Bamboletras recomenda dois excelentes romances e uma biografia

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Ian McEwan

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Índice médio de felicidade, de David Machado (Dublinense, 320 páginas, R$ 69,90)

Índice médio de felicidade é livro que gruda. Sua história é escrita de forma profundamente humana e nervosa. Garantimos que em nenhum momento você conseguirá um afastamento emocional do livro. Cobre depois da gente! Após décadas de crescimento, lá por 2012 Portugal soçobrou em uma profunda crise econômica e o desemprego cresceu. O romance é narrado por Daniel, um jovem na casa dos 30 anos que se vê sem ter o que fazer. Demitido de uma agência de viagens, ele passa a realizar pequenos trabalhos, vê sua esposa mudar-se para o interior com os filhos e fica em Lisboa, aguardando a sorte e ocupando-se com todo o tipo de coisas, muitas delas perfeitamente inúteis para tirá-lo do buraco. Otimista ao mais alto grau, Daniel vai resistindo de forma muito peculiar e humana: procura não encarar a dura realidade e a falta de perspectivas. Porém, à medida que lemos o romance, sentimos crescer um subtexto que caminha na direção contrária ao que diz o narrador. Suas boas intenções passam a ser claramente hostis a ele próprio. Um verdadeiro achado. A história é ótima, com um belo final. O bom humor do livro e a extraordinária capacidade narrativa de David Machado — um ex-economista que não escreve uma palavra em economês — garantem um livraço. Índice Médio de Felicidade recebeu o Prêmio da União Europeia para a Literatura.

Lições, de Ian McEwan (Cia. das Letras, 568 páginas, R$ 119,90)

Enquanto o mundo tentava curar as feridas da recém-terminada Segunda Guerra Mundial e a Cortina de Ferro se fechava cada vez mais, a vida de Roland Baines, um menino de onze anos, vira de cabeça para baixo. Em um internato a milhares de quilômetros de sua família, a vulnerabilidade infantil do garoto atrai a professora de piano, Miriam Cornell, deixando marcas profundas que nunca serão esquecidas. Contudo, já adulto, sua esposa desaparece, deixando-o sozinho com o filho ainda bebê. À medida que o medo da radiação de Tchernóbil se espalhava pela Europa, Roland parte em uma busca por respostas que o farão se embrenhar cada vez mais profundamente em seus próprios traumas. Trata-se de uma história épica de um homem comum e um retrato da Europa dos séculos XX e XXI, além de um debate sincero sobre família, Estado e, claro, amor. E há McEwan, um notável escritor que você tem que conhecer.

A odisseia: memórias e devaneios de Jupiter Apple, conversas com Julio Manzi (Psico BR, 212 páginas, R$ 130,00)

Não se assuste com o preço! A Bamboletras é quem está vendendo mais barato. É um livro lindo, de capa dura e edição muitíssimo caprichada para contar a história de um dos  mais originais e criativos músicos surgidos no Brasil das últimas décadas, Jupiter Apple. Considerado um ícone do rock gaúcho, lançou clássicos como “Um lugar do caralho”, “Miss Lexotan”, “Mademoiselle Marchand” e “Beatle George”. Durante os seus últimos meses de vida, Jupiter Apple se encontrou diversas vezes com o também músico Juli Manzi, para longas conversas que deveriam se tornar uma autobiografia oral. O resultado está neste belíssimo livro, que traz, na fala absolutamente única e delirante de Jupiter Apple, uma visão íntima de sua vida e obra.

Bamboletras recomenda o novo livro de Rosa Montero, mais Haddad e Fuks

Bamboletras recomenda o novo livro de Rosa Montero, mais Haddad e Fuks

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Um novo romance da grande Rosa Montero, um ensaio político de Fernando Haddad e as reflexões e sentimentos de Julián Fuks durante a pandemia são as sugestões da Bamboletras para a semana. Não é pouca coisa. Três gêneros, três importantes livros.

Uma excelente semana com boas leituras!

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A Boa Sorte, de Rosa Montero (Todavia, 256 páginas, R$ 69,90)

Desde o lançamento de A ridícula ideia de nunca mais te ver, todo livro novo de Rosa Montero é um acontecimento. Agora, a inquieta espanhola chega pela primeira vez com um romance cujo personagem principal é masculino. O que leva um homem a saltar de um trem em uma cidade sem maiores atrativos, que não era seu destino original, e se esconder ali? S. eu objetivo é recomeçar a vida ou simplesmente acabar com ela? Seja qual for a resposta, o destino o trouxe para uma cidade que está lentamente definhando. A ruína parece mais perto a cada dia, porém… (Sem spoilers). Na cidade, todos parecem arrastar algum segredo, alguns sombrios, outros simplesmente ridículos. Também há humor naquela cidade triste, porque a vida tem muita comédia. E pessoas que fingem ser quem não são, ou que escondem o que planejam. É o grande jogo das falsidades enquanto uma intriga hipnotizante revela o mistério daquele homem.

O Terceiro Excluído, de Fernando Haddad (Zahar, 288 páginas, R$ 64,90)

Em outubro de 2018, o então candidato à presidência da República Fernando Haddad recebeu o professor do MIT Noam Chomsky em sua casa. O Brasil vivia seu momento mais dramático desde a redemocratização e a ameaça de uma guinada autoritária não era percebida por grande parte dos eleitores. Da conversa sobre política e linguística surgiu a provocação que originou O terceiro excluído. A teoria universalista de Chomsky afirma que é possível nos entendermos independentemente da cultura em que estejamos inseridos. O que explica então o atual surto de incomunicabilidade, em que não parece haver denominador comum para o debate público? O que nos impede de construir um futuro melhor para todos, com menos carências materiais e espirituais? Neste estudo denso e provocador, Haddad apresenta uma nova contribuição para as teorias da emancipação humana, a partir da qual pode emergir uma abrangente linha de ação política.

Lembremos do Futuro, de Julián Fuks (Cia. das Letras, 136 páginas, R$ 69,90)

Em trinta crônicas selecionadas, escritas nos períodos mais críticos da pandemia, Julián Fuks reflete sobre a perda e a solidão, a fragmentação do tempo e as incertezas futuras de um país. Mas nestas linhas há também esperança: pelo que podemos construir, ou reconstruir, a partir de nossas experiências. Suas incertezas e medos, a insegurança com a saúde da família e de amigos, se somaram ao que ocorria do lado de fora: as arbitrariedades do governo, a distância dos conhecidos, a contagem diária de mortes. Valendo-se de Virginia Woolf a Drummond, de Natalia Ginzburg a Clarice Lispector, Julián Fuks busca compreender as sensações conflitantes, a incerteza do tempo e os vazios na convivência com os outros. É nas frestas do horror que o autor procura as belezas menores, para com elas construir algo novo, a nova identidade do que queremos ser, no futuro que ainda não devemos esquecer. 

Bamboletras recomenda só livros sensacionais

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A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Silvina Ocampo (1903-1993)

Olá!

Ah, vocês pensam que a gente está exagerando? Pois não estamos não. Estamos indicando o início da Quadrilogia das Estação de Karl Ove Knausgård, o segundo livro lançado no Brasil da grande Silvina Ocampo e o delicado relado dos dias finais de García Márquez (com fotos). Viram? Não estávamos brincando! Veja abaixo!

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Outono, de Karl Ove Knausgård (Cia. da Letras, 208 páginas, R$ 69,90

Quem leu a série Minha Luta, sabe que Karl Ove Knausgård faz descrições como ninguém. E agora ele retorna com uma sensível e encantadora Quadrilogia das Estações. Outono, primeiro volume da nova série, é uma coletânea da aguçada observação do autor sobre a vida que o cerca. “28 de agosto. Agora, enquanto escrevo, você não sabe nada a respeito de nada – o que a espera, em que tipo de mundo você há de surgir.” Assim começa Outono: com uma carta de Karl Ove Knausgård para a filha que ainda não nasceu, contando-lhe o que deve esperar ao vir à luz. Com breves capítulos que tratam do mundo material e natural, ele descreve os mais diversos elementos com a precisão e a intensidade hipnotizantes que se tornaram sua marca. De forma sensível, relata também os dias ao lado de sua esposa e de seus filhos na zona rural da Suécia, baseando-se nas memórias de sua própria infância para dar uma perspectiva inigualável sobre a relação entre pais e filhos. Nada é pequeno ou grande demais para escapar de sua atenção.

As Convidadas, de Silvina Ocampo (Cia. das Letras, 264 páginas, R$ 79,90)

Segundo livro da autora argentina publicado no Brasil, As Convidadas reúne 44 contos breves em que fantasmas emergem de fotos, crianças surdas-mudas criam asas e o absurdo irrompe de fatos e objetos cotidianos para destroçar a monotonia das relações familiares. Uma das escritoras fundamentais do século XX, Silvina Ocampo vem sendo revalorizada com entusiasmo nos últimos anos. Seu nome é cada vez mais citado como referência por uma nova geração de autoras que tem alcançado protagonismo nas letras latino-americanas, e sua obra começa a sair da sombra de figuras como Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges, que faziam parte de seu grupo literário em Buenos Aires. As Convidadas, lançado originalmente em 1961, é considerado emblemático em sua maturidade estilística. As obsessões da escritora, como as crianças que agem de maneira enigmática e muitas vezes parecem mimetizar os adultos, chegam-nos já no primeiro conto, “Assim eram seus rostos”, até atingirem uma apoteose no texto que dá título ao livro. Nele, um garoto enfermo é deixado a sós com a empregada em seu aniversário de seis anos, quando recebe como convidadas meninas estranhíssimas, vindas sabe-se lá de onde. O desfecho é uma síntese do humor absurdo presente na prosa de Silvina, sempre atravessada por elementos insólitos e perturbadores.

