Apesar da política, Londres é a melhor cidade do mundo e a embaixada do Equador em Knightsbridge parece ser um local especialmente quente. Que bom! Um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1990 e o mais famoso asilado político de todos os tempos apaixonaram-se na embaixada. Depois de meses de especulação, esta semana a atriz Pamela Anderson e Julian Assange, um dos fundadores do site WikiLeaks, assumiram que estão mesmo namorando. O anúncio oficial foi feito no blog de Pamela. “Meu relacionamento com Julian não é segredo”, ela escreveu. “Ele é uma das minhas pessoas favoritas no mundo e o mais famoso e politizado refugiado do nosso tempo. Julian é um ser humano extremamente empático e se importa profundamente com o mundo. E, por causa do seu trabalho, fez alguns inimigos poderosos em alguns países, nos EUA principalmente”.
Quando questionada sobre sua relação com o fundador da WikiLeaks, ela riu e disse: “Bem, ele está ‘preso’, isso dificulta um pouco as coisas”. “Vamos ver o que acontece quando estiver livre. Mas tenho passado mais tempo com ele do que qualquer outro homem, o que é muito bom e estranho”, afirmou Pamela Anderson.
Assange recebe visitas de Pamela pelo menos uma vez por mês desde outubro do ano passado. Na última visita, ela levava Get a Life: The Diaries of Vivienne Westwood para o namorado.
Eu ia colocar o nome de Monteiro Lobato no título desta pequena crônica, mas achei que não valia a pena. Afinal de contas, ele é um caso especial: não há dúvida sobre o racismo de nosso mais famoso autor infanto-juvenil. Como exemplos maiores, temos o final de Urupês, onde a miscigenação é condenada na apresentação do polêmico personagem Jeca Tatu — que depois tornou-se o pobre esquecido por um governo omisso — mas que antes fora apenas um caboclo inferior e inapto. Para o autor, o caboclo era um “funesto parasita da terra”, “seminômade, inadaptável à civilização”. Tá bom.
Se isso já era público, em 2011 foi divulgada uma carta do escritor enviada a Arthur Neiva em 10 de abril de 1928, e publicada na revista Bravo! em maio de 2011. Ali temos Lobato defender a Ku Klux Klan e seus ideais.
“País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Ku-Klux-Klan, é país perdido para altos destinos […] Um dia se fará justiça a Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca — mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”.
Mas hoje estava pensando no branco mais negro do Brasil, aquele que paradoxalmente se auto-denominava “Capitão do Mato Vinicius de Moraes”. Durante o império, ou melhor, durante a época da escravatura, o capitão do mato era um empregado público, uma espécie de policial encarregado de reprimir os pequenos delitos ocorridos no campo. Na sociedade escravocrata brasileira, sua principal tarefa era a de capturar os escravos fugidos.
Normalmente eles eram escravos libertos, o que fazia com que fossem superiores tanto aos escravos e como aos pobres livres, porém ainda assim ficavam na última categoria como empregado público. Por serem em maioria de origem escrava, eram odiados pelos cativos, já que um dia os capitães tinham pertencido a mesma posição social que eles.
Geralmente formavam grupos que variavam de acordo com a quantidade de escravos fugitivos, trabalhando em conjunto com as forças militares da colônia. A função deles era impedir a fuga de escravos e capturar os que conseguissem fugir, então tinha dupla função: a de amedrontar e de reprimir. Não, não tinham a menor nobreza.
Com o tempo, a expressão capitão do mato passou a incluir aquelas pessoas que não eram funcionárias públicas, mas que, para ganhar uma grana, passaram a procurar fugitivos para depois entregá-los aos seus donos mediante prêmio.
O capitão do mato gozava de nenhum prestígio social, seja entre os negros que tinham neles os seus inimigos naturais, seja na sociedade escravocrata, que suspeitava que eles sequestravam escravos apanhados ao acaso, esperando vê-los declarados em fuga para depois devolvê-los contra recompensa.
Agora, que brincadeira foi essa de Vinícius — que cantava sambas, fazia a apologia do negro e ainda seguia religião africana — ter apelidado a si mesmo de capitão do mato?
Olhem só este trecho do Samba da Bênção:
Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus
Hoje pouca gente lembra — às vezes até eu tenho dificuldades de lembrar –, mas por décadas trabalhei como programador, analista de sistemas e líder de desenvolvimento de projetos na área de TI. Foi lá que descobri que há um perfil de pessoa que é muito irritante para quem quer um boa equipe: os que possuem hipersensibilidade para encontrar objeções e baixa iniciativa para propor soluções. Em um primeiro momento, é bom contar com esses chatos; afinal, eles nos auxiliam a corrigir rumos, mas depois, com o processo em andamento, tudo o que queremos são saídas para os eventuais buracos, não gente meio paralisada, reclamando. Chega sempre o momento em que apenas se resolve.
Penso nisso quando vejo a esquerda — trincheira a qual pertenço — ostentando faixas de “Nenhum direito a menos”. Todos os governos, inclusive os do PT, sempre se referiram à Previdência como uma bomba-relógio. Então tomo como premissa a obviedade que hoje alguns negam, ou seja, de que há um rombo crescente na Previdência. E aí é que entram os Reis da Simples Objeção. Esses objetantes não se dão nem ao trabalho de propor alguma alternativa, só de opor o argumento de “não quero, não aceito perder meus direitos”.
