O Corinthians: dessa vez vai, acho

Liédson, Danilo e Paulinho após o empate corintiano

Pois eu acho que desta vez o Corinthians será finalmente o Campeão da Libertadores. Com um time de implacável pragmatismo, sem ilusões, dedicado à marcação e sem destacados protagonistas, o time mais popular de São Paulo deverá levar não apenas a lenda de mais chato da competição. Apesar do que significa o Boca — se este passar hoje pelo Libertad — , os argentinos estão muito abaixo do que vimos ontem.

Afinal, é o ano dos pragmáticos. O Chelsea já ganhou a Liga dos Campeões vencendo times com melhores jogadores. (Acho que um encontro entre Chelsea e Corinthians deveria ser encaminhado diretamente para os pênaltis, tais suas retrancas.) Mas, ah, há lições a tirar dos enfadonhos.

Se o Chelsea teve sorte contra o Barcelona e principalmente contra o Bayern, o Corinthians demonstrou notável segurança, mantendo distância de quaisquer possibilidades de reversão. Todos, inclusive os atacantes, marcam mesmo. É comum ver Jorge Henrique, Emerson e William atirando-se à marcação com ânimo de volantes de contenção. E o resto do time faz o mesmo. Tanta dedicação aponta para um vestiário fechado e motivado, sem dorivais a impor ordens sem sentido. A marcação é completada por uma excelente organização e sincronia quando com a bola nos pés, prova de que o time não faz apenas os rachões desatentos de dorivais. Se há tanta dedicação e obediência, não há apenas Tite para administrar o grupo , há certamente uma equipe — da qual participa Fabio Maseredjan, dispensado pelo Inter para dar lugar ao preparador da equipe de dorival. OK, apesar de justos, chega de ressentimentos.

Ao ver os torcedores com lágrimas nos olhos e nervosos no final da partida, pensava em quão idiotas somos quando sob grande tensão. Eles deveriam estar tranquilos, tal a serenidade e a segurança do time do Pastor Tite. Apesar da diferença de um gol, o Santos nunca chegou a ameaçar, nem mesmo quando encontrou, sob as camadas da marcação corintiana, aquele gol de Neymar. A coisa estava tão séria e complicada para o Peixe que Neymar comemorou o gol de verdade, sem aquelas dancinhas das suas mais que vulgares músicas.

O gol foi imerecido e acabou sendo corrigido logo no começo do segundo tempo de uma forma bem corintiana — explorando o erro do adversário, no caso, Durval. Pois os times vencedores são assim, punem, estão ligados, prontos para o bote, totalmente instruídos e focados em objetivos, a não ser que sejam formados por Messis e Xavis e não precisem de tanta atenção, só de treino mesmo.

Esqueci de dizer que a objetividade do Tite — tão desapiedada quanto a de um pastor ao retirar o dízimo de seus fiéis — também revela-se quando o Corinthians toma posse da bola. O time vem tocando quase sem dribles e errando poucos passes. Os maestros são o excelente Paulinho e nosso conhecidíssimo Alex. Na reserva, há jogadores do porte de William, Liédson, Douglas, etc. Ou seja, a receita do Corinthians — provável vencedor da Lib 2012 — é foco, organização, dedicação, jogadores experientes e rejeição aos protagonismos.

Quando comparo com aquele meu time do sul… OK, eu paro.

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