Gabo & Mercedes: Uma despedida, de Rodrigo García (Record, 112 páginas, R$ 64,90)

O relato íntimo dos últimos dias de um dos maiores autores da literatura mundial, Gabriel García Márquez, e de sua esposa e musa inspiradora Mercedes Barcha, escrito pelo filho mais velho do casal, Rodrigo García. Em 2014, aos 86 anos, Gabriel García Márquez, um dos escritores de língua espanhola mais queridos do mundo e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, pegou um resfriado. “Desta, a gente não sai”, disse Mercedes Barcha, sua esposa havia mais de cinquenta anos, a Rodrigo, filho mais velho deles. Para tentar dar sentido ao período difícil que a família teria pela frente, Rodrigo começa a colocar em palavras detalhes daqueles dias que ficariam para sempre em sua lembrança. O resultado é uma crônica forte e emocionante dos últimos momentos do mestre latino-americano e de sua musa inspiradora, que nos deixou seis anos depois de perder seu amado Gabo. Com talento, respeito e delicadeza, Rodrigo García traça um retrato comovente e revelador de uma família que sofre com a perda de um ente querido e transforma uma das mentes mais brilhantes da literatura internacional em um memorável protagonista. Em um encarte com fotos, ele relembra os dias de glória do pai como escritor, momentos marcantes do casamento dele com Mercedes e da vida em família.

Bamboletras recomenda Jessé, Sidarta e poesia

Bamboletras recomenda Jessé, Sidarta e poesia

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Desta vez, excepcionalmente, não recomendaremos nenhum livro de ficção, mas dois ensaios brasileiros e um livro de poesia em edição bilíngue. O de Jessé Souza fala de como o povo brasileiro foi estigmatizado por seus intelectuais. Sidarta Ribeiro fala sobre o fim do mundo e isto não é uma metáfora. Já a Prêmio Nobel Louise Glück vem com belos poemas que não chegam a ser leves, mas que se viram bem na escuridão (leia abaixo).

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Brasil dos Humilhados, de Jessé Souza (Civilização Brasileira, 252 páginas, R$ 39,90)

Com texto de fácil leitura, Brasil dos Humilhados mostra as bases elitistas do pensamento social brasileiro dominante. Aquele mesmo que culpa o povo, supostamente inferior, pelas mazelas do país. O livro expõe como as elites econômicas e políticas se apropriam dos “intelectuais” para aumentar seu domínio sobre a população. Essa visão depreciativa do povo brasileiro foi determinada pelas ideias dos intérpretes mais importantes do país, como Sérgio Buarque de Holanda, e trazida até a atualidade por outros pensadores fundamentais, como Raymundo Faoro e Roberto DaMatta, influenciando a maior parte da inteligência nacional até hoje. Com esta legitimação científica, tal tolice se alastrou por toda a sociedade: das elites industriais, financistas e da mídia aos partidos políticos, da direita à esquerda. Isso fez com que crescessem estigmas sobre a suposta corrupção do povo, sobre a miséria criada por culpa própria e sobre a preguiça, criando uma autoimagem do Brasil como nação sem futuro e da percepção dos brasileiros como seres desprovidos de virtudes.

Sonho Manifesto, de Sidarta Ribeiro (Cia. das Letras, 204 páginas, R$ 44,90)

Mantido o rumo atual da vida na Terra, o futuro é impossível. Em seu novo livro, o autor de O oráculo da noite compartilha conhecimentos de cientistas, pajés, xamãs, mestras e mestres de saber popular, artistas e inventores que nos lembram da importância de sonhar coletivamente com o futuro do planeta. Há cerca de 100 mil anos, um grupo da espécie Homo sapiens fundou a linhagem que veio a conquistar todo o planeta. Uma estirpe violenta em que os mais fortes frequentemente oprimem os mais fracos, mas que também são capazes de muito altruísmo e extremados cuidados parentais. A constatação desse paradoxo é o ponto de partida de Sidarta Ribeiro em seu novo livro. Em Sonho manifesto, o renomado neurocientista denuncia a profundidade da crise ambiental e social ao mesmo tempo em que celebra a oportunidade única que temos hoje de expandir a consciência planetária. O caminho para esse sonho coletivo, diz o autor, é o resgate do melhor de nossa ancestralidade. Pesquisador inquieto, Ribeiro reúne dezenas de histórias de griôs da África ocidental, mestres de Capoeira, babalorixás, xamãs e pajés dos povos originários, além de dados sobre pesquisas científicas recentes e relatos das mais diversas tradições como budismo e taoismo.

Receitas de Inverno da Comunidade, de Louise Glück (Cia. das Letras, 88 páginas, R$ 49,90)

Este é o primeiro livro da poetisa após ter sido laureada com o Prêmio Nobel de Literatura de 2020. Em edição bilíngue, esta é uma coletânea enxuta, de apenas quinze poemas. Neles estão os temas que consagraram Louise Glück como uma das maiores vozes da literatura contemporânea: a solidão, a exaustão, o trauma, as descobertas da juventude e as reflexões que acompanham o envelhecimento. Seus poemas — que mesclam ensaio, ficção, mitologia, psicanálise e filosofia, na forma de épicos condensados — são capazes de iluminar as fragilidades da alma humana. Receitas de inverno da comunidade é um livro poderoso sobre a vulnerabilidade. Ao refletir sobre a finitude, Louise Glück trata de dramas individuais que são comuns a todos nós: “Nunca fui muito boa com coisas vivas./ Com luminosidade e escuridão me viro bastante bem”.

Bamboletras recomenda Roth, grafitti e filósofas

Bamboletras recomenda Roth, grafitti e filósofas

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Philip Roth (1933-2018)

Olá!

Talvez pela primeira vez na história desta newsletter, não colocaremos nenhum livro de ficção em nossas sugestões, culpa dos bons lançamentos em outras áreas. O primeiro é uma suma dos ensaios sobre literatura de Philip Roth. É imperdível, garanto-lhes. O segundo é um belo estudo visual sobre o grafitti porto-alegrense. E o terceiro, mais uma narrativa do extraordinário Wolfram Eilenberger, desta vez sobre o principal grupo de filósofas que surgiu na primeira metade do século passado.

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Por que escrever? Conversas e Ensaios sobre Literatura (1960-2013), de Philip Roth (Cia. das Letras, 568 páginas, R$ 89,90)

Reunindo mais de trinta ensaios, entrevistas e discursos, Por que escrever? traz aos leitores um Philip Roth raro e igualmente excepcional. Fora dos artifícios do romance, ele aqui está mais próximo de si mesmo. Philip Roth foi um dos mais notáveis escritores de língua inglesa do século XX. Dono de uma carreira literária incomparável, dedicada sobretudo à ficção, ele ainda nos legou uma extraordinária coleção de textos não ficcionais — muitos deles para responder a provocações de toda natureza, agradecer o recebimento de algum prêmio ou chorar a morte de um amigo. O resultado dessa produção é uma série de declarações e comentários sobre seu trabalho e dos escritores que admirava, seu processo criativo e a cultura americana. Último volume da obra completa do autor publicado pela Library of America antes de sua morte em 2018, Por que escrever? traz o indispensável de sua não ficção, reunida pela primeira vez em livro: estudos sobre a obra de Kafka e os judeus na literatura, palestras sobre os seus romances mais polêmicos e balanços de uma vida dedicada à escrita.

Poalaroiddes Urbanas, de Breno Serafini (Parangolé, 189 páginas, R$ 69,00)

O livro celebra a capital dos gaúchos a partir do registro de sua arte urbana, principalmente graffitis, que foram captados pelo celular do autor. Nesse sentido, Poalaroides faz um inventário de dez anos de registro fotográfico, com uma variedade de autores e formatos que representam hoje o que a cidade tem de mais significativo nessa arte. O que iniciou como um registro solitário, cotidiano, no final contou com a curadoria visual do artista visual Luís Flávio Trampo, uma referência na arte do graffiti porto-alegrense. O curador comenta a força desse movimento cultural no sul do Brasil. “Essa arte sem fronteiras tem como uma de suas principais características a fácil integração de seus adeptos, que são como agentes multiplicadores dessa manifestação popular. As intervenções nas ruas de Porto Alegre vão além da tinta spray. Muitos artistas (ativistas) usam diversas técnicas e suportes para registrar sua arte, seja colando adesivos e cartazes, seja pintando de uma forma livre. Muros que embelezam e denunciam, expressando uma cidade que pulsa e vibra.”

