Quem é intolerante a respeito de música não faz jus a seu aparelho auditivo. E quem não tem capacidade de reflexão e descoberta não deveria usar a palavra “arte”.
Este post é dedicado ao autor da afirmativa acima, Tiago Casagrande, e a Gilberto Agostinho.
Antigamente, a música — mesmo a mais grandiosa — era utilizada como pano de fundo para jantares e comemorações. Para nós é difícil conceber isto, mas a música de Vivaldi, por exemplo, era ouvida sob o provavelmente alegre som de comensais italianos alcoolizados… Excetuando-se os saraus privados, o único local onde podia-se ouvir música em silêncio era nas igrejas. O ritual de deslocar-se até uma sala de concertos a fim de ouvir e ver silenciosamente a performance de orquestras, cantores e recitalistas é relativamente recente – começou há uns 150 anos. Sob uma forma mais barulhenta, a música popular aderiu a este ritual no século XX, porém hoje seus concertos visam mais a celebração do artista do que a finalidades “expressivas” ou “interpretativas”. Alguns radicais, como o extraordinário pianista canadense Glenn Gould (1932-1982) – cujas interpretações de Bach são até hoje difíceis de superar – trilharam o caminho inverso chegando ao extremo de abandonar suas carreiras de concertistas por não acreditarem mais que o formato de concertos e shows fosse aceitável quando comparado às vantagens oferecidas pelos estúdios de gravação. Não obstante o abandono dos holofotes e dos aplausos — em seu caso sempre entusiásticos –, Gould seguiu pianista e continuou produzindo discos cada vez melhores; mesmo sem ter marcado um mísero concerto em seus 27(!) últimos anos de vida.
Glenn Gould acreditava que a tecnologia oferecida pelos estúdios o colocava mais próximo de seu ideal artístico, que colocava a técnica pianística em segundo plano. Apesar de ser um instrumentista absolutamente preciso e hábil, a impressão mais forte que temos ao ouvi-lo não é a do virtuosismo, mas a da expressividade. Com ele, pode-se ouvir a música. Gould pensava que existia somente uma interpretação perfeita de cada obra e que esta só poderia ser obtida em estúdio com auxílio da tecnologia.
A verdade é que as gravações revolucionaram inteiramente nossa abordagem à música. Em menos de um século, passamos do sarau ao CD, fomos do amadorismo afetuoso e comovedor de nossas residências (que bom se pudéssemos voltar no tempo, não?) ao sampler. Vejamos como:
1877: Thomas Edison constrói e dá nome ao primeiro fonógrafo, um aparelho que registra e reproduz sons, utilizando um cilindro de parafina.
1888: O disco envernizado substitui o cilindro de Edison.
1925: Aparece o primeiro toca-discos elétrico, que funcionava com discos de 78 rpm. Um movimento – cheio de chiados – de uma sonata de Beethoven poderia ocupar vários discos… Meu pai tinha o Op. 111 do compositor alemão em 8 discos ou 16 lados de discos 78 rpm!
1940: O acetato e o verniz começam a ser substituídos pela fita magnética.
1948: Surge o LP, que podia receber até 30 minutos de música (uma sinfonia de Mozart!) de cada lado. Todos os discos de 78 rotações deveriam ser jogados fora. (Este é outro assunto…)
1958: O som estereofônico torna obsoletas as gravações anteriores, feitas em mono. Chegou a vez de jogar fora tudo o que não era estéreo.
1965: A fita cassete ameaça o disco, mas não o vence.
1979: Aparecem as fitas digitais (DAT) com som semelhante ao do CD; isto é, muito mais claras do que tudo o que já havia surgido antes.
1983: Chega o CD, mais uma vez desvalorizando todas as outras gravações realizadas em outros meios.
