Bamboletras recomenda o último Bernardo Carvalho e duas boas biografias

Bamboletras recomenda o último Bernardo Carvalho e duas boas biografias

A newsletter de amanhã da Bamboletras.

Olá!

Duas biografias de grandes intelectuais — Hannah Arendt e Euclides da Cunha — e mais o último romance de Bernardo Carvalho — O último gozo do mundo — fazem a alegria desta semana tiritante.

Mais detalhes abaixo. Boa semana com boas leituras!

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O último gozo do mundo, de Bernardo Carvalho (Cia. das Letras, 144 páginas, R$ 49,90)

A história de uma professora de sociologia que vê seu casamento desmoronar pouco antes do início de uma pandemia global. “O último gozo do mundo” é o décimo terceiro livro de Bernardo Carvalho. Presa de um tempo em que “a leitura do mundo tornou-se descontínua e episódica”, a protagonista desta novela parte, com o filho pequeno, numa jornada para um retiro no interior do Brasil. Lá, mora um homem que prevê o futuro depois de ter sobrevivido ao vírus ameaçador. Um rastro de perplexidade e de perguntas sem respostas vai sendo deixado para trás, numa narrativa enigmática, eletrizante e que se torna mais e mais perturbadora. Podemos distinguir as causas dos efeitos? Como damos sentido a uma narrativa? O que restou de humanidade num Brasil dominado pela morte?

Arendt, entre o amor e o mal: uma biografia, de Ann Heberlein (Cia. das Letras, 256 páginas, R$ 64,90)

Este perfil biográfico entrelaça a vida e a obra de Hannah Arendt, autora de obras fundamentais como Origens do totalitarismo e Eichmann em Jerusalém. Inclui posfácio de Heloisa Starling. A vida de Hannah Arendt se estende por um período imprescindível na história do mundo ocidental, que abrange não apenas a ascensão do regime nazista e as crises da Guerra Fria, mas a formulação de reflexões fundamentais sobre o valor e a culpa da humanidade diante desses episódios. Nesse sentido, suas contribuições intelectuais estão diretamente relacionadas à sua vida, marcada por experiências terríveis, mas também por amor, exílio e saudade.

Euclides da Cunha, uma biografia, de Luís Cláudio Villafañe G. Santos (Todavia, 432 páginas, R$ 89,90)

Euclides da Cunha viveu apenas 43 anos e foi militar, engenheiro, jornalista, cientista, literato e cartógrafo. A despeito da abundância de fontes, alguns episódios de sua vida continuam pouco conhecidos, como a expedição à Amazônia e a passagem pelo Itamaraty. Esta biografia traz ainda novas interpretações para eventos conhecidos, sublinhando contradições entre o discurso e os fatos, o que realça sua profunda humanidade.

Doramar ou A Odisseia, de Itamar Vieira Junior

Doramar ou A Odisseia, de Itamar Vieira Junior

Torto Arado recebeu merecido reconhecimento público no Brasil. A história de Bibiana e Belonísia é ótima. É um esplêndido livro que gira em torno de vários temas, preferencialmente a escravidão, o racismo e a situação da mulher. Além disso, dentro de um arcabouço poético raras vezes obtido, também abre um Brasil desconhecido das grandes cidades. O livro é portentoso e vendeu 200 mil exemplares em nosso país tão triste e pouco leitor. Se não me engano, Torto Arado é o terceiro livro de Itamar. Antes, ele havia publicado A Oração do Carrasco e Dias. Pois este Doramar é uma revisão ampliada de Oração. Deixando claro: Doramar não é uma apenas uma reedição revisada. Há inéditos nele.

Sim, ainda prefiro Torto Arado, mas, puxa vida, como Doramar é bom! As razões de sua qualidade são parecidas: traz questões sociais de negros, ribeirinhos, índios, mulheres e alcança profunda compaixão e poesia. Mas a poesia de Itamar não torna as coisas sujas mais belas, ela é um filtro catalisador de impressões, empatias e ódios.