As Visionárias, de Wolfram Eilenberger (Todavia, 400 páginas, R$ 84,90)

A década de 1933 a 1943 marcou um dos capítulos mais tenebrosos da humanidade. Em meio ao horror da ascensão do nazismo e da carnificina da Segunda Guerra, quatro mulheres — Simone de Beauvoir, Simone Weil, Ayn Rand e Hannah Arendt — libertaram-se dos grilhões do gênero e provaram que a emancipação do pensamento podia ocorrer mesmo em meio a situações extremas. Com grande habilidade narrativa e um equilíbrio magistral entre a apresentação biográfica e a análise acurada de ideias, Wolfram Eilenberger nos oferece a história de quatro vidas hoje legendárias que, em meio à convulsão, mudaram nossa forma de entender o mundo e lançaram as bases para uma sociedade muito mais livre. Seus reflexos chegam até os nossos dias em temas como gênero, identidade, religião, liberdade, sexo e autonomia.

Bamboletras recomenda Modernismo e Juremir

Bamboletras recomenda Modernismo e Juremir

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Esta semana sugerimos dois livros sobre o Modernismo brasileiro. O primeiro vem coberto de elogios e é de autoria do sociólogo e professor Sergio Miceli. O segundo é de um personagem do movimento — são inéditos do grande Oswald de Andrade. E o terceiro é a poesia Juremir Machado da Silva o que é garantia de qualidade e cultura.

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Lira Mensageira — Drummond e o grupo modernista mineiro, de Sergio Miceli (Todavia, R$ 74,90, 264 páginas)

Ninguém conhece tão profundamente os mecanismos que regem a vida intelectual do Brasil quanto Sergio Miceli. Este livro dá continuidade a seu projeto. No centro da análise estão Drummond e seus contemporâneos em Minas Gerais. Miceli mostra de forma inovadora os caminhos disponíveis para aqueles literatos que se encontravam no café Estrela. A obra traz olhares sobre o modernismo paulista e a classe política na Era Vargas. Em ensaio com foco nas obras de estreia de Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e outros, Miceli traça um panorama do que seria a Semana de 22, cravejado de tensões que seriam posteriormente diluídas.

Diário Confessional, de Oswald de Andrade (Cia. das Letras, R$ 99,90, 560 páginas)

“Resiste/ Coração de Bronze!”, anota Oswald de Andrade em diferentes momentos nas páginas de seus diários. Os cadernos deixados pelo autor de Serafim Ponte Grande incluem uma seção intitulada “Diário confessional”, que teve início em 1948 e fim em 1954, meses antes de sua morte. Esse material – que permaneceu inédito por cerca de setenta anos – finalmente vem à luz com a publicação do presente volumeNesses registros, somos apresentados a uma figura bem distinta do personagem irreverente que se consagrou em nosso imaginário. Aqui está a mente extraordinária e inquieta, cáustica e ao mesmo tempo amorosa do escritor – mas também passamos a conhecer um homem em crise, profundamente atormentado por incertezas. Documento singular para compreender a cena artística, literária, política e histórica brasileira do período, bem como as transformações que desenharam a cidade de São Paulo na metade do século XX, Diário confessional é o retrato de uma época e de um dos mais notáveis intérpretes da nossa cultura.

Quase (Toda) Poesia, de Juremir Machado da Silva (Sulina, R$ 44,90, 280 páginas)

Conhecemos o grande radialista, jornalista e cronista, o excelente entrevistador, o ótimo romancista e ensaísta Juremir, além, é claro, do santanense. É a hora de conhecer sua poesia. “Publico este livro para marcar meus sessenta anos (29 de janeiro de 2022). Parafraseando outro poeta, já não temo, hoje faço com meus versos o meu viver. E talvez o meu morrer. Tudo é permitido quando o tempo se esvai: rimar ou não, confessar-se, revelar-se, desvelar-se, desnudar-se, recuar.”

Bamboletras recomenda Arbex e outros dois grandes livros

Bamboletras recomenda Arbex e outros dois grandes livros

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Três livros bem diferentes entre si são as recomendações da Bamboletras para a semana. O primeiro é mais uma baita reportagem de Daniela Arbex. Como nosso país insiste em produzir tragédias, precisamos de cronistas que as documentem e Arbex é notável nisso. O segundo livro é sobre a saudade de um pai por uma filha que não conheceu. E o terceiro narra brilhantemente um caso de gravidez adolescente.

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Arrastados, de Daniela Arbex (Intrínseca, R$ 59,90, 328 páginas)

Daniela Arbex é uma tremenda repórter. Dela, já tivemos livros perfeitos como Holocausto Brasileiro — sobre o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena — e Todo o dia a mesma noite — sobre o incêndio da boate Kiss. Agora, ela retorna com Brumadinho. No dia 25 de janeiro de 2019, a B1, barragem desativada da Mina do Córrego do Feijão, explorada pela mineradora Vale na cidade de Brumadinho, MG, rompeu. Seu rastro de lama, rejeitos de minério e destruição se estendeu por mais de 300 quilômetros, levando torres de transmissão, trens de carga, pontes, casas, árvores, animais e, na contagem oficial da tragédia, a vida de 270 pessoas. Jornalista investigativa premiada, a mineira Arbex foi a campo para reconstituir em detalhes as primeiras 96 horas da tragédia. Ela entrevistou sobreviventes, familiares das vítimas, bombeiros, médicos-legistas, policiais e moradores das áreas atingidas. Arbex retornou à região para acompanhar o impacto das disputas por indenizações e contrapartidas institucionais para a reparação dos danos materiais. Além da escrita precisa da autora, que reconstitui a trajetória das vítimas e dos trabalhos de resgate com toda a brutalidade da tragédia, mas ao mesmo tempo com extrema delicadeza, o livro apresenta ainda fotografias que ajudam a dimensionar e humanizar a tragédia. Novamente, Arbex constrói memória e impede que mais uma catástrofe brasileira se perca em meio à banalidade do noticiário cotidiano.

Princípio de Karenina, de Afonso Cruz (Cia. das Letras, R$ 59,90, 200 páginas)

Uma carta de amor de um pai à filha que não conheceu, revelando distâncias e aproximações. Uma história de amor impossibilitada pelo medo. Uma reflexão sobre o que somos e o que desejamos ser. “Eu seria muito infeliz num mundo feliz. Ela seria feliz em qualquer mundo. Esta história, minha e da tua mãe, é também a tua.” Com essa referência à célebre frase que abre o romance Anna Kariênina, de Tolstói, um pai se dirige à filha que não conheceu para lhe contar a sua história – que é também a história dela –, numa longa carta que é uma entrega sincera e emotiva, mas também uma bela reflexão sobre o significado da felicidade. Há um pai que ergue muros de silêncio, uma criada muito velha, uma amante. Estes são alguns dos personagens que testemunham – ou dificultam – a busca desse homem por um amor incondicional. Afonso Cruz é um multipremiado autor português.

Em Carne Viva, de Jacqueline Woodson (Todavia, R$ 59,90, 144 páginas)

Este romance centra-se em duas famílias negras que se uniram quando Iris e Aubrey, um casal de adolescentes ainda no colégio, descobriram que seriam pais. Ao revelar esta nova família singular — e remontar ao massacre racial de Tulsa em 1921 — Jacqueline Woodson explora o desejo sexual, identidade, ambição, gentrificação, educação, classe, status e as mudanças de vida advindas da paternidade. Em Carne Viva olha para o fato de que os jovens, muitas vezes, devem tomar decisões duradouras sobre suas vidas — até mesmo antes de começarem a descobrir quem são e o que querem ser.

Daniela Arbex

Bamboletras recomenda a “autobiografia” de Saramago e mais

Bamboletras recomenda a “autobiografia” de Saramago e mais

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Retomamos a nossa newsletter recomendando três excelentes livros para começar 2022. Uma autobiografia de Saramago escrita por José Luís Peixoto — sim, isto mesmo, é um romance baseado na vida de Saramago e Peixoto –, um livro sobre uma pediatra, digamos, pouco adequada a seu ofício e, agora sim, uma biografia de Roland Barthes.

Difícil começar melhor o ano de 2022, o ano de tirar o cara de lá.

Boa semana com boas leituras!

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Autobiografia, de José Luís Peixoto (Cia. das Letras, 272 páginas, R$ 69,90)

Neste romance, José Luís Peixoto tem a ousadia de transformar em personagem ninguém menos que José Saramago. Na Lisboa dos anos 1990, o jovem escritor José vê seu caminho se cruzar inúmeras vezes com o de outro autor, Saramago, depois de ser contratado para escrever sua biografia. Seja em feiras de livros ou reuniões com o próprio biografado, esses encontros são o início de uma história surpreendente. José Luís Peixoto, considerado pelo autor de Ensaio sobre a cegueira “uma das revelações mais surpreendentes da literatura portuguesa”, acompanha nesta Autobiografia tanto José quanto Saramago, dois personagens distintos mas complementares. Ao explorar os limites entre a vida e a literatura com uma prosa carregada de detalhes e lirismo, e ao mesmo tempo mergulhar fundo nas obsessões, Peixoto constrói uma narrativa que leva os leitores a um final inesperado.

