Ao final deste post, deixo para vocês o link para a lista dos 100 melhores da BBC. Lá está, por exemplo, em 71º, o português Tabu, que estaria no meu Top 10. Destaco abaixo os 25 melhores deles.
Concordo com as presenças de Cidade dos Sonhos, Sangue Negro, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, A Separação, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, Holy Motors, A Fita Branca — para mim o melhor de todos — Encontros e Desencontros e Amnésia.
Além de Tabu, Cidade de Deus (38º), Amor (42º), Cópia Fiel (46º) e Dogville (76º) também estariam no meu Top 10 com A Fita Branca, Cidade dos Sonhos, A Separação, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias e Holy Motors. Teria que arranjar lugar para A Vida dos Outros (32º).
Os 25 primeiros da BBC.
01. Cidade dos Sonhos — Mulholland Drive (David Lynch, 2001)
02. Amor À Flor Da Pele — In the Mood for Love (Wong Kar-wai, 2000)
03. Sangue Negro — There Will Be Blood (Paul Thomas Anderson, 2007)
04. A Viagem de Chihiro — Spirited Away (Hayao Miyazaki, 2001)
05. Boyhood (Richard Linklater, 2014)
06. Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças — Eternal Sunshine of the Spotless Mind (Michel Gondry, 2004)
07. A Árvore da Vida — The Tree of Life (Terrence Malick, 2011)
08. Yi Yi — Yi Yi: A One and a Two (Edward Yang, 2000)
09. A Separação — A Separation (Asghar Farhadi, 2011)
10. Onde os Fracos Não Têm Vez — No Country for Old Men (Joel and Ethan Coen, 2007)
11. Inside Llewyn Davis – Balada de Um Homem Comum — Inside Llewyn Davis (Joel and Ethan Coen, 2013)
12. Zodíaco — Zodiac (David Fincher, 2007)
13. Filhos da Esperança — Children of Men (Alfonso Cuarón, 2006)
14. O Ato de Matar — The Act of Killing (Joshua Oppenheimer, 2012)
15. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias — 4 Months, 3 Weeks and 2 Days (Cristian Mungiu, 2007)
16. Holy Motors (Leos Carax, 2012)
17. O Labirinto do Fauno — Pan’s Labyrinth (Guillermo Del Toro, 2006)
18. A Fita Branca — The White Ribbon (Michael Haneke, 2009)
19. Mad Max: Estrada da Fúria — Mad Max: Fury Road (George Miller, 2015)
20. Synecdoche, New York (Charlie Kaufman, 2008)
21. Grande Hotel Budapeste — The Grand Budapest Hotel (Wes Anderson, 2014)
22. Encontros e Desencontros — Lost in Translation (Sofia Coppola, 2003)
23. Caché (Michael Haneke, 2005)
24. O Mestre — The Master (Paul Thomas Anderson, 2012)
25. Amnésia — Memento (Christopher Nolan, 2000)
Aqui, a lista completa dos 100 melhores filmes do século XXI, segundo a BBC.
Obs. tardia: é IMPOSSÍVEL deixar O Cavalo de Turim fora desta lista. E Sobre Meninos e Lobos?
Ao contrário da maioria, eu gosto de listas. Sempre acabo descobrindo algumas coisas boas. Naturalmente, nenhuma lista consegue agradar, mas isso nunca me incomodou. Em relação a essa lista, não vi inúmeros filmes apontados.
Pessoalmente, nunca consegui entender o culto ao “Cidade dos Sonhos”. Juro. Eu achei esse filme horrível. Muito mesmo. Tentei ver o filme com a maior boa vontade do mundo. Mas como o filme parece agradar muita gente, não posso fazer nada.
Eu não tenho uma lista dessas, mas não deixaria de fora “O cavalo de Turin”, “A árvore da vida”, “Tropa de Elite”, a trilogia do Batman, “Amnésia”, “Bastardos Inglórios”, “Gran Torino” e sei lá mais quantos.
GRANDE! É IMPOSSÍVEL deixar “O Cavalo de Turim” fora desta lista.
Eu botaria mais uns 10 coreanos aí. Em especial, Oldboy, Memórias de assassino, 3-iron, O Hospedeiro e Uma vida agridoce.
Mad Max? Fala sério. Odiei esse filme, ou não entendi ou o filme é horrível mesmo, das duas uma. Troco fácil por The Hidden Fortress do Kurosawa, que aliás é o meu filme preferido do japonês.
Na boa, praticamente não há o que entender em Mad Max. É só o visual mesmo… Também achei horrível. Muita gente gosta, diz que é o melhor filme de 2015, e eu aqui sem entender toda essa veneração.
Off-topic, mas achei essa carta impressionante, e acredito que mereça ser compartilhada com o maior numero de pessoas possível:
Por Álvaro Augusto Ribeiro Costa
Subprocurador-geral da República durante o governo FHC e AGU no governo Lula, hoje procurador da República aposentado
Carta a personagens imaginários
Em primeiro lugar, por favor, ninguém pense que estou falando com seres reais, nem se considere ofendido em sua honra. É que, como meros e ocasionais personagens de uma extraordinária farsa que se desenrola num lugar também imaginário, não poderiam ter existência própria nem honra que se lhes pudesse atribuir.
