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Milton RibeiroEu acho altíssimo o número, quase 60, mas é impossível acordar e pensar nestas coisas de finitude e no vazio cada vez mais próximo quando, logo de manhãzinha, ouvimos isso:

— Feliz aniversário, meu menino querido. Que seja feliz e saudável por muitos anos.

O último ano foi muito bom. Em 19 de agosto do ano passado não estava nada bem. Alguém estava organizando um fracasso público para mim com o objetivo de se fazer de vítima. Deu tudo errado. Para o outro lado. Porém, doze dias depois do meu aniversário, tudo começou a virar de forma realmente cabal. Ou seja, se tirarmos esses doze dias, foi um ano no qual recebi um fluxo de carinho que me deixa realmente pensar que sou um jovem, um guri desses que passeia pelas ruas e parques abraçado em sua menina.

Não somos exatamente meninos, mas ainda estamos (ou somos) meio bobos. Os últimos meses foram marcados por tamanha intersecção de vontades e planos que houve espaço para pouca coisa mais. Ou seja, o ano em que tive 56 anos foi de notável sorte. Estou naquela situação de fazer tudo com cuidado para não estragar nada. Não que mude de atitude para me adaptar, só tento reprimir um pouco meu humor anárquico, já que, surpreendentemente, o espírito crítico é bem recebido.

Um amigo hoje me disse que já se passaram duas vezes 57 anos desde o ano 1900. Putz. Minha irmã lembrou de nosso pai, que ficaria fascinado por alguém nascido em 1957 que faz 57 anos. Jogaria no bicho, na Megasena, sei lá. Números à parte, o importante é manter a boa forma intelectual e física. Sempre gostei dos velhos de espírito jovem e desejo ser — se já não sou — um deles.

Imagem enviada por minha filha no dia de hoje...
Imagem enviada por minha filha Bárbara no dia de hoje…

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