A Pediatra, de Andréa Del Fuego (Cia. das Letras, 160 páginas, R$ 54,90)

Com humor mordaz, o novo romance de Andréa del Fuego apresenta a história de uma personagem muito peculiar: Cecília, uma pediatra nada afeita a crianças. Cecília é o oposto do que se imagina de uma pediatra – uma mulher sem espírito maternal, pouco apreço por crianças e zero paciência para os pais e mães que as acompanham. Porém a medicina era um caminho natural para ela, que seguiu os passos do pai. Apesar de sua frieza com os pacientes, ela tem um consultório bem-sucedido, mas aos poucos se vê perdendo lugar para um pediatra humanista, que trabalha com doulas, parteiras e acompanha até partos domiciliares. Mesmo a obstetra cesarista com quem Cecília sempre colaborou agora parece preferi-lo. Ela fará, então, um mergulho investigativo na vida das mulheres que seguem o caminho do parto natural e da medicina alternativa, práticas que despreza profundamente. Em paralelo, vive uma relação com um homem casado, de cujo filho ela acompanhou o nascimento como neonatologista. E é esse menino que irá despertar sentimentos nunca antes experimentados pela pediatra.

Roland Barthes: Biografia, de Tiphaine Samoyault (Ed. 34, 616 páginas, R$ 98,00)

Figura central do pensamento francês no século XX, Roland Barthes (1915-1980) foi também um ser à margem. O pai morto na Primeira Guerra Mundial, a mãe adorada durante toda a vida, a descoberta precoce da homossexualidade logo lhe incutiram o sentimento da própria diferença. Viveu à distância os grandes acontecimentos da história contemporânea, mas nem por isso sua vida foi menos marcada pelos ímpetos violentos e intensos do século que ele ajudou a tornar inteligível. Com base em materiais inéditos (arquivos, diários, documentos pessoais), esta biografia de Barthes lança nova luz sobre suas ideias, suas recusas, seus desejos. Percorrendo os temas de eleição do autor — obras, criadores, linguagens, teorias, mitos —, Tiphaine Samoyault confere coerência e substância à figura de Barthes. Homem de sua época, ele segue falando à nossa, seja por sua prontidão perspicaz à aventura intelectual e literária, seja ainda por sua reticência íntima e irônica diante de todo discurso de autoridade.

Bamboletras recomenda um verdadeiro suco de Brasil

Bamboletras recomenda um verdadeiro suco de Brasil

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Três excelentes livros!

O primeiro da lista fala sobre a pandemia e o que virá e é o livro que mais vendemos atualmente na Bamboletras. Sim, Abrão Slavutzky e Edson Souza são best-sellers!

O segundo vem de Ruy Castro falando novamente sobre o Rio antigo, tema sobre o qual Ruy é irresistível.

E o terceiro é a deliciosa biografia de nada menos do que João Gilberto escrita pelo especialista Zuza Homem de Mello.

É mole?

Boa semana com boas leituras!

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Imaginar o Amanhã, de Abrão Slavutzky e Edson Luiz André de Souza (Diadorim, 216 páginas, R$ 55,00)

Ainda falta muito? Todos nós já fizemos essa pergunta. Na infância, obrigados a suportar provações de toda espécie e, ao longo da vida, quando percorremos longos caminhos e estradas desconhecidas, e o cansaço e a impaciência nos abatem. Nos quase dois anos da pandemia do coronavírus, essa pergunta, ou pelo menos o sentimento de angústia que ela contém, se fez presente em cada um de nós. Para grande parte dos brasileiros, a passagem dilacerante do tempo teve como agravante o estarrecimento diante da indiferença do presidente do país à tragédia vivida pela população, cuja expressão mais dolorida são os quase 600 mil mortos pela Covid 19 contabilizados até agora. Drama ao qual se somaram o desemprego, a crise econômica e a carestia generalizada dos bens de primeira necessidade. Privadas da rotina e relacionamentos cotidianos, as pessoas tiveram nas redes sociais sua principal companhia no mundo pandêmico, marcado pelo isolamento, pelo medo, pelo luto e… pela esperança. Sim, a esperança foi imprescindível para nos mantermos lúcidos ou pelo menos humanos nestes tempos. Que nada mais é do que uma parte do eterno labirinto que enreda nossa existência. Neste livro, os autores se propuseram a imaginar o amanhã que será de todos nós.

As Vozes da Metrópole, de Ruy Castro (Cia. das Letras, 464 páginas, R$ 79,90)

As vozes da metrópole joga luz sobre a produção literária, poética e jornalística dos escritores que foram protagonistas e testemunhas dos anos loucos cariocas. Cenário de Metrópole à beira-mar, o Rio dos anos 20 estava em ebulição e já era moderno na arquitetura, na música, nas artes plásticas, no pensamento, nos costumes – e, é claro, na literatura. Dividido em frases, crônicas, reportagens, trechos de romances, poemas e provocações, o livro reúne cerca de quarenta autores, desde os mais conhecidos, como Murilo Mendes, Lima Barreto e João do Rio, até nomes que tiveram edições restritas ou que estão fora de circulação há décadas, a exemplo de Adelino Magalhães, Mercedes Dantas e Romeu de Avellar. Eis aqui uma amostra irresistível do que foi feito num Rio que mudou a história – organizada por quem conhece a cidade como ninguém.

Amoroso — Uma biografia de João Gilberto, de Zuza Homem de Mello (Cia. das Letras, 344 páginas, 89,90)

Já não restam superlativos para caracterizar a música de João Gilberto. Com sua voz e seu violão inigualáveis, o criador da bossa nova foi reverenciado no mundo inteiro – até nos deixar, aos 88 anos, em julho de 2019. Escrito pelo produtor e pesquisador musical Zuza Homem de Mello, Amoroso é a primeira biografia dedicada ao baiano de Juazeiro. Personagem tão apaixonante quanto idiossincrático, João Gilberto é aqui retratado pelo prisma de sua arte. De Salvador a Tóquio, passando por Nova York, Rio de Janeiro e Cidade do México, somos levados aos estúdios, teatros, bares, clubes e festivais por onde João circulou, e conhecemos os compositores, arranjadores, instrumentistas, produtores, jornalistas, técnicos de som e empresários que cruzaram seu caminho. Melômano de conhecimento enciclopédico, o autor reconstrói a trajetória musical de seu amigo e ídolo em prosa leve e alegre, elegante e precisa – como ensinou João.

Bamboletras recomenda Gerbase e os últimos Eliane Brum e Coetzee

Bamboletras recomenda Gerbase e os últimos Eliane Brum e Coetzee

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Nossas sugestões sempre trazem bons livros, mas raramente foram tão variadas. Um romance gaúcho que tende ao fantástico, um documento incontornável sobre a devastação amazônica e mais contos de Coetzee. Pô, tudo heterogêneo, tendo por ligação a alta qualidade!

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Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, de Eliane Brum (Cia. das Letras, 448 páginas, R$ 69,90)

Eliane Brum mescla relato pessoal e investigação jornalística para escrever um livro de denúncia e em defesa da Amazônia, lugar que adotou como casa e de cuja luta pela sobrevivência participa ativamente. Escritora, jornalista e documentarista, Eliane Brum faz um mergulho profundo nas múltiplas realidades da maior floresta tropical do planeta. Com quase 35 anos de experiência como repórter, há mais de vinte ela percorre diferentes Amazônias. Em 2017, adotou a floresta como casa ao se mudar de São Paulo para Altamira, epicentro de destruição e uma das mais violentas cidades do Brasil desde que a hidrelétrica de Belo Monte foi implantada. A partir de rigorosa pesquisa, Brum denuncia a escalada de devastação que leva a floresta aceleradamente a um ponto de não retorno. E vai mais além ao refletir sobre o impacto das ações da minoria dominante que levaram o mundo ao colapso climático e à sexta extinção em massa de espécies. Neste percurso às vezes fascinante, às vezes aterrador, a autora cruza com vários seres da floresta e mostra como raça, classe e gênero estão implicados no destino da Amazônia e do planeta.

Contos Morais, de J. M. Coetzee (Cia. das Letras, 152 páginas, R$ 54,90)

Sete contos sobre o desejo. Ou sobre como lidamos com o desejo dentro dos limites da nossa cultura. Nesta surpreendente incursão pela forma breve, o prêmio Nobel J. M. Coetzee nos apresenta um conjunto de narrativas de brilho perturbador. Num dos textos, uma mulher se sente diariamente ameaçada por um cão. Em outro, uma escritora só encontra conforto ao cuidar de gatos abandonados. O título Contos morais poderia remeter a um diálogo com uma convenção da fábula clássica: o uso de bichos em histórias que enfatizam aspectos virtuosos da conduta humana. Como se trata de J. M. Coetzee, no entanto, nada é previsível. Para quem conhece a obra deste autor, a um só tempo fácil e difícil, moderna e pós-moderna, não é surpresa que a ideia de moralidade seja subvertida por uma ironia constante, feita de contradições presentes inclusive no estilo da escrita. Assim, se a linguagem é transparente e direta, a complexidade das ideias que expressa gera um curto-circuito nas certezas de quem lê. Os contos aqui não oferecem nenhuma lição. Das contradições entre natureza e cultura, Coetzee faz uma obra sobre todos nós.

