A acadêmica é a mais violenta das vaidades II

A acadêmica é a mais violenta das vaidades II

haterDia desses, lembrei muito deste post que foi muito lido em 2013. Um amigo me avisou que estou sambando errado. Explicando melhor, um acadêmico me escreveu para dizer que estou me relacionando com os acadêmicos errados. Os últimos seriam pessoas desonestas e perigosas. Explicando ainda melhor, e pegando a coisa desde meu foco, uma pessoa com a qual convivia muito antigamente e que hoje infelizmente pouco vejo, solicitou que eu me afastasse de amigos que me tratam há anos com respeito e carinho. Estranhei, né?

Tentei por panos quentes. Respondi que não tinha negócios com eles, que eram apenas agradáveis amigos de jantares e festas, que meu contato não era profissional e que minha carteira ainda não fora roubada. Tentando deixar a coisa engraçada, completei dizendo que ficava com os ovos, conforme a piada de Groucho Marx.

O sujeito vai ao psiquiatra e diz: ‘Doutor, meu irmão enlouqueceu, acha que é uma galinha.’ O médico pergunta: ‘Por que você não o interna?’ E ele responde: ‘Eu preciso dos ovos.’

A resposta veio direto na jugular. Meu amigo estava decepcionado comigo, não sabia que minha vida era tão segmentada. Foi ofensa que me atingiu só de raspão. Toda a minha vida — essa notável sucessão de erros e poucas vitórias –, demonstra que meu percurso tem um conceito, provavelmente equivocado, que o apoia. Dentro dele há boa dose de tolerância. Só me ralo por ser assim, mas vejo como mudar. A tolerância não me deixou dar grande importância ao fato, mas sei que houve uma tentativa de ofender gravemente o dono da vida “tão segmentada”. O curioso é que não pedi conselho nenhum.

O genial poeta e ensaísta Joseph Brodsky ensina que as pessoas costumam ignorar o que vem após o vaticínio “e se alguém lhe solicitar acompanhá-lo por uma jarda, vá com ele mais cem”. Ele diz que vem a humanidade. Não desisto facilmente de ninguém. Nem do conselheiro. Mas seu conselho ficará arquivado, esquecido.

Agora, que os títulos e diplomas são alucinógenos altamente nocivos, disso não tenho dúvidas. Ainda bem que os sintomas não se manifestam em todos.

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Mês 77: verdades estarrecedoras sobre o meu regime

Há quase um ano, publiquei um post chamado Mês 80. Ali, descrevia minha luta para descer dos 84 para os 80 quilos. Tenho 1,71m, acho que deveria chegar aos 73, 72, 71, mais ou menos. O primeiro ato do drama ocorreu entre novembro de 2010 e o início de março do ano passado. A técnica, descrita no post acima (com link), seria a de perder um quilo por mês, com calma. Os primeiros 4 foram bem tranquilos de perder mensalmente, mas os três que perdi no último ano foram duríssimos. Algumas lições:

1. Uma grande almoço ou jantar no fim de semana, por exemplo, gera cuidados extras que nos obrigam a cuidar de cada item ingerido até quarta ou quinta-feira. É uma punição atroz. Melhor bater bapo, provar de tudo e esnobar a gastronomia.

2. Como almoço na rua, próximo a meu local de trabalho, sei que é melhor comer sozinho. Sei lá, quando há companhia se come mais, pois há a conversa demora mais, a gente se serve mais uma vez de alguma coisa da qual gostou especialmente ou pega uma sobremesa. A amizade avaliza a esbórnia.

3. Mas o almoço é um poema perto do jantar. A gente chega em casa cansado e faminto, abre a geladeira e realiza o crime como uma vingança contra todas as iniquidades nos infligidas durante o dia. Na verdade, o corpo é uma merda, a memória de peso contida em nosso cérebro nos faz comer e comer sem se sentir muito lotado. É estranho. Consultem um especialista.

4. Mas tudo pode piorar. Quando se faz atividade física, a fome triplica e daí não adianta nada para efeito de peso, a menos que tivéssemos erguido bigornas na academia. Pois acabamos comendo mais calorias do que as gastas. É um dia para se ter cuidados especiais, certamente.

5. Acompanhar o peso diariamente na mesma hora do dia e sem roupas. Comemorar a cada 100g. É preciso extrair prazer dos números, se me entendem… Quando a coisa não anda, como nos parcos três quilos que perdi no último ano, há que pensar: “Mas quando comprei a porra dessa balança, ela marcava 84 e agora não chega nunca a oitenta”. Esse trabalho de auto-ajuda, tão criativo quanto as últimas colunas da Lya Luft, é fundamental. A gente tem que se considerar um vitorioso, entende?

Putz, olha, é foda.

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Minha Vida Como Picanha

Até o ano passado, eu corria 10 Km (até participei da Rústica de Porto Alegre) a qualquer momento, só de alegria por estar vivo. Também ia à academia e me sentia bem. Então, este ano, vieram diversos revertérios Milton Ribeiro tornou-se um ex-quase-atleta-senior que apenas mantinha seu peso e, quem sabe, sua discutível silhueta.

Hoje pela manhã fiz um esforço notável e dirigi-me a uma academia aqui pertinho para fazer uma avaliação física. Queria voltar a suar e a conviver com a endorfina (ver parênteses após este parágrafo) que me fazia falta. Cheguei lá e descobri que o coração, a pressão e alguns sinais vitais estavam dentro da normalidade, mas o resto… O resto… Bem, o resto serviu para me caracterizar como um bife gordo de grandes proporções. Sim, uma enorme picanha! Estou com medo de ir ao espelho e ver um réptil de uma tonelada e meia com duas perninhas. Já preparei a frase que direi a minha querida Claudia: “A gordura é o que dá gosto à carne, meu amor!”.

(ENDORFINA é uma substância natural produzida pelo cérebro durante e após atividades físicas. Ela regula a emoção e a percepção da dor, ajudando a relaxar. Gera bem estar e prazer. A endorfina é considerada um analgésico natural, reduzindo o estresse e a ansiedade, aliviando as tensões, sendo inclusive recomendada no tratamento de depressões leves. Durante o orgasmo essa substância é liberada na corrente sanguínea, provocando uma intensa sensação de relaxamento no casal e alguns até adormecem após a relação.)

O que descobri? Ora, descobri que meus 76,1 Kg (em 1,71 m) contém absurdos 19,849 Kg (ou 26,08% de meu peso) de gordura, o que me coloca ao lado das baleias e dos ursos brancos antes do inverno. Resultado: a partir de segunda-feira, vou hibernar na academia vizinha. Ah, descobri também que minha flexibilidade está próxima à do Papa quando discute aborto.

Não sei porque saí do exame pensando na bomba de nêutrons(*).

(*) A bomba de nêutrons tem ação destrutiva apenas sobre organismos vivos, mantendo, por exemplo, a estrutura de uma cidade intacta. Isso pode representar uma vantagem militar, visto que existe a possibilidade de se eliminar os inimigos e apoderar-se de seus recursos.

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