E há muita coisa que a esquerda poderia trabalhar no caso: por que não criar uma proposta alternativa que combata, por exemplo, as desigualdades que permitem que ricas entidades religiosas não paguem impostos, as castas de super-aposentados como juízes, milicos, políticos e… funcionários públicos, a falta de taxação de grandes fortunas, a moleza na recuperação de débitos de empresas com o fisco, as pensões incríveis associadas às filhas de militares (4 bilhões de reais só em 2015), etc.?
Não, nada de criar nada. Na Reforma Trabalhista, também não existe nenhuma contraproposta consolidada para, por exemplo, diminuir a desigualdade que só vai aumentar com a Reforma. Só o “Nenhum direito a menos”. Gente, o governo, ilegítimo ou não, está aí fazendo a festa de seus financiadores. Há que fazer política.
Bertrand Russell ficaria apavorado com o Brasil. Ele dizia que a política era o “conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados”. Aqui, o meio que a esquerda quer usar é o de bater o pé no chão. Acho que estamos é fodidos.
O Novo Hamburgo mereceu ganhar o campeonato, claro. Foi líder de ponta a ponta. Porém, quando Ernando marcou o gol contra, imediatamente lembrei do Luís Eduardo Gomes, colorado e excelente repórter do Sul21. Desde o início do ano ele diz que os caras que afundaram o Inter em 2016 não deveriam ser escalados nunca mais. Nunca mais. E Ernando, Paulão, Andrigo, Ferrareis e Anselmo fazem parte da lista. Hoje, o Louis teve mais razão do que nunca. O lance do gol do NH foi patético. A impressão foi a de que Ernando quis fazer aquilo, tão perturbado entrou em campo. Pareceu 2016 invadindo 2017. E a cabeçada de Ernando foi a única bola a chegar ao nosso gol durante todo o jogo…
De onde tu, Zago, tiraste a ideia de trazer Ernando justo para o jogo final? Nada contra a dignidade pessoal dos atletas da lista, só que eles não têm mais ambiente e são detestados pela torcida. Devem seguir suas carreiras em plagas distantes. Por que insistir? E havia Ceará na reserva, lateral direito acostumado a ser improvisado do lado esquerdo. Não seria uma opção mais inteligente do que improvisar um zagueiro na posição?
Ao final do campeonato ninguém mais lembra dos pênaltis surrupiados — houve mais um hoje — e dos gols perdidos. Futebol é resultado. Ninguém hoje dá bola para o fato de que o lesionado Danilo Fernandes não tocou na bola durante os 48 minutos do segundo tempo, quando o Inter teve uma escalação sem invenções. Porque não adianta, é imbecilidade falar nisso.
Ah, as invenções… Na minha opinião, o Inter perdeu a disputa no domingo passado ao entrar com três volantes em campo. Ou seja, tudo começou com a escalação de Anselmo e foi coroado pela entrada de Ernando hoje. E a Lei de Luís Eduardo Gomes permanece válida. Tu, Zago, conseguiste perder uma decisão de campeonato para um time tecnicamente inferior. Nos momentos em que pressionamos, isso ficou escancarado. O NH passava a dar chutões. Só que isso só acontecia quando estávamos atrás no placar. (Aliás, nunca estivemos na frente).
E não venha me dizer que tu mudas o jogo no intervalo. Tu apenas corriges erros evidentes.
Era a vez dos azuis, fazer o quê?, mas será que um dia tu saberás te impor e ganhar? Sei não…
Quando recebi este livro de Gustavo Melo Czekster, sorri imediatamente. Conheço o Gustavo. Ele é um cara simpático de 1,90m e tem o sorriso mais fácil do mundo. Invejo-o. Trata-se de um craque das fotos, algo que nem sempre é fácil para este que vos escreve. Porém, se eu tirasse uma foto com o autor de Não há amanhã, sei que sorriria de forma muito convincente. Inevitável. Parece um sujeito muito alegre. Mas… Ao ler os 30 contos de Não há amanhã, ficam claras as sombras de envolvem esta criatura que, de forma concomitante ao lançamento do livro, mudou sua foto de perfil no Facebook, antes sorridente, por uma muito séria (abaixo). Não vou especular.
Sempre que recebo um livro de um amigo, fico na dúvida se devo ler ou não. Porque é chato criticar pessoas que cruzam com a gente. Tenho graves problemas nesta área. Já dei palestras a respeito do tema de ser crítico em nossa província. Na palestra, contei sobre a Ospa, sobre alguns escritores que passaram a me negar cumprimento, sobre ameaçadores e-mails, sobre músicos que dizem que eu não entendo nada de nada, sobre pequenos linchamentos patrocinados por autores e músicos no Facebook que costumam dar o link de meu texto e perguntar para seus amigos: “Vocês concordam com este crápula?”. Quem está de fora, ri, enquanto eu procuro ignorar, o que é difícil às vezes.