O Caderno dos Sonhos de Hugo Drummond, de Carlos Gerbase (Diadorim, 136 páginas, R$ 49,00)

Neste romance de Gerbase, Hugo, um jovem cineasta do interior do Rio Grande do Sul, há pouco premiado em importante festival na França, vem a Porto Alegre para apresentar o projeto de seu novo longa-metragem num encontro internacional de produtores. O evento acontece num prédio que, cem anos atrás, foi o hotel mais luxuoso da cidade. Desde sua chegada, Hugo é envolvido por uma atmosfera surreal e conhece personagens tão solícitos quanto estranhos: uma recepcionista que parece ter saído de um filme de espionagem dos anos 1960, um produtor cinematográfico, que muda de aparência de acordo com o restaurante que frequenta, e sua bela e misteriosa secretária. Por três dias, Hugo tenta seguir a programação do encontro, mas uma série de eventos bizarros, acompanhados de sonhos perturbadores, levam-no a questionar o que pretende filmar no futuro e que destino dar à própria vida.

Eliane Brum entrevistando na Amazônia

Bamboletras recomenda Lula, Tobias e Confinada

Bamboletras recomenda Lula, Tobias e Confinada

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Três livros brasileiros de primeira linha!

A biografia de Lula — que não é dirigida exclusivamente a fãs e eleitores do ex-presidente –, um livro de contos do excelente Tobias Carvalho e o fenômeno Confinada, obra brasileira teve a maior pré-venda de todos os tempos no país. Puxa, são 3 grandes razões para vocês nos visitarem, nos ligarem, nos mandarem um Whats, entrarem no nosso site…

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Lula — Biografia (Volume 1), de Fernando Morais (Cia. das Letras, 416 páginas, R$ 74,90)

A primeira – e aguardada – biografia de vulto de Luiz Inácio Lula da Silva. Para além de juízos ou paixões, Lula está entre as maiores figuras políticas da história brasileira. Único presidente do país com origens operárias, e campo magnético de um partido profundamente original em suas raízes, exerceu seu poder carismático e sua influência de modo mais duradouro que qualquer outro homem público no período republicano, salvo talvez Getúlio Vargas – com quem também compartilha a virulência dos adversários. Desde 2011, Fernando Morais ganhou acesso direto, franco e frequente a Lula. A essas dezenas de horas de depoimentos, somou o faro de repórter e a prosa cativante para compor projeto biográfico que traz um painel do personagem em toda sua grandeza e complexidade. Em narrativa que faz uso de recuos e avanços cronológicos para manter um ritmo eletrizante, neste primeiro volume Morais vai da infância de Lula até a anulação de suas condenações, em 2021 – passando pelo novo sindicalismo, as greves do ABC, a fundação do PT e a primeira campanha eleitoral.

Visão Noturna, de Tobias Carvalho (Todavia, 112 páginas, R$ 54,90)

Um quarteto de contos que transitam entre o terror e o drama familiar, a investigação científica e o suspense. Qual é a diferença entre sonho e memória, vigília e imaginação? Tobias Carvalho transforma essas perguntas em um campo de muitas possibilidades. Estas quatro histórias ao mesmo tempo sutis e vertiginosas falam do efeito dos sonhos na vida de quatro pessoas. São personagens que encontram nos sonhos um caminho para os labirintos da memória e para as promessas do futuro, para seus dilemas e desejos. Visão Noturna é um livro incomum, menos interessado no que significam os sonhos do que em como eles se entrelaçam à vida de todos, conduzindo e impelindo narrativas, ora mostrando-se sem nada ocultar, ora mantendo-se obscuros.

Confinada, de Leandro Assis e Triscila Oliveira (Todavia, 128 páginas, R$ 74,90)

Fran é uma influenciadora com milhões de seguidores. Sua vida diante da câmera é uma sucessão de frases de efeito, dicas de saúde e cenários paradisíacos. Para ela, a pandemia de Covid-19 é uma oportunidade de “fazer um balanço”, “buscar novos desafios” e “crescer”. Das três trabalhadoras domésticas que são funcionárias de Fran, apenas Ju, que é mãe da Drica e gosta de tirar fotos em seu tempo livre, aceita passar a quarentena com ela — as outras são mandadas para casa com metade do salário. Em nome do sustento da família, Ju inicia uma dura convivência com Fran, que se revela mais alienada, e sobretudo cruel, do que ela poderia supor. A partir da postura crítica de Ju e de seu olhar incisivo para as desigualdades que compõem a sociedade brasileira, Confinada vai escancarar as bases dessa crueldade. Na relação entre Ju e Fran, revela-se, a cada episódio, o racismo e o ódio de classe, bem como os interesses econômicos que alimentam a injustiça e os privilégios da branquitude. Combinando crítica social, humor e drama, e trazendo para o centro a vida real de milhões de pessoas, Confinada é um marco dos quadrinhos e um retrato único da pandemia e do Brasil.

Fernando Morais

Bamboletras recomenda duas geniais mulheres negras e um mestre

Bamboletras recomenda duas geniais mulheres negras e um mestre

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Nesta semana, estamos felizes de recomendar livros tão bons e relevantes. Não é todo dia que a gente pode reunir Alice Walker, Elisa Lucinda e Thomas Bernhard na mesma recomendação. Confira abaixo nossas justificativas!

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Em busca dos jardins de nossas mães, de Alice Walker (Bazar do Tempo, 376 páginas, R$ 69,90)

Primeira mulher afro-americana a receber o Pulitzer de ficção, Alice Walker também foi pioneira ao tratar de vários temas da cultura negra dos Estados Unidos. Ainda nos anos 1970, abordou pela primeira vez questões raciais como o colorismo, e passou a defender um ponto de vista mulherista, termo reivindicado pelo feminismo negro para expressar as particularidades de suas lutas. Filha de trabalhadores rurais, Alice Walker experimentou a violência da segregação racial e as dificuldades de ser uma mulher negra no Sul do país, contexto que incorporou em seu romance A cor púrpura e que está presente em vários ensaios deste livro. Entre perspectivas pessoais e políticas, a autora nos convida a acompanhá-la na busca da própria identidade e das referências afro-americanas, muitas delas apagadas pela história. Seguindo-a nesse caminho, nos deparamos com Zora Neale Hurston, Martin Luther King, Phillis Weathley, e chegamos ao jardim de uma casa modesta na Geórgia. Lá, em meio a uma rotina sem descanso, sua mãe encontrou a porção diária de vida cultivando dedicadamente suas flores -– e Alice Walker, o sentido desse legado materno.

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Mestres Antigos, de Thomas Bernhard (Cia. das Letras, 184 páginas, R$ 64,90)

Podemos dizer que há algo de errado em quem não conhece Thomas Bernhard, autor de diversas obras-primas… Vejam só este Mestres Antigos. Por mais de trinta anos, Reger, um crítico musical octogenário, sentou-se no mesmo banco diante da pintura Homem de barba branca, de Tintoretto, no Museu de História da Arte de Viena. Ali ele reflete, dia sim, dia não, sobre a sociedade contemporânea, seus pares, a arte e os artistas, sobre o clima e até o estado dos banheiros públicos. O amigo Atzbacher, um filósofo bem mais jovem, é convocado a encontrá-lo no museu num sábado, dia sempre evitado pelo crítico. É através do seu olhar que passamos a conhecer mais sobre Reger – a morte trágica de sua mulher, seus temidos pensamentos suicidas, a relação difícil com seu país e, por fim, qual o verdadeiro propósito daquele encontro. Tão pessimista como exuberante, rancoroso e ao mesmo tempo hilário – no melhor estilo de Thomas Bernhard –, o romance é composto de um único parágrafo que se estende por 182 páginas e remonta uma série de conversas entre os dois amigos. Mestres Antigos foi publicado originalmente em 1985 e é um retrato satírico da cultura e da nação austríaca, discutindo questões como genialidade, classe e as aspirações da humanidade.

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Vozes Guardadas, de Elisa Lucinda (Record, 518 páginas, R$ 69,90)

Após a notável participação de Lucinda nos Diálogos Contemporâneos na última quarta-feira, escolhemos lembrar deste tremendo livro de 2016. Com a delicadeza, a sensualidade, a inteligência e o humor que marcam a sua criação artística, os versos deste Vozes guardadas revelam amores contidos e outros obscenos, num mundo vasto de espantos, lágrimas, risos e paixões. Ao entregar ao público mais uma leva das “multidões de vozes” que a habitam, a poeta se despede dessas vozes guardadas para dividi-las com todos, fazendo delas nossas próprias vozes. Penetrar no universo dos poemas de Elisa Lucinda exige estancar o tempo e a correria da vida: um delicioso e irrecusável convite.

Homem com Barba Branca (circa 1570), de Tintoretto (Jacopo Robusti)

A Bamboletras recomenda três ótimos livros muito diferentes entre si

A Bamboletras recomenda três ótimos livros muito diferentes entre si

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Sim, muito diferentes entre si. E ótimos! O livro de Clara Corleone é uma espécie de Sex and the City melhorado, atualizado e acontecendo no Bom Fim e Cidade Baixa. O de Felitti é a biografia de Elke Maravilha, livro que tem surpreendido e encantado seus primeiros leitores aqui na Bamboletras. E o do chileno Zambra é uma importante obra latino-americana, um livro que vai ficar. Quem viu Zambra no Fronteiras do Pensamento, sabe do que ele é capaz.

