Hoje faz aniversário a “Queima de Livros”, a Bücherverbrennung — Veja fotos e filmes

Hoje faz aniversário a “Queima de Livros”, a Bücherverbrennung — Veja fotos e filmes

queima de livros nazista 2Entre os dias 10 de maio e 21 de junho de 1933, logo após a chegada ao poder de Adolf Hitler, foram organizadas queimas de liros em praça públicas com a presença de entusiastas, polícia e bombeiros e representantes do governo. Tudo o que fosse crítico ou se desviasse da orientação nazista, deveria ser destruído. Os incêndios ocorreram por iniciativa do diretório nacional de estudantes nazista.

Os estudantes e membros das SA e SS participaram destes festins. As entidades estudantis NSDStB e ASTA competiram entre si, numa tentativa de uma mostrar-se melhor que a outra. A maioria dos livros queimados pertenciam à bibliotecas públicas. Eles eram de autores “pouco alemães”. O poeta nazista Hanns Johst foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão do nazismo ao poder, com a “necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã”.

Entre os livros queimados pelos nazistas estavam obras de Thomas Mann, Heinrich Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Erich Kästner (que, anônimo, assistia a tudo), Robert Musil, Erich Maria Remarque, Joseph Roth, Nelly Sachs, Franz Werfel, Sigmund Freud, Albert Einstein, Karl Marx e Heinrich Heine.

Oskar Maria Graf não foi incluído na lista. Seus livros não somente não foram banidos como até foram recomendados pelos nazis. Em resposta, ele publicou um artigo intitulado “Verbrennt mich! (queimem-me) no jornal vienense “Arbeiter-Zeitung” (Jornal dos Trabalhadores). No ano seguinte, foi atendido.

A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca resistência à queima. A burguesia tomou distância, passando a responsabilidade aos universitários. Também os outros países acompanharam a destruição à distância, chegando a minimizar a queima como resultado do “fanatismo estudantil”.

(Intermezzo de Bertold Brecht

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Fim do intermezzo de Bertold Brecht)

Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava Thomas Mann. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao reitor: “Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade”.

Certa vez, um dos queimados, Heinrich Heine (1797-1856), escreveu: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas.”

Berlin, Bücherverbrennung

queima de livros nazista 1

queima de livros nazista 4

queima de livros nazista 5

queima de livros nazista 6

queima de livros nazista 7

queima de livros nazista 8

queima de livros nazista 9

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Uma semana, um texto: O relato e a realidade, de Diego Viana

O melhor post que li esta semana foi publicado em 26/11 e é culpa minha tê-lo conhecido apenas na última terça-feira. É de Diego Viana, meu colega de OPS, que escreve o notável Para ler sem olhar. Não é de seus melhores textos, poderia até criticá-lo por excessivamente pessoal e incompleto, mas — sei bem por quê — preparo este post no sábado às 17h30 e só consigo lembrar dele, pois várias vezes estive discutindo mentalmente com Diego desde terça. Há abordagens que são catalisadoras mesmo. Mas Diego não sabe disso. Nem imagina por quantas vicinais andei a partir de suas impressões sobre o livro de Remarque.

Para ler sem olhar é um blog de textos longos, daqueles que dizem ser inadequados à Internet; é extremamente bem escrito, daqueles raros na Internet; e às vezes é povoado de grandes e belas imagens, daquelas que também dizem ser inadequadas por consumirem banda. Mas Diego não sabe disso. Ainda bem.

Não vou copiar um post do OPS em meu blog. Para lê-lo, basta clicar sobre O relato e a realidade.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!