Abri Não há amanhã, segundo livro de Gustavo — não li o primeiro — e, após o susto de ler seu prefácio histericamente laudatório — autoria de um sujeito que fala em “estonteante linha final” –, fiquei surpreso por sua alta qualidade. Estou com sorte porque, nos últimos seis meses, li três excelentes livros escritos por vizinhos: o de Nelson Rego, o de Julia Dantas, o de Iuri Müller e este. Ufa, vou passar mais um tempo sem problemas, já que desisti de escrever sobre a música de Porto Alegre.
Não há amanhã é um livro de 160 páginas e 30 contos que variam entre o curtíssimo — praticamente crônicas ficcionais — e o longo. Mas a característica principal é que, mesmo que autor transite bastante na área do fantástico, suas criações não são nada leves, ligeiras ou meramente mágicas. São histórias de impacto que não prescindem de um pós-prandial reflexivo. Eu não conseguia partir para a próximo conto sem parar para pensar sobre o que tinha lido. Algumas histórias são dignamente grandiosas, outras são irônicas, mas todas elas perturbam através de elementos representativos de fatos exteriores que amplificam o texto.
Gostei muito do insolucionável Problemas de Comunicação, do ofegante A Passionalidade dos Crimes, do curioso e igualmente ofegante Neve em Votkinsk, dos conselhos de Os que se arremessam, das multiplicações de Os problemas de ser Cláudia (que merecia perder seus 3 últimos parágrafos *), do mímico Mas não falam, das elegantes equações de A revolução como um problema matemático, da bela cena de O silêncio e do parque de Um outro sentido. Mas nada do restante é esquecível.
Os contos guardam fartas doses de unidade entre si e, repito, não são de modo algum literatura descartável, de entretenimento. Czekster consegue fabular e ser autenticamente filosófico, por todo o tempo. É literatura séria, até um pouco dura e sombria, onde o fantástico e a morte estão muito presentes.
Recomendo fortemente.
* Explico: como um devoto da ficção, não gosto quando entra certo “tom de tese”. Não estraga o conto, mas ele poderia ser perfeito, não?
Três volantes para jogar no Beira-Rio, Zago? Três volantes no Beira-Rio para depois decidir fora? Quantos colocarás em Novo Hamburgo? Quatro? Está certo que é um time da região de imigração alemã do RS, mas, veja bem, não é a Seleção da Alemanha, não nos meteria 7 x 1 mesmo se jogássemos como um time grande. Com este esquema, já tínhamos jogado mal em Caxias. E o que fizeste? Repetiste tudo, deixando D`Alessandro sozinho na armação. Viramos o primeiro tempo perdendo e o que tu fazes? Ah, tiras o volante Anselmo. E ganhamos o segundo tempo por 2 x 1.
O volante Anselmo é um problema. Achei legal ele beijar a criança que levava no colo antes dos hinos, mas foi só. Ele atrapalha os avanços de Dourado e, quando recebe a bola para passar, erra. Ao escalar Anselmo, tu esculhambas boa parte da mecânica do time. Além disso, paradoxalmente, os três volantes batem cabeça no meio de campo, deixando largos espaços ao adversário. O time parece mais seguro com dois. Anselmo pode ser um substituto do Dourado mas não jogar ao lado dele. Melhor entrar com Valdívia ou mesmo Roberson.
Dizem que a Folha de Pagamento do Inter gira em torno dos 7 milhões de reais e que a do NH bate em 150 mil. Isto indica que a qualidade técnica de nossos jogadores deve ser melhor. E é, tanto que fizemos dois gols num time melhor organizado do que o teu. O gol de Nico López foi uma pintura a que o NH não pode aspirar fazer. Só que eles são muito competentes como equipe e tu ainda não acertaste o time, além de dar mostras de medo.
Já o goleiro Keiller é um terceiro goleiro de 20 anos que está jogando em razão da lesão dos dois titulares. Ele falhou lamentavelmente no segundo gol do Noia, talvez no primeiro também. Mas não podemos responsabilizá-lo. Era uma decisão e é normal que ficasse nervoso. Espero que Lomba ou Danilo possam jogar em NH, pois o guri não merece essa fogueira.
A propósito, o Inter pode fazer a final do Gaúcho sem goleiro profissional. Como sabemos, Danilo Fernandes quebrou o pé, Keiller, o braço, e Marcelo Lomba está com uma distensão grave. Só temos 3 goleiros inscritos e o adversário, consultado pela Federação (pois é um caso não previsto no regulamento), não permitiu que o Inter inscrevesse um quarto. Diversão para o domingo que vem.
E como gostamos de cruzamentos, não, Zago? Brenner já cabeceia mal e hoje estávamos com Carlos que é tudo menos cabeceador. Parece que tudo leva à bola alta. O goleiro do NH cansou de sair tranquilamente para agarrar a bola em cruzamentos para ninguém.
Não sei se seremos campeões no próximo domingo, não vai ser mole, ainda mais se tu seguires complicando.
(Ah, Argel, que é MUITO MAIS INCOMPETENTE do que tu, acaba de ser demitido do Vitória).