Bárbara e a neve

Bárbara e a neve

Hoje, por motivos que ignoro, me voltou à lembrança um daqueles momentos lindos da vida. Sim, eu tenho vários, alguns bem recentes, mas hoje lembrei foi deste.

Em fevereiro de 2013, estávamos em Praga, eu e minha filha. Ela tinha 18 anos. Foi uma viagem tranquila e cheia de bons momentos, só que este talvez tenha sido o que ficou gravado mais fortemente em minha memória.

Eu estava comprando ingressos para fazermos a visita às principais sinagogas do bairro judeu. Estava num guichê, pagando nossos ingressos para uma velha senhora, quando esta disse em inglês, com um ar sonhador e apontando vagamente com o indicador direito, como se estivesse numa cena de Fellini:

— I don’t think she ever saw the snow.

Eu me virei e a Bárbara estava girando, olhando para o céu, com as mãos espalmadas. E assim ficou durante os dez mágicos segundos que duram até hoje. Então ela me viu e disse, de um jeito muito feliz:

— Pai, tá nevando.

Foi só isso, mas foi lindo. Ok, coisa de pai. Mas garanto que foi tão bonito que só tirei fotos depois, quando ela já tinha voltado ao normal.

Abaixo, duas fotos daquele dia.

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Chico Buarque fala sobre o racismo, sobre seu neto e a hipocrisia

chico buarqueChico Buarque comenta o racismo claro ou dissimulado de boa parte dos brasileiros. Ri daqueles que insistem em ignorar os séculos de miscigenação em nosso país. Em seu depoimento, Chico fala de sua revolta ao descobrir que sua filha, casada com o músico Carlinhos Brown, foi forçada a se mudar em razão das agressões que seu filho, neto de Chico, sofria dos moradores. Às vezes, quando ouço pessoas falando de sua genealogia — que sempre evitam suas linhagens não brancas, respondo que tenho pedigree. É que só se encontra portugueses em meu passado. Só que minha árvore genealógica é muito incompleta, muito curta, é dessas que logo se perdem, mesmo que eu tenha cidadania portuguesa adquirida em razão de ter avós portugueses por parte de pai. Aliás, os portugueses nunca se miscigenaram… Daqueles 128 citados por Chico — 4 avós, 8 bisavós, 16…, etc. — deve haver um monte de não brancos. Imagina se não há negros e índios dentre eles? Minha mãe era chamada de índia por seus pais… E os 128 estiveram por aí não faz muito tempo.

Com a palavra, Chico Buarque. Vale a pena ouvir.

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