Gould falava em quão recente era a supostamente eterna tradição das salas de concerto e ridicularizava vários de seus aspectos. Por que haveria de ser necessário alguém atravessar a cidade — talvez com chuva ou sem a vestimenta adequada –, para ir sentar-se, com hora marcada, em cadeiras normalmente piores do que as de nossas casas, a fim de ouvir o mesmo velho e conhecido repertório tocado com acompanhamento de sussurros e tosses? Segundo ele, a única coisa que mantinha viva a tradição dos concertos era a oligarquia do mundo dos negócios musicais, acrescida do que Glenn Gould chamava de “uma afetuosa, ainda que às vezes frustrante, característica humana: a relutância em aceitar as conseqüências de uma nova tecnologia.”
Eu, modestamente, adoro ir a concertos. Amo aquela celebração dedicada aos músicos e à música; mas concordo com Gould em muitas coisas. É complicado sair de casa para ver, muitas vezes, concertos constrangedoramente inferiores àquilo que temos em nossa discoteca. Outra coisa triste é o conservadorismo do repertório apresentado: principalmente no Brasil, considera-se que estejamos eternamente “educando o público para a música erudita”. Com este argumento, as orquestras obtém o aval para apresentarem somente o mainstream do repertório. (Há as exceções, mas são raras…) Enquanto isto, o LP e o CD abriram um leque de opções que mudaram nosso conhecimento musical. Obras extraordinárias puderam voltar a fazer parte de nossa cultura, grande parte da música de câmara (música escrita para pequenos grupos de instrumentistas) e da música antiga, inadequadas para as grandes salas, voltaram através dos discos.
Houve uma importante alteração na maneira de tocar a música e, por conseguinte, de ouvi-la e compreendê-la. Uma vez que, no estúdio, os músicos não tinham mais de preencher os grandes espaços das salas de concerto com som, todo o processo de fazer música passou a colocar mais ênfase na clareza e beleza do fraseado. Os microfones que fizessem o resto! Os antigos instrumentos – de som mais fraco – retornaram à vida e surgiram as gravações com interpretações históricas, utilizando instrumentos de época, que respeitam a dinâmica e a forma original das obras.
Peço agora que vocês, meus prezados 7 leitores, leiam principalmente a segunda observação abaixo. Ao final dela, vocês entenderão o motivo pelo qual este texto acaba (ou não acaba) tão bruscamente.
Observação:
— A maior parte dos argumentos aqui colocados livremente estão sistematizados no livro de Otto Friedrich Glenn Gould: A Life and Variations.
Uma possível resposta a Glenn Gould…
O POETA DA CIDADE
by Ramiro Conceição
Cai a lua sobre ambulâncias,
polícias e carros fúnebres.
Ainda erótica, apesar de torta,
a noite é sonâmbula sagrada de segredos;
não daqui, mas das florestas mágicas
onde o vento canta encânticos
de bruxos, em ritmos, em refluxos,
da sinfonia universal.
A metrópole inquieta
propicia assassinatos,
enganos e furtos.
O tempo é frívolo, atávico.
A cama é crua: não há sonhos.
Só sobraram vinhos tristes,
beijos pródigos passados,
flores lívidas sem perfume, músicas
sem alaúdes,
partituras sem piano, silêncios,
promessas — e hálitos.
E a mensagem que chegou
estava em código secreto.
Ainda assim, o poeta saiu errante,
à noite, com a marginália de seu livro
vivo;
de repente, abriu os braços ao relento
e acariciou só, solenemente, os cabelos
do Cruzeiro do Sul.
É incrível…
mas escrevi o título errado:
“O POETA DA CIDADE”.
Este poema está publicado e faz muito tempo…
Este poema não tinha sido postado aqui por ti? Estranho. Parece que lembro dele.
Sim, Milton; mas no teu ex-blog.
