Amigos

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Nossa auxiliar resolveu faltar ontem. Lavei toda a louça, mas a mesa ficou como quando o Marcelo Backes esteve aqui. Foi uma noite de anormal perfeição, daquelas que a gente efetivamente lamenta quando acaba e que depois se agradece a presença através de e-mails um pouco acima dos tons protocolares. Conheço o Backes há mais de dez anos e temos encontros aproximadamente anuais — ele morou muito tempo na Alemanha e agora reside no Rio com a Nina (Saroldi). Então, quase sempre nos encontramos ou por causa da Feira do Livro de Porto Alegre ou em sua passagem para o interior missioneiro de seus pais.

(No RS, quando se vai ao interior, diz-se que se vai “para fora”, o que é mais paradoxal do que o Les Luthiers cantando La Chacarera del ácido lisérgico — también llamada Conozca el interior, tradicional alucinógeno opus 24, de Johann Sebastian Mastropiero).

Em nossos últimos encontros, recebemos consideráveis reforços backianos como o da irmã Ângela e de seu marido Chico, que também conheço faz anos e do qual desconheço o sobrenome. A Ângela revela-se muito, mas muito engraçada. Eu e a Claudia não conhecíamos a Nina que — à parte a surpresa de que um alemãozinho de Paca Norte conquiste carioquice de tamanha beleza — é encantadora. E, nossa, a Claudia matou a pau na cozinha, mas a isso eu e a balança já nos acostumados. Marcelo, nós também passamos o dia de ontem falando a respeito do muito mais que agradável encontro com vocês e, como te falei, eu, a Claudia e o Bernardo ficamos depois sentados na sala, dizendo um para o outro que vocês DEVIAM ter ficado mais. Sim, repetiremos.

No dia seguinte, ontem, havia várias festas coloradas. Havia uma para 50 mil pessoas mais Ivete Sangalo, Fafá de Belém e sei lá mais quem no Beira-Rio, só que a mais importante ocorria na Fnac do Barra Shopping. O Felipe Prestes lançava a revista Invicto 79 – O primeiro, o único, comemorativa aos 30 anos do Campeão Invicto Brasileiro. A publicação é belíssima e está sendo vendida no site do Inter. É uma grande reportagem empreendida pelo Prestes e pelo Luís Eduardo Gomes. Para se guardar e, pra variar, Douglas Ceconello rouba a cena na página 40 ao contar a história do Seu Lauro, garçom da Churrascaria Saci, localizada no Beira-Rio desde a inauguração do estádio em 1969 até o ano de 1980. O detalhe é que o Seu Lauro é pai do Douglas, que tinha quase dois meses quando o Inter foi campeão invicto e que tentava anotar aquelas preciosas informações em sua mente ainda atabalhoada de bebê, certamente tão atento quanto um zagueiro em cobrança de escanteio. Ainda atabalhoada, Douglas? Quer dizer que desde então o tumulto cessou? Curioso.

E hoje à noite tem mais. Francisco Marshall convidou a mim, à Claudia e a um alter ego para este concerto. A julgar pela qualidade dos anteriores que vimos no StudioClio, será mais uma noite gloriosa.

E, nossa, Alma Welt segue bombando.

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7 comments / Add your comment below

  1. Milton, por causa daquele post em que diz que prefere a tradução de kafka feita pelo Backes, comprei “O Processo” em pocket da LPM, com a tradução dele. Estou lendo; nos momentos mais curiosos, pego a do Carone para comparar. Trata-se de uma tradução, a meu ver_ já que nada sei da lingua alemã, mas pelo que percebo do estilo de Kafka_ realmente primorosa. No prefácio, Backes diz que Kafka usava apenas umas 300 palavras, mas com isso, revolucionou a literatura alemã. O que me causa muita curiosidade é a forma como Backes traduziu a antológica primeira frase do livro (não estou com ele aqui): a de Carone parece mais bem arranjada, mais elegante; a do Backes soa truncada, aparentemente insuficiente. Uma excepcional tradução, é verdade. Se fosse possível_ o que seria um baita presente para os frequentadores deste blog_ por que não convida o Backes a escrever sobre essa tradução?

    abraços!

    1. peguei o milton na fnac ROUBANDO o Desonra. interrompido por mim NO ATO ele disse q compraria (mentira, mas depois teve q comprar mesmo) pelos comentários do Charlles.
      e aí, de uma forma ou de outra, vamos todos nos encontrando.

      o irônico de eu dizer isso tudo é q EU é q deixei a livraria com a revista SEM PAGAR por ela. fiz voltas pelo shopping até q lembrei. deve ter sido o espumante.

      1. Hahaha! Aonde vamos parar? Mas pode ter certeza, Arbo, que o Milton já tinha te reparado pelo canto do olho desde que entrara na feira, assim como sabia quantas pessoas havia no perímetro, as câmaras, as portas de saída, o número de guardas. Esse cara é um dos maiores profissionais no assunto!

        Milton, tu vai gostar muito do Desonra! Livraço! Estou com o filme dele para assistir hoje à noite.

  2. Vou mostrar teu comentário para ele. Sei que ele está ocupadíssimo e com viagem marcada para a Alemanha logo após o Natal, vamos ver.

    O que mais me surpreendeu na tradução do Backes — e ele defendeu tal posição verbalmente em conversa comigo — é que em sua versão de A Metamorfose há intenções, referências ou representações de cunho muito sexual, coisa que tinha passado batido (para mim) na tradução do Carone.

    O Backes me garantiu que tais referências são claríssimas no original.

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