Artistas que você deveria cancelar (V): Heitor Villa-Lobos

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OK, músicos são artistas que precisam do poder. O poder detêm teatros e orquestras, mas digamos que alguns se apaixonam e fazem demais.

Foi o caso de Villa-Lobos. Ele se colocou a serviço do governo Getúlio Vargas, aquela coisinha fascista entre os anos de 1930 e 45, foi seu parceiro mais precisamente durante o Estado Novo, entre 37 e 45. Durante este período, o artista usou o seu talento para construir um programa de educação musical ligado aos interesses do regime. Mas a relação não era daquelas do tipo cerveja Caracu (tu entra com a cara e eu com o cu), era uma relação em que ambos ganhavam. Afinal, Villa-Lobos também tirou proveito da ligação para divulgar a sua música e deixar seu nome como o de maior compositor nacional.

Em 1934, Gustavo Capanema assumiu o Ministério da Saúde Educação e Cultura. Homem afeito às artes e à cultura, Capanema convidou artistas e intelectuais para compor seu ministério. Villa estava no grupo. Então, o canto orfeônico foi tornado obrigatório nas escolas. Tudo ajudava. Villa era um nacionalista e Vargas também. Em defesa de Villa, pode-se dizer que a vinculação da ideologia nacionalista do governo não se restringia ao âmbito artístico e musical. Toda política educacional do governo Vargas voltava-se para o aspecto nacionalizante da educação, valorizando a brasilidade e procurando afirmar a identidade nacional. Contra Villa, há apenas a ditadura de Vargas, o que não é pouca coisa.

O Canto Orfeônico tornou-se o modelo nacional de educação musical e, por meio de seu repertório cívico, sacralizou um conceito de brasilidade proposto pela reforma de ensino do governo Getúlio Vargas. A Superintendência Educacional e Artística (SEMA) oportunizou a implantação desse projeto de educação musical, baseado na prática de canto orfeônico, que associava música, disciplina e civismo.

Um exemplo da exaltação a Getúlio e seu governo está na peça “O Canto do Pajé”. A canção foi executada algumas vezes por coros orfeônicos comandados pelo próprio Villa para homenagear o presidente, enquanto este se dirigia ao palanque para proferir discursos em datas nacionais.

Sorrisos de Vargas e Villa.

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