Quem, em Porto Alegre, não conhecia João Gilberto Noll? Ele caminhava muito pelas ruas, era um sujeito alto e desajeitado que vestia roupas surradas e formais. Tinha o rosto meio torturado, mas sorria quando nos via. Uma vez, discutimos nos comentários de meu blog. Mas logo concordamos e eu deletei a indignação dele e minha resposta. Acho que ele sabia que eu era o chato que tinha contado quantas vezes personagens seus tomavam essa ou aquela atitude. Apesar de ele parecer simpatizar comigo, nunca quis me aproximar porque Noll aparentava habitar um plano de profundos pensamentos ao qual não estou acostumado. Ele ia muito ao cinema, sentava sempre lá atrás e era dos primeiros a sair. A única vez que falamos nem foi uma conversa. Na saída de um filme, “A Vida dos Outros”, ele me olhou com a cara significativa de “Que filmaço!” e eu disse o que ele estava pensando. Noll sorriu e balançou a cabeça afirmativamente. Eu gostava muito dos seus livros.
Foto: Luiz Eduardo Robinson Achutti
Comprei dele Hotel Atlântico, conhece ?