Quem seria o autor de tão assombrosa tragicomédia? É difícil saber, até mesmo porque os atores trocam de papéis a cada momento, numa volúpia que uma única mente, por mais delirantemente criativa, não poderia conceber. De cúmplices ou co-autores de supostos delitos, passam de repente a acusadores, transmudam-se em seguida em juízes ou jurados, sob a fantasia da isenção ou integrando a claque dos que se aplaudem uns aos outros, cada um mais convencido da excelência de suas múltiplas e medíocres representações. Um de cada vez ou em grupos, todos muito cientes dos torpes proveitos que almejam.
Cabe, porém, oportuna advertência. Quando as buscas e apreensões invadirem de surpresa seus lares e as conduções coercitivas os expuserem com ou sem razão à volúpia sádica das multidões insufladas pela mesma mídia que hoje os incensa e amanhã os vilipendiarão, não invoquem a presunção de inocência nem o direito de saber do que são acusados; não peçam que lhes seja assegurado o direito de defesa e do contraditório, nem supliquem pela presença de um juiz imparcial. Mas antes que isso ocorra, não percam tempo nem gastem dinheiro promovendo a operação lava-memória. A História não esquecerá nem apagará o nome de vocês do rol das iniqüidades e das vergonhas. E não adianta fingir que não há golpe; todo mundo já sabe.
Penitencio-me por não haver percebido antes quão distante me acho de vocês. A rotina das chamadas boas maneiras esconde a essência das pessoas. De uma coisa, porém, não tenham medo. Não cuspirei em vocês. Não é que não lhes tenha nojo. Compartilho, quanto a isso, do mesmo sentimento que Ulisses Guimarães pronunciou e prenunciou em relação àqueles a quem se dirigiu em mensagem que as ondas do Atlântico ainda hoje – e com mais força agora – repercutem. Contudo, diante da inominável deterioração moral em que estão mergulhados, o meu cuspe seria inócuo; não lavaria nada.
Devo admitir, entretanto, que me fizeram um grande favor: o de me propiciarem vê-los e ouvi-los como realmente são: preconceituosos, convencidos ou convincentes propagadores do ódio e da mentira. Em suma, cúmplices entusiasmados do que há de pior no lastimável cenário escancarado ao mundo desde a tragicômica encenação do último 17 de abril e na farsa que dali para frente cada vez mais se desenvolveu como uma enxurrada de iniquidades.
Caiu a máscara dessa gente que lhes faz companhia, cujos rostos não conseguem ocultar a mais repugnante feiúra moral. Juntando-se ao painel de mentecaptos que a televisão sem qualquer sombra de pudor ou recato revelou para assombro, vergonha ou riso de brasileiros e outros povos do mundo, vocês estarão para sempre ligados. E dessa memória pegajosa nada os livrará.
Não me digam que estão surpresos com os termos desta carta. Posso até imaginar a cena em que estarão diante de seus queridos familiares, tentando justificar a própria conduta. Por isso, explico: não se pode ser tolerante com o delito e o delinqüente quando o crime é permanente e flagrante. Seria como dialogar com o ladrão que invade a nossa casa, rouba nossa liberdade, se apossa do nosso patrimônio e quer se fazer passar por mera visita, com direito a impor o que chama de ordem. A hipocrisia se mostra com sua mais indecente nudez. Não! O diálogo e a compreensão são naturais e necessários entre pessoas que se respeitam no ambiente democrático; não, entre o predador da democracia e sua presa, entre o ofensor e a vítima. As regras de civilidade, próprias da democracia, não socorrem quem contra elas atenta. Contra esses, todas as formas de resistência são necessárias e legitimas. Não há diálogo possível.
Não importa se o arrombador dos pilares da ordem democrática possa eventualmente se valer de uma maioria parlamentar corrompida e mal-cheirosa ou de juízes parciais e desacreditados.Quando a injustiça e a corrupção se fantasiam de direito e moralidade, a justa indignação e a resistência se tornam obrigação.
Por fim, uma brevíssima oração: que Deus não os perdoe; vocês sabem muito bem o que fazem! Mas os mantenha vivos e com saúde pelo tempo suficiente para a reflexão e o mais avergonhado arrependimento.
A carta é magnífica…
Todavia, por se ter chegado ao paroxismo da infâmia, não creio que haverá qualquer arrependimento por parte dos criminosos.
Quem sabe, talvez, algum dia, historiadores e sociólogos consigam explicar como foi
possível o processo social à geração de milhões de psicopatas potencias, acima de qualquer suspeita, no Brasil.
Estamos a galope em direção à barbárie… E um sintoma de tal insensatez é a parte não desprezível da classe média que, simplesmente, é incapaz de qualquer autocrítica: o número de zumbis umbigocêntricos é assustador!
É.
Ao menos serve como comprovação de como o século XXI é uma bosta para as artes, o cinema em especial.