Um amigo meu que não via há tempo me contou uma história sobrenatural. Ele viu uma mulher na rua, objetificou-a severamente por alguns dias, reencontrou-a, apresentou-se quando ela meio que sorriu pra ele, ela soube de tudo, fizeram sexo consensual e estão juntos há dez meses, felizes. Achei incrível a história. A natureza humana é muito surpreendente.
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Marchezan diz que a cidade está um caos.
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Vou dar um tiro nessa veia…
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Pensei muitas vezes que um bom escritor é o contrário de um bom político. Um bom político é aquele que enfrenta um problema complexo, reduz esse problema às suas linhas essenciais e o resolve pela via mais rápida; em contrapartida, um bom escritor é aquele que enfrenta um problema complexo e em vez de resolvê-lo, o torna ainda mais complexo e um escritor genial é aquele que cria um problema onde antes não existia nenhum. Os bons políticos simplificam a nossa vida e os ruins a complicam e complicando-a, empobrecem-na, enquanto os maus escritores simplificam a nossa vida e os bons a complicam e complicando-a, enriquecem-na: é por isso que os bons políticos costumam ser tão maus escritores e os bons escritores, tão maus políticos.
Trecho acima da conferência O Ponto Cego, de Javier Cercas, publicada na Revista Serrote 27 de novembro.
(E Bach, que pega um tema simples e o mostra de tantas formas diferentes que tu ententes que a simplicidade, simplesmente, não existe?)
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David McLane:
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Depois o cara não recebe o Nobel de Literatura e não sabe por quê.
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Especialmente nos dias de hoje, não existe nenhuma razão para existir a menos que se creia possível fazer da própria vida algo decisivo. Para todos, para a humanidade. Isso exige uma certa quantidade de atrevimento. Uns poderiam chamar de ambição, outros de desfaçatez. Se tentasse explicar esse ponto de vista, decidiriam me amarrar em uma camisa-de-força imediatamente. Contudo, se você acha que as forças históricas estão mandando tudo e todos para o inferno, você pode resignadamente se juntar à procissão ou então se afastar; e se afastar, não por orgulho ou por outros motivos particulares, mas sim por admiração e amor pelos potenciais e capacidades do ser humano para os quais, sem exagero, as palavras “milagre” e “sublime” podem ser aplicadas.
(Saul Bellow, A mágoa mata mais)
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Admirável o filme “Com Amor, Van Gogh” ou, mais corretamente, “Com Amor, Vincent”. É uma animação para adultos que envolveu a criação de 62.450 quadros a óleo para contar os dias finais da vida do pintor. Mas os aspectos técnicos, apesar de impressionantes, ficam secundários, servindo para contar uma história sensível e emocionante. Um dos melhores filmes do ano, sem dúvida.
Já “Thelma” é um filme escandinavo que envolve ódio e paranormalidade. Não tem a qualidade do primeiro, mas é tão bom que tenho certeza que os estadunidenses logo farão um remake piorado. Vi ambos no Guion Cinemas.
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Nova primeira ministra da Islândia, Katrin Jakobsdottir, tem 41 anos, é socialista, feminista, anti-armas, luta por igualdade de gêneros, vai expandir a saúde pública e acha o Acordo de Paris contra o aquecimento global fraco.
Infelizmente, não dá para importar. Fiquemos com Temer, Sartori e Marchezan. Afinal, votamos neles (nos três).