Boa semana e boas leituras!

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Porque era ela, porque era eu, de Clara Corleone (L&PM, 168 páginas, R$ 39,90)

Após o excelente livro de crônicas O homem infelizmente tem que acabar, Clara Corleone reaparece com um seu primeiro romance. Em Porque era ela, porque era eu, a autora aborda as relações amorosas-sexuais do século XXI, com homens e mulheres ora buscando novas formas de estar junto, ora reencenando antigos papéis. O belo título do livro nos remete primeiro a Chico Buarque e depois a Montaigne, verdadeiro autor da frase. “Porque era ele, porque era eu”, foi assim que Montaigne explicou as razões de sua amizade com Étienne de La Boétie. A explicação de uma amizade, no fundo, envolve a recusa de qualquer explicação. Estaríamos no campo da pura afinidade eletiva, ou melhor, da paixão, do amor. E Clara, num estilo arejado, com diálogos certeiros e instigantes, celebra a amizade entre mulheres e o poder de se reinventar. Um romance pulsante e grudante.

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Elke – Mulher Maravilha, de Chico Felitti (Todavia, 200 páginas, R$ 69,90)

Elke Grünupp nasceu na Alemanha em 1945. Tinha quatro anos ao desembarcar no Brasil, onde sua família se fixou no interior de Minas Gerais, para depois morar em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Altíssima e loira, ela destoava esplendorosamente das belezas locais. Elke começou vencendo muito jovem um concurso de misses em Belo Horizonte — de onde saiu para as passarelas das capitais da moda. A carreira meteórica de modelo, condimentada pela irreverência teatral com que vestia as peças de alta-costura, abriu-lhe as portas da TV, que acabava de ganhar cores. Trabalhou como atriz e jurada nos programas do Chacrinha e de Silvio Santos, tornando-se muito famosa. Mas até agora só dissemos coisas pouco importantes. Elke foi dionisíaca e livre como os personagens que encarnou. Estudou medicina, filosofia e letras. Nos anos 1970, revoltada com a ditadura militar, chegou a ser presa por rasgar um cartaz com fotos de procurados pelo regime. Colecionou casamentos e namoros nem sempre felizes, como a união com um fã que não tardou a se revelar violento. Este perfil biográfico reúne a agilidade da reportagem e a argúcia do ensaio para retratar a santa padroeira da alegria na TV nacional e musa eterna do glamour para seus admiradores.

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Poeta Chileno, de Alejandro Zambra (Cia. das Letras, 432 páginas, R$ 74,90)

Verdadeira declaração de amor à poesia e aos poetas e retorno de Alejandro Zambra ao romance, Poeta chileno é uma história encantadora sobre família, literatura e paternidade. O protagonista deste romance, Gonzalo, é um aspirante a poeta e padrasto de Vicente, um menino viciado em comida de gatos, que mais tarde vai se recusar a ir à faculdade porque seu sonho é seguir os passos do pai postiço e se tornar também poeta — apesar dos conselhos de sua mãe Carla, e de seu pai, León, um tipo duvidoso. O poderoso mito da poesia chilena – “somos bicampeões na Copa do Mundo de poesia”, diz um personagem, referindo-se aos Nobel conquistados por Mistral e Neruda – é revisitado por Zambra, um dos principais narradores do continente. O livro é sobre poesia, é sobre poetas que desprezam o romance, é sobre a América Latina, é sobre os labirintos da masculinidade contemporânea (as recalcitrantes, as novas, as que estão em transição), é sobre os trágicos vaivéns do amor, é sobre famílias modernas e fragmentadas, é sobre o desejo de pertencimento e, sobretudo, é sobre o sentido de ler e escrever no mundo atual.

Clara Corleone em um de seus tradicionais saraus no Von Teese Bar | Foto: Carolina Disegna

A Bamboletras recomenda o último livro de Chico Buarque, o de Juremir e o de Mairal

A Bamboletras recomenda o último livro de Chico Buarque, o de Juremir e o de Mairal

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Acabamos de receber Anos de Chumbo, último romance de Chico Buarque, assim como também Memória no Esquecimento, romance de Juremir Machado da Silva, e Salvatierra, de Pedro Mairal. Talvez seja desnecessário apresentar estes 3 grandes autores de nuestro continente, mas, abaixo, deixamos algumas palavras sobre os livros.

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Anos de Chumbo e Outros Contos, de Chico Buarque (Cia. das Letras, 168 páginas, R$ 59,90)

Após o excelente Essa Gente, Chico Buarque retorna com seu primeiro livro de contos. O Chico que emerge de deste livro imperdível é um autor amargurado, surrealista, irônico e perplexo diante deste país aflitivo. Uma jovem e seu tio. Um grande artista sabotado. Um desatino familiar, uma moradora de rua solitária, um passeio por Copacabana, um fã fervoroso de Clarice Lispector, um casal em sua primeira viagem, um lar em guerra. Imersos na atmosfera da ficção de Chico Buarque, caracterizada pela agudeza da observação e a oposição entre o lírico e o cômico, os oito contos que formam este volume conduzem o leitor pela sordidez e o patético da condição humana. Com alusões ocasionais à nossa presente barbárie, o autor ergue um labirinto de surpresas. Um livro arrebatador.

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Memória no Esquecimento, de Juremir Machado da Silva (Sulina, 310 páginas, R$ 54,90)

Nesse romance, Juremir Machado da Silva mergulha nas vacilantes memórias de seu protagonista. Em tempos nos quais o Alzheimer é tema cotidiano e atinge cada vez mais pessoas, tais situações, que criam dramas familiares e paixões que resistem ao desgaste, acabam por vencer o esquecimento. A narrativa é construída com detalhes ora poéticos, ora realistas, testemunhos de sutilezas do cotidiano de uma pessoa fragilizada. Fala também de vivências comuns, como o andar de bicicleta até perder o fôlego, o amor de um cachorro de estimação adotado quando filhote, os mistérios familiares e as ilusões que carregamos ao longo da vida. Impossível não querer descobrir as peças do quebra-cabeças desta história – assim como não se pegar pensando sobre o conjunto de suas próprias lembranças, identificando as paredes do próprio castelo.

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Salvatierra, de Pedro Mairal (Todavia, 112 páginas, R$ 54,90)

Um novo livro do autor de A Uruguaia e Uma Noite com Sabrina Love! Novo? Publicado originalmente em 2008, Salvatierra é um dos romances mais admirados do argentino Pedro Mairal. Juan Salvatierra, um pintor mudo, humilde e autodidata, deixa aos filhos uma misteriosa obra de arte como herança: um imenso mural que ocupa quase quatro quilômetros de rolos de tecido, produzido em segredo até o dia de sua morte. Miguel, o filho mais novo, é o principal encarregado de tomar algumas providências em relação à inusitada obra: resgatá-la do armazém onde estava guardada (ou abandonada) e providenciar sua transferência para um museu holandês. Começa então o trabalho de decifrar a obra. Com precisão, sobriedade e lirismo, o autor explora sutilmente as ligações entre o passado e o presente, entre pais e filhos e entre vida e arte. Uma narrativa evocativa, cheia de ressonâncias, sobre a verdadeira aventura que envolve o acesso ao mais íntimo daqueles que nos são próximos.

Acho que todos conhecem esse cara, não?

A Bamboletras recomenda três livros muito diferentes entre si

A Bamboletras recomenda três livros muito diferentes entre si

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Um romance de uma autora popular e muito boa, um ensaio sociológico e psicanalítico sobre como as pessoas desprotegidas são as mais acusadas de violência e de como mudar esta situação e a bela despedida de Sérgio Sant`Anna são as dicas da Bamboletras desta semana. Confiram abaixo.

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Belo mundo, onde você está, de Sally Rooney (Cia. das Letras, 336 páginas, R$ 54,90)

A excelente Sally Rooney, autora de Pessoas Normais, escreve sobre amizade, amor e dúvida em seu terceiro romance. Alice conhece Felix pelo Tinder. Ela é romancista, ele trabalha num armazém nos subúrbios de uma pequena cidade costeira da Irlanda. No primeiro encontro, enquanto os dois tentam impressionar um ao outro, algo mais aparece. Enquanto isso, em Dublin, Eileen está tentando superar o término de seu último relacionamento enquanto precisa lidar com a falta da melhor amiga, Alice, que se mudou para o litoral. Ela acaba voltando a flertar com Simon, um homem mais velho que acompanha sua vida há tempos. Alice, Felix, Eileen e Simon ainda são jovens, mas sentem a pressão do passar dos anos. Eles se desejam, se iludem, se amam e se separam. Preocupam-se com sexo, com amizade, com os rumos do planeta e com o próprio futuro. E conseguirão encontrar uma forma de viver mais uma vez em um belo mundo?

