que o autor qui dizer pais atrasado ok.
se fomos pegar mais a fundo veremos Israel uma fonte crista que tem o aborto como atitude legal até mesmo para casos extra conjugais
evangélico, creio que o autor quis referir sobre esta atitude de “perpetuar a especie´´, e também por ser extremamente contra o Aborto
E na frase Aborto, referindo a constituição e a religiosidades que são maiorias por serem contras
FICA O RELATO A NENHUMA OFENSA OU DISCRIMINAÇÃO SOBRE AS POSSÍVEIS FALAS DO AUTO
CREIO QUE UMA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SOMADO AS ATITUDES HUMANAS E PRINCIPALMENTE AS QUE ASSOLAM ESTAS TERRAS
A questão é que existe diferença entre ser pai e mãe e paternidade e maternidade, respectivamente! No YouTube uma audiência em que havia só o Promotor como homem; Juiza, Diretora ou Assistente Social do local que acolhe Adolescentes infratores, a Mãe da Adolescente e a própria Adolescente estavam presentes! A questão que motivou a Audiência foi a Justiça conceder a Adolescente morar com a Mãe em razão do delito de baixa gravidade, cometido! A Adolescente recusou a concessão da Justiça! A Juiza chegou a sair da Sala de Audiência! Nem se deu ao trabalho de suspender a Audiência, levantar o Histórico Familiar da Adolescente com a Mãe! Me pareceu que o Ambiente Familiar fosse tóxico e a Adolescente quis evitar a volta a Instituição e com delito pior! Nos dias atuais não dá mais de considerar toda Familia como Mar de Rosas: pode haver mais espinhos que rosas, nesse “Mar”! Não ter filhos é um movimento globalizado e sem volta: o que acontece com as espécies que são pet/s: castradas! No Brasil já chegou cuidador de idoso, ser outra pessoa idosa! Avós, já teve redução em sua ocorrência com as mães quarentonas em ascensão!
E intolerância religiosa? Isso somos obrigados a tolerar? Quando acho que o discurso está inteligente, vem falar mal dos cristãos. Meu querido, mais respeito! O evangelho prega a preservação da vida. Não ataca ninguém, não favorece a morte. Se a sociedade tá achando dificuldade demais nisso, o problema certamente não está no cristianismo.
Em que pese a mão dos abusados em escrever e a interpretação dos ignorantes, vai aqui um conselho, se é que posso dá-los: a religião faz sepultar as discussões a respeito das coisas e traz um hiato que descamba para as palavras chulas e agressivas, é isso mesmo, a religião é dos homens e não criação de Deus só faz e traz discórdias e não se chega a lugar algum. Convenhamos é preciso ter espiritualidade e apatia para nos entender e nos fazer ser entendidos, quando escutamos e silenciamos mais, aprendemos também mais.