A Aventura do Estilo, de Henry James e Robert Louis Stevenson

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Este é um curioso livro que reúne dois escritores muito diferentes: Henry James (1843-1916) e Robert Louis Stevenson (1850-1894). O volume abre com dois ensaios, um de James sobre A Arte da Ficção e a devastadora resposta de Stevenson na forma de outro ensaio. Depois vemos formar-se uma improvável amizade entre ambos — escritores de estilos, interesses e forma de viver muito diversos — que ficou registrada em numerosa correspondência que pode ser lida em A Aventura do Estilo.  O livro finaliza com mais dois ensaios de James, ambos, é claro, sobre Stevenson.

Li muitos livros de James durante a juventude. Adorava suas análises psicológicas, seus personagens sofisticados e sua forma literária de fazer muito com pouco. A literatura de James dá imensa importância ao psicológico e, durante o ensaio A Arte da Ficção, ele cita de passagem Robert Louis Stevenson.

Já Stevenson é uma admiração mais recente. Este escocês é totalmente diferente ao inserir fatos espetaculares e muito de romanesco em suas histórias. Em seu ensaio-resposta, Stevenson detona James principalmente ao dizer que o romance não tem a capacidade de imitar a vida, mas apenas de  representá-la. Ademais, seu projeto literário é totalmente diferente, dando grande importância ao entretenimento e à imaginação.

O resultado é que, de forma surpreendente, James admite tacitamente os argumentos de Stevenson e eles se tornam grandes amigos, tendo acontecido inclusive o fato de James ter alterado (de leve) sua forma de escrever sob a influência do amigo. Ambos eram escritores conhecidos e respeitados. James era tido por profundo enquanto Stevenson era mais popular.

A correspondência entre ambos fala sobre literatura, mas também sobre as dificuldades de cada um. Stevenson é um britânico cuja saúde não pode com o frio e ele se muda para Samoa, no meio do Oceano Pacífico. Lá, pode viver. Ele tem sucesso literário e talvez fosse rico na Inglaterra. Já em Samoa, tem que lavrar a terra para poder comer. Enquanto isso, James é um norte-americano naturalizado inglês que é mais inglês do que qualquer outro escritor. Ama Londres e a cultura da Europa, mas ganha muito pouco com seus livros. Na correspondência, ficamos sabendo que ele até tenta escrever peças de teatro a fim de levantar alguma grana.

No final do livro, após a morte de Stevenson, James faz dois ótimos ensaios laudatórios ao amigo.

A Aventura do Estilo é bom livro, principalmente se você tem familiaridade com a dupla de autores.

O aristocrata norte-americano James e aventureiro britânico Stevenson.

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