Milton, antes que eu comece a falar sobre o conteúdo deste post eu quero te agradecer muito por ter-me dedicado ele. Muito obrigado. A respeito de Glenn Gould, eu acho extremamente curiosa a relação que ele tinha com a tecnologia. Eu não sou um grande fã de salas de concerto, me irrito muito com a platéia, ou com interpretações medíocres, mas nunca trocaria a oportunidade de ouvir uma sinfonia ao vivo regida por um grande maestro pela gravação da mesma. Acho curioso que justamente um intérprete tenha esta opnião (se fosse um compositor até ia). Além disto, esta idéia arcaica de atingir a “interpretação perfeita” sempre me desagradou. E o curioso é que Gould foi extremamente inventivo nas suas interpretações! Ele muitas vezes executa um trecho de maneira bem diferente do que o proposto pelo compositor (ou o que comumente é aceito como proposto por este), como a Invenção a duas vozes No.13, com velocidade simplesmente impensável para o estilo de Bach, ou o fraseado do Prelúdio No.1 do Primeiro Cravo Bem Temperado, completamente ousado no estilo. Acho que ele foi um músico excepcional, é meu pianista favorito, dono de uma sensibilidade incrível, mas suas declarações são contrárias às minhas opniões muitas vezes. Mas isso é irrelevante, ele é talvez a definição de gênio musical, ao menos num sentido contemporâneo, e este tipo de extremismo talvez seja necessário para a formulação de tal mente.
Aliás, não sei você se interessa por xadrez, Milton, mas existe uma semelhança assombrosa entre o enxadrista prodígio americano Bobby Fischer e o Glenn Gould. É realmente assustadora a comparação de suas personalidades e de seus feitos.
E, para finalizar, agradeço a réplica ao meu último comentário, no outro post. Eu ando um tanto depressivo ultimamente, e foi um momento bom para falar um pouco do que penso. Os erros de português que eu cometi se devem a eu não ter relido o comentário. Se eu relesse, eu apagaria e me fecharia novamente.
Grande abraço a todos!
Eu sou um adepto das interpretações ao vivo e mesmo das gravações ao vivo. Também acho uma besteira a tal interpretação definitiva…
Mas curvo-me à incrível capacidade de Gould como pianista, à sua inteligência e coragem.
Não sei se leste uma entrevista que Gould fez com ele mesmo. É sensacional. Ele se trata respeitosamente por Mr. Gould e disse tê-la criado porque ninguém sabia fazer-lhe as perguntas corretas para estimulá-lo a falar.
Ele também fez muitos programas de rádio onde regia o som a partir de uma mesa ultracomplexa nos anos 60 e 70. Se não me engano há a edição em CD de muitos programas.
Era isso. O cara foi um gênio. Ah, desconheço a personalidade de Bobby Fischer. Apenas conheço-lhe a fama.
Grande abraço.
Eu não conheço a entrevista nem os programas de rádio, Milton! Vou ver se consigo encontrá-los na internet. Outro dia achei uma pérola no youtube, Glenn Gould regendo Mahler. Este homem era realmente multifacetado.
Quanto ao Fischer, sua história é interessantíssima. Ele não foi meu enxadrista favorito, mas foi certamente o maior prodígio que surgiu nesta área. Quando esteve no auge da sua carreira, ele se negou a defender seu título mundial. Seguiram décadas de isolamento, longe do xadrez, até uma dispusta com um antigo arquirival, na qual ele venceu, mas já sem o mesmo brilho. Em seguida se tornou esquivo, teve problemas com o governo americano, e se tornou um velho triste e lunático. Excetuando esta última parte, a semelhança com o Gould está no gênio excêntrico, ambos sorridentes muitas vezes e aparentando não levar a vida a sério, a não ser a música/xadrez.
Grande abraço!
Meu amigo Augusto Maurer tem um livro onde Gould entrevista Gould. É um texto, mas há partes filmadas.
Muito original e inteligente, só para variar…
Vi umas fotos de B. Fischer. Têm expressões semelhantes, sim!
“Antigamente, a música — mesmo a mais grandiosa — era utilizada como pano de fundo para jantares e comemorações. Para nós é difícil conceber isto, mas a música de Vivaldi, por exemplo, era ouvida sob o provavelmente alegre som de comensais italianos alcoolizados…”. A verdade é que prefiro exatamente desse jeito. Não gosto dessa quase “divinização” da música e dos músicos. É claro que, quando quero prestar mais atenção, sigo as recomendações do pianista – ouço em casa, geralmente com a acompanhia de uma garrafa de vinho. Compreendo as aporrinhações de se ir ao concerto, mas, quanto à qualidade, volto ao engraçado quadrinho do Mozart em O Lobo da Estepe, e há alguma razão naquilo.