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A Força da Não Violência, de Judith Butler (Boitempo,  168 páginas, R$ 49,00)

Em A força da não violência, Judith Butler percorre discussões da filosofia, da ciência política e da psicanálise para reavaliar o que chamamos de violência e não violência e o modo como essas duas expressões se tornam intercambiáveis quando colocadas a serviço, por exemplo, de uma perspectiva individualista das relações sociais. A obra, lançada originalmente em 2020, mostra como a ética da não violência deve estar conectada a uma luta política mais ampla pela igualdade social. A autora rastreia como a violência é, com frequência, atribuída àqueles que são mais expostos a seus efeitos letais. Para Butler, a condição-limite da manifestação da violência se revela quando certas vidas, uma vez perdidas, não são dignas de luto… Expondo os discursos por meio dos quais a desvalorização e a destruição da vida operam, Butler propõe a compreensão da não violência a partir da condição básica da interdependência entre os seres humanos e identifica a não violência como uma prática de resistência à destruição.

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A Dama de Branco, de Sérgio Sant`Anna (Cia. das Letras, 192 páginas, R$ 59,90)

Este livro marca a despedida de Sérgio Sant`Anna, uma referência incontornável para gerações de escritores e leitores. No Rio de Janeiro do início da quarentena, o narrador passou a observar uma vizinha que saía de madrugada para dar uma volta no estacionamento a céu aberto. Embora ela não soubesse que estava sendo acompanhada, uma estranha cumplicidade se estabeleceu entre os dois, e sua presença simbolizava a promessa de um encontro arrebatador, ao mesmo tempo em que representava a morte pairando ao redor. Assombroso e revelador, A dama de branco foi o último texto publicado por Sérgio Sant’Anna, que faleceu em 2020 de coronavírus. Além da narrativa que dá título ao livro, o volume é composto por outros dezesseis contos — que tratam da solidão, da memória, do desejo e da própria escrita — e uma novela, que estava em vias de ser terminada. A Dama de Branco atesta que a prosa de Sérgio Sant`Anna manteve-se vigorosa e afiada até os últimos dias.

Sérgio Sant`Anna (1941-2020)

Bamboletras recomenda três livros que passam pelo Sul

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Sim, todos os três livros recomendados passam pelo Sul. Um ensaio sobre o homem da campanha, um romance de uma argentina falando sobre o interior daquele país e um livro cuja ação ocorre na Europa, mas que foi escrito por um gaúcho, são as três excelentes sugestões da Bamboletras nesta semana. Confiram abaixo.,

Boa semana com boas leituras!

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Os Gaúchos, de Ondina Fachel Leal (Tomo Editorial, 368 páginas, R$ 65,00)

Esta obra, traduzida para o português a partir de uma tese de doutorado defendida em inglês, tardou trinta anos para vir à tona. A autora fez uma pesquisa de campo por dois anos cujo resultado é uma verdadeira caverna de Ali Babá aberta à visitação e reflexão, tantos são os tesouros que ali reluzem.  A riqueza do trabalho etnográfico conduzido na campanha gaúcha sobre os homens da região é notável, sobretudo se pensarmos o quanto envolveu de coragem a aventura de enfrentar e adentrar um mundo masculino de fronteiras rígidas, ciosamente defendidas por seus membros. O livro de Ondina Fachel Leal se deixa ler de modo agradável, envolvente e fluente, descrevendo a vida que ela encontrou na fronteira sul do Brasil, entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai pampeanos.

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Não é um rio, de Selva Amada (Todavia, 96 páginas, R$ 49,90)

Com sua prosa precisa e econômica, a argentina Selva Almada é uma das vozes mais originais da literatura de língua espanhola contemporânea. Seu universo também é peculiar: a autora não fala da cosmopolita Buenos Aires. Seu ambiente é o mundo interiorano, onde vilarejos quase esquecidos no mapa abundam em histórias em que a violência, os laços familiares e velhos costumes ainda são importantes. É o caso deste novo romance, um livro que trata da amizade e de seus segredos. Enero Rey e Negro levam Tilo, o filho adolescente de Eusébio — o amigo morto dos dois –, para pescar. Enquanto bebem vinho, cozinham, falam e dançam, eles lutam com os fantasmas do passado e do presente. Esse momento íntimo e peculiar que conecta a trajetória desses três homens também os liga à vida dos habitantes locais nesse ambiente cercado de água e regido por suas próprias leis. Há perdas e mortes prematuras. Mas há também a teimosa vitalidade da natureza. Este romance flui como uma conversa entre seres que se amam.

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Uma tristeza infinita, de Antônio Xerxenesky (Cia. das Letras, 256 páginas, R$ 64,90)

Em uma narrativa tanto introspectiva quanto brutal, Antônio Xerxenesky nos faz encarar os traumas do passado, mas, principalmente, o medo do futuro. Nicolas, um jovem psiquiatra francês, é convidado para trabalhar na Suíça logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Junto da esposa Anna, ele se muda para um pequeno vilarejo, próximo ao hospital psiquiátrico onde vai trabalhar. O lugar, conhecido por seus métodos humanizados de tratamento, recebe internos de toda a Europa. Resistindo a prescrever tratamentos como o eletrochoque, Nicolas conversa com seus pacientes até que algo seja descoberto — tanto no inconsciente do doente quanto no do próprio médico. Assim, diversas feridas de guerra vêm à tona, em um jogo delicado que mistura confiança e loucura. Tendo como pano de fundo o contexto de desenvolvimento das primeiras drogas contra a depressão e outras doenças psíquicas, Antônio Xerxenesky constrói um romance tocante sobre os traumas, o passado e a possibilidade de ser feliz apesar do sofrimento.

Lista dos mais vendidos na Livraria Bamboletras em agosto de 2021

Lista dos mais vendidos na Livraria Bamboletras em agosto de 2021

Todo começo de mês vem acompanhado da tradicional lista dos mais vendidos da Livraria Bamboletras! Nela você encontra as escolhas dos clientes de nossa livraria, ou seja, só excelentes livros. Ah, não acredita? Então, confira:

1. Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
2. Duas Formações, Uma História: Das ideias fora do lugar ao perspectivismo ameríndio, de Luís Augusto Fischer (Arquipélago)
3. Os Supridores, de José Falero (Todavia)
4. Cartas para minha avó, de Djamila Ribeiro (Cia. das Letras)
5. O deus das avencas, de Daniel Galera (Cia. das Letras)
6. Doramar ou a Odisseia: Histórias, de Itamar Vieira Júnior (Todavia)
7. Correntes, de Olga Tokarczuk (Todavia)
8. Encaixotando minha biblioteca: Uma elegia e dez digressões, de Alberto Manguel (Cia. das Letras)
9. Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy (Todavia)
10. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Cia. das Letras)

Um pouco melhor que outras listas, né? Pois é, nossos clientes são os melhores e isto não é apenas uma frase de efeito.

Bamboletras recomenda um ensaio, um romance e um livro de poemas

Bamboletras recomenda um ensaio, um romance e um livro de poemas

A newsletter de quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Um ensaio de Jessé Souza sobre racismo, um romance de Flavio Cafiero sobre uma separação e um livro de poesias de Roberto Bolaño. Vai ser complicado encontrar algo em comum os livros recomendados desta semana, até porque são de diferentes gêneros, comprovando que a Bamboletras é a “Livraria de Todos os Gêneros”…

Vamos lá. Abaixo, mais detalhes.

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Como o racismo criou o Brasil, de Jessé Souza (Estação Brasil, 304 páginas, R$ 49,90) 

Jessé é autor de mais de 30 obras e de uma centena de artigos e ensaios em vários idiomas. Entre seus ensaios mais lidos estão A elite do atraso e A classe média no espelho. Neste livro, o tema do racismo é reconstruído desde o início da civilização ocidental até nossos dias, de modo a permitir uma compreensão fundamental: a de que todo processo de desumanização e animalização do outro assume as formas intercambiáveis de racismo cultural, de gênero, de classe e de raça. Perceber as diferentes facetas do racismo possibilita ver quando ele assume outras máscaras: guerra contra o crime, como se a vítima não fosse sempre negra, ou luta contra a corrupção, usada contra qualquer governo popular no Brasil que lute pela inclusão de negros e pobres. Apenas uma abordagem multidimensional permite efetivamente perceber como o racismo sempre esteve no comando da iniquidade da sociedade brasileira, da escravidão até hoje.

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Diga que não me conhece, de Flavio Cafiero (Todavia, 112 páginas, R$ 49,90)

Estudo contundente do ressentimento amoroso, o romance de Flavio Cafiero fascina e atordoa. Ferido pelo fim da relação com Fabiano, Tato se muda de bairro e vai viver num prédio no centro de São Paulo. Enquanto luta para superar a desilusão, ele trava amizade com vizinhos do edifício. Eles formam uma singular comédia humana. Tato não aceita o fim do relacionamento — e cenas tristes giram em sua memória, fustigando-o tanto quanto a exposição da nova e (aparentemente) luminosa vida de Fabiano nas redes sociais. Numa escrita lancinante, a um só tempo lírica e realista, este livro de ritmo forte deixa clara a perícia do autor.

