The Square — A Arte da Discórdia, de Ruben Östlund

The Square — A Arte da Discórdia, de Ruben Östlund

Filmes existem de tudo quanto é jeito, mas é difícil encontrar um tão CONTEMPORÂNEO e PROVOCATIVO quanto o sueco The Square — A Arte da Discórdia, em cartaz em Porto Alegre desde a última quinta-feira. The Square recebeu a Palma de Ouro em 2017 e 6 importantes prêmios da Academia Europeia de Cinema — melhor filme, melhor diretor (Ruben Östlund), melhor ator (Claes Bang), melhor roteiro (Ruben Östlund), melhor direção de arte, etc.

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Christian é o respeitado curador de um museu de arte contemporânea. Homem divorciado e bom pai, é uma pessoa que dirige um carro elétrico e apoia boas causas. A sua próxima exposição do museu, O Quadrado, é uma instalação que pretende evocar o altruísmo em quem a vê, recordando nosso papel enquanto seres humanos responsáveis pelos nossos semelhantes. Mas às vezes é difícil viver à altura dos nossos ideais: uma resposta incauta de Christian ao roubo do seu telefone vai conduzi-lo a situações das quais ele se envergonha. Além disso, uma desastrada campanha de marketing feita pelo museu vai afrontar o senso comum e o bom gosto do publico.

O filme faz uma incursão às pessoas de bom senso, politicamente corretas, quando empurradas para fora do seu quadrado, expondo as rachaduras de um mundo indiferente e comprometido apenas com sua própria lógica e ego.

O museu de arte serve como excelente metáfora. Diz Östlund: “Visitei museus de arte em várias cidades e todos se parecem iguais. Perderam completamente a conexão com o mundo”. Esse vazio endinheirado tenta ganhar poder de choque nas redes sociais e no marketing. “Viralizou, viralizou”, gritam os caras da propaganda. Muito bonito e bem acabado, em alguns momentos o filme parece uma variação mais cômica de ‘A Grande Beleza’. Mas, enquanto este escolhe o caminho da poesia, o sueco opta pelo desconforto, ironia, destruição e bizarrice. A câmara parada manda o espectador dar ênfase a discursos que logo depois serão negados.

Já o surrealismo como forma de provocação é retirado das gavetas “buñuelianas” a fim de chocar, incomodar, debochar. Em um encontro romântico marcado por certa indiferença, um chimpanzé passeia pelo local. E o que dizer da cena pela qual The Square será sempre lembrado? A cena onde um “ser primitivo” irrompe para aterrorizar a fina nata da elite sueca num jantar. E de onde surgiu tal criatura e o seu ator? Do YouTube, claro!

Mas cabe muito mais dentro deste quadrado do que o descrito aqui.

P.S 1: Desculpem o texto grande. Queria fazer resenhas menores. É que vi o filme, li a respeito e, olha, se fosse razoável, escreveria mais dez parágrafos, inclusive contando porque me identifiquei com a narrativa em vários momentos. Um conselho: não provoque gente PC, alguns deles perdem (muito) o controle quando não se sentem confortáveis.

P.S. 2: Maldita memória. No final, a lógica e até algumas frases ficaram quase iguais ao que li no site português SapoMag.

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Porque hoje é sábado, o Festival de Cannes 2009

Começou o Festival de Cannes de 2009. Achei belíssimo o cartaz.

As atrizes não deixaram barato.

Monica Bellucci e Sophie Marceau tomaram o mundo com suas fotos na Paris Match.

Bellucci tem 44 anos, Marceau, 42.

Escolher entre as duas seria como optar entre Bach e Beethoven …

… (pois, aqui, estamos no topo da evolução humana).

Mas, como se não bastasse, há mais em Cannes 2009.

Há a cinquentona Isabelle Huppert presidindo o júri.

Há a trintona Penélope Cruz, tornada loira por Almodóvar.

Há Charlotte Gainsboroug — a filha de Jane Birkin é uma feia na qual nosso olhar gruda –, …

… no Anticristo de von Trier.

Há Diane Kruger, …

… no último Tarantino.

Há o sorriso iluminado de Juliette, …

…. abaninhos de Giovanna, …

… glamour de Rachel, …

… carinhas de Audrey e, fundamentalmente, a presença da maior de todas as francesas: …

… Jeanne Moreau, linda aos 81 anos. Monica Bellucci, desculpe, mas és uma baranga perto de Jeanne.

Pffff…

Obs.: Eu sei que é demais pedir que haja três filmes efetivamente BONS abaixo, apesar da nominata impressionante dos concorrentes à Palma de Ouro. Confiram:

A L’ORIGINE, de Xavier Giannoli (FRANÇA) com Gérard Depardieu e Emmanuelle Devos
ANTICHRIST, de Lars Von Trier (DINAMARCA) com Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg
BAK-JWI (THIRST), de Chan-Wook Park (CORÉIA DO SUL) com Eriq Ebouaney
BRIGHT STAR, de Jane Campion (REINO UNIDO) com Abbie Cornish e Ben Whishaw
CHUN FENG CHEN ZUI DE YE WAN, de Lou Ye (CHINA)
DAS WEISSE BAND, de Michael Haneke (ÁUSTRIA) com Susanne Lothar e Ulrich Tukur
ENTER THE VOID, de Gaspar Noé (FRANÇA) com Nathaniel Brown e Paz de la Huerta
FISH TANK, de Andrea Arnold (REINO UNIDO) com Michael Fassbender
INGLOURIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino (ESTADOS UNIDOS) com Brad Pitt e Diane Kruger
KINATAY, de Brillante Mendoza (FILIPINAS)
LES HERBES FOLLES, de Alain Resnais (FRANÇA) com Sabine Azéma
LOOKING FOR ERIC, de Ken Loach (REINO UNIDO) com Steve Evets
LOS ABRAZOS ROTOS, de Pedro Almodóvar (ESPANHA) com Penélope Cruz
MAP OF THE SOUNDS OF TOKYO, de Isabel Coixet (ESPANHA) com Rinko Kikuchi
TAKING WOODSTOCK, de Ang Lee (ESTADOS UNIDOS) com Demetri Martin
THE TIME THAT REMAINS, de Elia Suleiman (PALESTINA) com Elia Suleiman
UN PROPHÈTE, de Jacques Audiard (FRANÇA) com Niels Arestrup
VENGEANCE, de Johnny To (HONG KONG) com Johnny Hallyday e Sylvie Testud
VINCERE, de Marco Bellocchio (ITÁLIA) com Giovanna Mezzogiorno e Filippo Timi
VISAGE, de Tsai Ming-Liang (FRANÇA) com Mathieu Amalric e Jeanne Moreau

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