Há uma coisa divertida nessa coisa de barulhinhos da audiência. Uma executante lá da Europa Oriental, tocando no momento numa orquestra de Manaus, disse adorar as manifestações do público. Penso que os músicos, ao contrário dos ouvintes, gostam da sensação de estar em uma festa, e encarar o espetáculo não com devoção, e sim com gosto.
Mas o pianista viveu seus 50 anos de pretensão, acho-o ótimo mas não ligo para ele. Percebo diferenças na execução dum e doutro músico, mas não fico qualificando essas diferenças. Talvez um cara mais estouvado arrebente as teclas do piano enquanto toca Chopin, ao contrário do que é recomendado. Mas mesmo assim pode ser bom, ué.
Aprovo a música e os erros ao vivo, mas tenho meus problemas para ver Gould pretensioso. Há gente que pode?
Pretensão: foi uma ligação direta com sua “crônica” do dia anterior. Exploração de uma coincidência fortuita, mas cabível. Pelos vídeos, há algo de pretensão à genialidade do pianista, sim. Bem visível naquele filme intitulado “Umas tantas (quantas?) variações sobre Glenn Gould”. Mais uma vez diferenças de percepção, nada demais.
olhando a citação assim, até parece que eu conheço música clássica, não? 😉 acho um barato que tu possa usar a frase mesmo que o meu contexto sonoro seja absolutamente diferente.
muito obrigado pela dedicatória. é honraria :)))
a respeito de Gould… pois sabes que ainda esses dias – 12/02, fui checar – alguns amigos falaram (em e-mails) a respeito deste vídeo. pois fui assisti-lo – e ia escrever-te sobre ele à época, não o fiz e acabei esquecendo. teve um impacto muito forte e passei aquele dia repetindo-o, e vez em quando volto a ele. acho que poucas vezes me senti tão próximo da música erudita, e certamente nunca vi nada parecido. a entrega, concentração, a vocalização, a excentricidade – tu sabes bem que eu fico a procurar os elementos mais humanos possíveis – me deixaram de queixo caído e com a sensação de algo absolutamente novo para mim.
e então este teu post, e me parece um desperdício? que um cara desses fosse esconder-se em estúdios para perfeições e etcs? ok, não é exatamente contraditório, mas, que egoísta, esse Gould! tivesse vindo tocar com a OSPA e eu compraria ingresso imediatamente. 😉
abração.
Penso que tal atitude talvez seja o inverso do egoísmo, tiagón. Um músico dedida sua vida inteira à esta arte. São décadas e décadas de entrega e dedicação (me seguro para não dizer sacrifício). E então o instrumentista falece. Qual foi o seu legado? O público dos concertos é limitado em número, e nossa memória é curta. São justamente as gravações que continuam. Finalmente os instrumentistas tem a seu alcance, nesta era das gravações, a imortalidade que sempre foi um privilégio dos compositores. O legado de Gould é fantástico, e eu mesmo não poderia apreciá-lo sem as gravações. Minha única reserva ao Gould neste assunto é a decisão extremada, a completa distância dos palcos. Acho que deve existir um meio termo saudável nesta história toda.
Para variar, fecho contigo.
Tiago,
fico feliz que tenhas gostado deste vídeo fantástico. Acho que Gould deveria apresentar-se em público, mas fazia parte do show dele ser radical.
Uma coisa: a vocalização era mantida mesmo em estúdio. Ele era viciado em cantar junto, gemer junto. Os engenheiros tentam minimizar, mas quando a gente bota o som bem alto, lá está Gould cantando…
Para terminar, digo que tua vivência como ouvinte te faz competente para julgar qquer gênero, ora.
Sou mais um fã da interpretação de Gould, principalmente quando toca Bach. Em muitas das outras interpretações não vejo grandes diferenças com outros intérpretes, e particular no clássicos ou modernos, e em Mozart não vejo sentido estético em certas mudanças de tempo que ele criou.