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A Universidade Desconhecida, de Roberto Bolaño (Cia. das Letras, 832 páginas, R$ 99,90)

Importante começar dizendo que este é um livro bilíngue. Ao lado dos poemas traduzidos, há os originais em espanhol. Bem, pela primeira vez no Brasil, os leitores têm acesso à poesia de Roberto Bolaño. A Universidade Desconhecida traz poemas reunidos pelo autor pouco antes de sua morte e oferece um panorama completo e complexo de uma obra encantadora e radical. Roberto Bolaño se tornou um fenômeno mundial graças aos seus romances, em especial 2666 e Os detetives selvagens. No entanto, o autor chileno sempre se viu, em primeiro lugar, como um poeta. Escrevia versos desde cedo, em sua adolescência no México, onde se aliou a outros jovens sem rumo e formou o grupo “infrarrealista”. Aqui estão compilados poemas que ele criou — da juventude à maturidade. Mas só depois de sua morte é que esta coleção veio à público. “Na formação de todo escritor, existe uma universidade desconhecida que guia seus passos”, escreveu. “Ela não tem sede fixa, é uma universidade móvel, mas comum a todos.” A Universidade Desconhecida é muito mais do que o embrião de suas grandes obras. Os poemas aqui não apenas complementam a visão de mundo do autor, mas sobrevivem por conta própria pela sua dicção única, seu senso de melancolia, suas imagens apocalípticas e solidão.

Bamboletras recomenda um verdadeiro suco de Brasil

Bamboletras recomenda um verdadeiro suco de Brasil

A newsletter de quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Nesta semana, sugerimos três livros encharcados de Brasil. O primeiro tem o foco em nossa cultura, o segundo no racismo e na pobreza e o terceiro no aniquilamento e destruição que estamos vivendo. Ah, pois é, não fácil, mas há que seguir. E com os pés bem firmes no chão e no conhecimento.

Abaixo, mais detalhes.

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Duas Formações, Uma História: das Ideias Fora do Lugar Ao Perspectivismo Ameríndio, de Luís Augusto Fischer (Arquipélago, 400 páginas, R$ 79,90)

Dedicado ao tema há quatro décadas, Luís Augusto Fischer oferece um novo jeito de contar a complexa história da literatura brasileira, criando um modelo que dê lugar aos autores contemporâneos, à canção, à tradução, às redes sociais, à voz indígena, ao feminismo, à diferença. Falando das virtudes e limitações dos modelos estabelecidos por nomes exemplares da crítica literária, recorrendo aos historiadores e antropólogos recentes, contando a história dos livros que até hoje tentaram abarcar a trajetória da literatura do Brasil, o autor mostra um caminho. Uma obra fundamental para quem conhece bem o jardim em que floresceram Machado e Rosa, e imperdível para quem quer conhecê-lo melhor.

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Casa de Alvenaria, Volume 1 (Osasco) e Volume 2 (Santana), de Carolina Maria de Jesus (Cia. das Letras, 224 e 512 páginas, R$ 39,90 e R$ 59,90)

Esta é a edição integral dos diários de Carolina Maria de Jesus e contém material inédito. O Volume 1 registra os meses em que a escritora morou em Osasco (SP), em 1960, após deixar a favela do Canindé. Através deste testemunho que borra as fronteiras dos gêneros literários, acompanhamos a recepção de Quarto de Despejo, as viagens de divulgação, o contato frequente com a imprensa e os políticos, o desenvolvimento de seu projeto literário e seu desejo de ser reconhecida como escritora. Dessa narrativa do cotidiano, entremeadas às contradições de seu tempo, emergem reflexões que permanecem atuais. O Volume 2 de Casa de Alvenaria inclui diários que se estendem até dezembro de 1963.  Através dele, acompanhamos a nova vida de Carolina, a movimentação em sua casa, as viagens e, sobretudo, a dificuldade de transpor as barreiras do racismo e a dificuldade para ser reconhecida como escritora. O livro inclui introdução de Conceição Evaristo e Vera Eunice de Jesus e pode ser lido independentemente do volume anterior.

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Discurso sobre a Metástase, de André Sant’Anna (Todavia, 216 páginas, R$ 64,90)

Uma coletânea de escritos que retrata a loucura e a tragédia da realidade brasileira, um país deixado em ruínas. Os aliados de Sant’Anna nessa missão são o humor absurdo e um trabalho de linguagem radical — as únicas ferramentas capazes de captar nossa grotesca realidade. No romance O paraíso é bem bacana (2006), vale lembrar, André parece ter dado o pontapé inicial na radicalização de sua linguagem literária — com muitas repetições, gírias, obsessões, ironia — ao contar a história do tímido jogador de futebol Mané, um menino que se explode feito homem-bomba e vai viver as mil e uma maravilhas que o título da obra sugere. Aqui, ele dobra a aposta, convencendo-nos de que somente a catarse gerada por uma comédia absurda, enfatizada por uma linguagem caricata e grotesca, será capaz de expressar o que sentimos em nosso país.

Luís Augusto Fischer | Foto: Tom Silveira

Bamboletras recomenda Ney Matogrosso, Maria Rita Kehl e Hannah Arendt

Bamboletras recomenda Ney Matogrosso, Maria Rita Kehl e Hannah Arendt

A newsletter de quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

É complicado escrever uma apresentação para as sugestões desta semana. Se conseguimos traçar paralelos entre Maria Rita Kehl e Hannah Arendt, como fazer com Ney Matogrosso? O fato é que são três livros bem bons e diferentes. A única coisa em comum entre os três é o fato de que, pela primeira vez, não temos um livro de ficção entre nossas dicas.

Abaixo, mais detalhes.

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Ney Matogrosso — A Biografia, de Julio Maria (Cia. das Letras, 512 páginas, R$ 89,90)

Tendo como aliada apenas a própria intuição, Ney Matogrosso abriu um caminho único na música brasileira. Enfrentou a hostilidade do pai militar e os dogmas da Igreja católica, sobreviveu aos anos de chumbo e ao perigo da aids, manteve-se firme diante das críticas a seu “canto de mulher” e da vigilância das censuras. O jornalista Julio Maria passou cinco anos perseguindo os caminhos trilhados por Ney para contar a história de um dos personagens mais transformadores da cultura do país. Visitou a casa em que ele nasceu em Bela Vista do Mato Grosso do Sul, a vila militar em que viveu a conturbada adolescência com o pai em Campo Grande e o quartel da Aeronáutica que o abrigou como soldado no Rio de Janeiro. Encontrou um irmão mais velho do qual a família não tinha notícias, levantou documentos de agentes que o observaram durante a ditadura e localizou fatos raros da fase Secos & Molhados. Ney Matogrosso – A biografia vai às camadas mais profundas da história de Ney para contar a vida de um artista que pagou caro por defender seus direitos e sua vida artística.

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Ressentimento, de Maria Rita Kehl (Boitempo, 208 páginas, R$ 53,00)

Ressentimento, obra pioneira da psicanalista Maria Rita Kehl, ganha, em 2020, uma nova edição pela Boitempo, com um novo prefácio e projeto gráfico. O livro aborda a conceitualização do ressentimento a partir de quatro pontos de vista: a clínica psicanalítica, a filosofia de Nietzsche e Espinosa, a produção literária e o campo político. Como o ressentimento não é um conceito clássico da psicanálise, Maria Rita Kehl mobiliza tanto as suas observações clínicas quanto seus conhecimentos de outras áreas para definir e explicar a constelação afetiva que o forma. “Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer” – é desse modo que o ressentido se conduz a um beco sem saída: ao não assumir a responsabilidade sobre a própria situação, ele busca apenas uma vingança “imaginária e adiada”. Faz-se notar, assim, a atualidade do tema do ressentimento, presente nos conflitos sociais daqueles que não se veem como agentes da vida social e política. Apenas a partir da tomada de consciência da própria responsabilidade como sujeitos de nossas ações é possível abrir mão da passividade – e dos ganhos secundários – da posição ressentida.

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Pensar sem Corrimão — Compreender, de Hannah Arendt (Bazar do tempo, 640 páginas, R$ 92,00)

Pensadora da crise e do recomeço, Hannah Arendt (1906-1975) produziu uma obra incomparável sobre os acontecimentos do século XX e suas repercussões. Os textos reunidos neste livro atestam a sua capacidade em avaliar com rigor teórico e compromisso ético as principais questões de seu tempo, criando diagnósticos que se tornaram referência nos mais diversos campos das ciências humanas. Produzidos entre os anos 1950 e 1970, esses escritos, em grande parte inéditos, atravessam o período em que a Arendt escreveu suas obras mais importantes. Dessa forma, é visível o diálogo estabelecido entre as reflexões presentes nesta edição – em ensaios, aulas, estudos e entrevistas – e trabalhos como Origens do totalitarismo, Sobre a revolução e A condição humana. Na coletânea estão mais de quarenta textos com propósitos e estilos diferentes: projetos de pesquisa como o que a autora dedica a Marx, uma série de estudos sobre o significado das revoluções modernas, discursos como o de agradecimento pelo recebimento da Medalha Emerson-Thoreau, importante prêmio literário concedido pelo Academia Americana de Artes e Ciências, homenagens a amigos, como o filósofo Martin Heidegger e o poeta W. H. Auden, cartas e entrevistas que trazem detalhes da vida e a obra da autora.