No Brasil — ou ao menos em Porto Alegre — existe o Imposto Sotaque Estrangeiro. A Elena fala um português perfeito, está no Brasil há 18 anos, mas guarda o sotaque de quem tem o russo como língua-mãe. Dia desses, pedi um serviço, ele custou mais ou menos R$ 30 por hora. Só que no dia anterior, a Elena tinha telefonado e a coisa custava R$ 300. Não estou brincando. Falamos com a mesma pessoa em dias consecutivos. Também se a Elena, que é bielorrussa, usa um táxi, tem que explicar direitinho o itinerário, mostrando que conhece a cidade. Se não faz isso, o cara vai de um bairro a outro da cidade pelo Canal do Panamá.
Aqui, quem tem sotaque tem de ser explorado, pois certamente é rico.
Ela ainda não usa Uber?
Me avisa, que mando meus dois bônus de R$ 25,00 !
Agora usa! E sempre pede para o motorista seguir o GPS.
Me solidarizo com a Elena e todos os estrangeiros e aqui sou um deles. No fundo acho que nos veem como refugiados.