Colorados em chamas

Noto na cidade um clima copeiro que há muito não sentia. Estão todos na expectativa pelo jogo do Inter contra o Cerro uruguaio, líder do grupo 5 da Libertadores. O jogo será quase no Brasil, será em Rivera, no peculiar horário das 19h15. Acho inacreditável o otimismo de alguns colorados e acho mais lógico o detestável ceticismo dos gremistas.

O Inter vai mal, com um esquema de jogo muito defensivo e feio. Dizem que haverá um choripán na casa de um amigo e, bem… Eu e o Bernardo vamos conferir a função e a partida lá, claro. Sou simpático ao esquema 3-5-2, mas para utilizá-lo há que ter jogadores que o Inter não possui e, para piorar, o técnico Jorge Fossati irá com o crasso lateral Bruno Silva, em vez de utilizar o apoiador e aventureiro (para o bem e para o mal) Nei. Como se não bastasse, usará 3 zagueiros e dois volantes, o que torna o jogo difícil para o adversário e para nós, cujas ações ofensivas se assemelham à arrancada de um Gordini. Infelizmente, para funcionar o 3-5-2, temos que retirar ou Sandro ou Guiñazú — o que seria certamente uma profanação. 4-4-2 ou outra coisa já!

Enquanto isso, fico sabendo de um dado impressionante: a folha de pagamento do Inter é 38 vezes maior que a do Cerro. 105 mil contra 4 mlhões. Há jogadores nossos que ganham o dobro da folha completa do adversário. Hoje, do meu ponto de vista, tenho a chance única de sentir-me um milionário, apesar de incompetente. Nosso time Classe A é tão hispano hablante que serviria como ícone do Impedimento: Bruno Silva, Sorondo e Fossati são uruguaios, D`Alessandro, Abbondazieri e Guiñazú, argentinos. Eles já demonstraram bom entendimento com as árbitros, mas eu queria mesmo era vê-los num time organizado de forma mais arejada. Pois Fossati é um cagalhão que deve evitar até alongar-se — ah, os alongamentos, que saco… só são menos chatos dos que os abomináveis.

Espero que os fatos me desmintam, que o Inter vá acumulando seus pontinhos feios por aí hasta la victoria e até chegarmos ao Nirvana II, local apenas destinado ao Once Caldas, à seleção da Grécia, ao Parreirão 94 e a outros horrores vencedores.

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