Quanto a ouvir música ‘ao vivo’ ou ‘em casa’ prefiro mil vezes ouvir ‘ao vivo’. Até hoje não me esqueço de ter ouvido um concerto de Vivaldi por um desconhecido conjunto aqui da Paraíba, que gostei mais do que ouvir os discos do I Musici em casa. As vezes penso que a acústica ‘ao natural’ acaba fazendo a diferença, apesar de todos os Watts que se pode colocar em casa.
Por outro lado, no concerto ao vivo, sempre pode ocorrer o fator da desconcentração, cansaço, etc. e o músicos continuam. Em casa você da um ‘pause’, vai ao banheiro, toma um gole e volta ao ‘play’.
“Música não é para entender, é para gostar” esta citação que peguei da Caros Amigos e outras como, p.ex.,
Música “Pode provocar angústia mas não faz medo; Pode provocar alegria, satisfação mas não faz rir” de Wisnik,
estão em uma modesta apresentação sobre música que fiz uns anos atras, que pode ser vista em http://www.dsc.ufcg.edu.br/~ulrich/musca.ppt.
Corrigindo, o link correto é
http://www.dsc.ufcg.edu.br/~ulrich/musica.ppt
Ouso discordar da mensagem do “post” em discussão, tanto quanto da forma (técnica) do “poema”. Portanto, serei ácido na crítica. Eu, como já escreví em outro “post”, não consigo gostar de ópera. E citei, alí, as razões. É intolerância? não! É (questão de) gosto. Entra-me no ouvido e não desce bem … ao meu coração. Não me emociona. E música tem que me emocionar … ou, no mínimo, atrair-me a atenção, de modo a concentrar-me na sua escuta. Sou um analfabeto em música? Se assim fosse, não adoraria Bach, não me deleitaria com canções de Mozart, Beethoven, Pachebel, Vivaldi, e que tais.
Quanto a poesia sem RIMA, desculpem-me … é limonada, sem limão. Sou da época romântica da versificação. Poema sem rima, para mim, é nada mais que uma prosa com as linhas ordenadamente superpostas. Não me diz nada!
Li os comentários e achei-os pertinentes à sensibilidade de Gould … É claro, que cada um em seu mundo mágico verá um ângulo desse talentoso Mestre da Música.
Eu, particularmente o vejo como um real e efetivo gênio … como diz Kant: “aquele que dá à arte a regra”. Aquele que não precisou aprender em sua genialidade senão a Techné Grega, a subdivisão de Poíesis e Poeton.
Poíesis: a percepção do desvelado, o trânsito do não-ser para o Ser. A capacidade de captar da Physis o originário, não a Mímesis, que segundo Platão não passa da cópia de um modelo. Prakton: a técnica na acepção do termo.
Glenn Gould para mim é a expressão perfeita do Gênio, tanto no âmbito da concepção platônica quanto na concepção kantiana; é, na verdade, a consagração do Espanto promulgado por Aristóteles em sua Metafísica quando indica aquele momento do Conhecer como o da grande exaltação ao Êxtasis, a Admiração! Nesse contexto, admirar é em tese, nada mais do que o deslumbramento ao inusitado, ao desconhecido, àquilo que está acima do mundo dos sentidos: Noêsis, que expressa em sua essência o puro conhecimento das coisas reais, ou seja, o supra-sensível, o Inteligível; em uma leitura contemporânea, a Pura Intuição.
Realmente, Glenn Gould representa o protótipo perfeito do Gênio, aquele, que para Kant, dá à arte a regra. E, que segundo Hegel, não precisou aprender para produzir a sua arte, e, jamais poderá passar o seu conhecimento … e, nem poderá explicar a origem de seu talento, ou genialidade …
Senhor Milton Ribeiro e demais participamentes deste Blog, agradeço a todos a oportunidade de ter falado um pouco sobre o Glenn Gould, que aliás, se me permitem falar, estou já há algum tempo fazendo sobre ele uma Pesquisa filosófico-musical.
Abraços.
IAM – Zylpha Carvalho Herbert
Dra. em Filosofia e em Música, Pianista e apaixonada pela obra mítica, mística e misteriosa de Bach.