Contos como A Floresta do Adeus, Alma, VoltarDoramar ou A Odisseia retomam o tema das mulheres que enfrentam situações adversas. No último conto, o que dá título ao livro, é narrada a história de uma empregada doméstica que, ao sair do trabalho, vê um cão à morte e queda-se ou desaba em pensamentos sobre sua condição de mulher pobre e negra. O profundamente poético e terrível Meu mar (fé) faz lembrar vagamente outra obra-prima, o conto Mijito, de Lucia Berlin. Alma conta a história de uma escrava que foge e inicia uma caminhada obstinada e solitária ao interior do país. Fala da escravidão e tem um final arrepiante. A Oração do Carrasco é sobre um profissional da morte extremamente pragmático, que não contesta a necessidade de seu ofício, mas que não consegue convencer seu filho a abraçar a mesma profissão. Manto da Apresentação traz o artista plástico Arthur Bispo do Rosário. Os outros contos não são esquecíveis.

O resultado é um painel triste e espantoso. Itamar é um artesão, seus contos trazem um misto de lirismo e dureza, sendo de linguagem extremamente trabalhada, mas cujo suor não é passado ao leitor. A finalização de alguns deles — como A Floresta do Adeus — é de um virtuosismo arebatador. Acho que Itamar é o autor mais vendido atualmente no Brasil e tenho a certeza de que este posto foi raras vezes melhor ocupado.

Recomendo fortemente.

Mesmo inferior a Torto Arado, Doramar é excelente. Itamar veio para ficar.

Os livros mais vendidos em junho na Bamboletras

Os livros mais vendidos em junho na Bamboletras

E vamos aos mais vendidos de junho! Itamar Vieira Júnior, que já ocupava o topo de nossa lista há um bom tempo, agora ocupa a primeira e a segunda colocações. E, como de costume, só temos ótimos livros em nossa lista! Os leitores da Bambô só levam coisa boa. Apareça, aqui há qualidade e curadoria!

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia)
2. Doramar ou a Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
3. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
4. Notas sobre o Luto, de Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras)
5. Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei (Companhia das Letras)
6. E se as cidades fossem pensadas por mulheres, de Laura Sito e Mariana Félix (Zouk)
7. João aos pedaços, de Flávio Ilha (Diadorim)
8. Porto Alegre, Cidade Baixa: Um bairro que contém seu passado, de Renato Menegotto (Marcavisual)
9. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
10. Diários: 1909-1923, de Franz Kafka (Todavia)

Você confere todos estes sucessos aqui na Bambô!
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se isto não é amor

Amar o dia, detestar o dia,
chamar a noite e desprezá-la logo,
temer o fogo e acercar-se ao fogo,
ter a um tempo pena e alegria.
Estar juntos valor e covardia,
o desprezo cruel e o brando rogo,
ter valente entendimento cego,
atada a razão, livre ousadia.
Buscar lugar em que aliviar os males
e não querer do mal fazer mudança,
desejar sem saber que se deseja.
Ter o gosto e o desgosto iguais
e todo o bem livrado na esperança,
se isto não é amor, não sei o que seja.

María de Zayas y Sotomayor (Madrid, 12 de setembro de 1590 – depois de 1647)

Drops políticos

Drops políticos

Este governo é o governo do baixo clero, dos achacadores, dos pequenos ladrões, das rachadinhas, das pequenas propinas para viabilizar um prédio aqui ou uma obra ali. Não é um governo de grandes ladrões, como já tivemos tantos, é um um governo ao qual falta conhecimento para tudo, até para roubar. Falta-lhes educação, ética, humanidade, inteligência, classe (no sentido de elegância), tudo. Não conseguem nem nos enganar…

Superfaturar a vacina que todos estão esperando e de olho é burrice. Apoiar madeireiras para devastar a Amazônia é outra burrice. Ah, que saudades do Temer..

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“Acabou Chorare” é um dos melhores discos já lançados no Brasil — alguns dizem que é o melhor –, mas agora só quero ouvir “Acabou Sonaro”.

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Bolsonaro se descontrola facilmente quando as perguntas vêm de mulheres. Eu acho que, se os questionamentos viessem de um repórter vestido de militar, ele se apaixonaria na hora. Sai do armário e vive uma vida autêntica, quirido!