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Porque hoje é sábado, as meninas e as velhinhas de Azul é a cor mais quente
Texto de Débora Fogliatto
Especial para o PHES
Entrei no cinema com medo de estar atrasada para a última sessão do dia de Azul é a cor mais quente na segunda-feira. Eu, minha irmã e uma amiga entramos quase correndo na sala e nos acomodamos na penúltima fileira. Além de nós, havia cerca de mais dez pessoas na Sala 1 do GNC Cinemas, no shopping Moinhos de Vento.
Bem ao lado da minha irmã, duas senhoras, uma de no mínimo 60 anos e a outra, 70. Chamou-nos a atenção a presença das duas, pois sabíamos do caráter lésbico e de certa forma erótico do filme. Logo começamos a confabular se seriam um casal, mas não parecia ser o caso.
Logo no início do filme, a personagem principal, uma garota de 15 anos (interpretada pela atriz Adèle Exarchopoulos, de 20), protagoniza uma cena de sexo com um rapaz do colégio. Neste momento, a senhora mais velha se inclinou para frente na cadeira e, olhando para os lados de olhos arregalados, exclamou:
Fotos inusitadas de Dmitri Shostakovich, inclusive com поросёнок
A partir de 1936, a vida de Shostakovich foi num embate desigual contra o leviatã soviético. De saúde frágil, o compositor fazia parte de um grupo de artistas cada vez mais raro: o dos provocadores. Porém, quando digo provocadores, falo em artistas com substância e consequência. Mesmo que sofresse pessoalmente, prevendo a morte ou o desaparecimento, mesmo doente e sabendo que seria censurado, seguia cutucando os burocratas do governo com um sarcasmo que até hoje deixa deliciados seus admiradores. Foi um artista que, além disso, soube equilibrar-se entre a extrema sofisticação e a comunicação com o público numa época em que boa parte de seus pares andava perdido num experimentalismo que hoje quase não é mais ouvido. Contrariamente, Shostakovich está cada vez mais vivo e presente nos repertórios das mais importantes salas de concertos. O conteúdo humano e a profundidade de suas composições dizem muito ao século XXI.
Hoje, neste sábado arrancado de uma sequência de dias cansativamente trabalhados, resolvi procurar fotos alegres ou curiosas de Dmitri. Não há muitas, mas fiquei satisfeito com o que colhi.
P.S. — Ah, o motivo do поросёнок.