A tola:
O tom de Lars Von Trier
Se alguém ainda tinha dúvida sobre a misoginia e a arrogância de Lars Von Trier, nesta semana em Cannes ele tratou de dirimir todas. Afora ser deselegante com Kirsten Dunst, mais uma atriz que entra para o rol das que humilhou em sets e filmes, e exibir uma tatuagem com palavrão nos dedos, ele disse ter simpatia por Hitler. Como todo covarde, depois pediu desculpas dizendo que falou em tom de brincadeira. Mesmo que fosse verdade, a declaração não vale nem como provocação. Mas foi dita com o tom que lhe é peculiar, e o pôs ao lado do estilista John Galliano como um exemplo de que os preconceitos de raça e gênero continuam vivos.
A jornalística:
Quando conversei com Lars em Mougins, ele contou que sua sensação era a de derrapar na curva e perder o controle do carro — `Não dava mais para parar`, disse — , confesso que me lembrei de Joseph Conrad e Albert Camus. Lord Jim, consciente de que sua covardia no falso naufrágio do Patna seria sua danação eterna; Mersault, ouvindo aqueles tiros ressoarem na eternidade. Estou tendo, talvez, um surto poético, ou literário. Mas o que me doi é que o filme, `Melancholia`, tão belo, talvez nunca venha a ser devidamente apreciado por isso. Tergiverso. Daqui a pouco, tenho minha entrevista com Catherine Deneuve. Vou dar uma volta na Croisette, carpe diem, antes de recomeçar a correria.
E as razoáveis e inteligentes: