Vou contar uma historinha para vocês. Aconteceu ontem na Padaria Pasquali, aqui no bairro Cavalhada, em Porto Alegre.
Eu entrei na fila e comecei a fazer uma coisa que sempre faço quando não há músicos por perto — comecei a cantar: “Daram, daram, dararam, da-ra-ra-ram”.
Claro que vocês, pessoas inteligentes, já sabem o que eu estava cantando. Bem, foi quando uma menina que estava na minha frente, virou-se para mim e disse:
— O começo do terceiro concerto de Bartók…
E ficou totalmente vermelha, envergonhadíssima. Me apresentei, conversamos uns cinco minutos e ela perguntou se eu sabia o motivo pelo qual Bartók, um ateu e socialista, chamara de Adagio Religioso o segundo movimento. Não soube responder.
Trata-se de uma aluna de piano de 16 anos que, depois de perder a vergonha, resumiu brilhantemente o concerto:
— Tio, esta música é tudo!
E ela tem toda a razão. É tudo mesmo.
Um beijo do tio, Carol.