Belíssimo lied de Schubert. Para minha supresa, foi um pouco difícil de encontrar no YouTube e tive de apelar para o concerto de graduação de um certo Paul Miller (clarinetista). Há falta de sincronia entre imagem e som na segunda parte, mas não é nada grave. Enjoy!
Paul Miller, clarinet
Rebekah Kenote, soprano
Lisa Spector, piano
Schubert e belíssimo na mesma frase? Milton, você está bem?
Eu AMO Schubert !!! Meus problemas são com Schumann…
Caríssimo Milton,
desculpe-me pelo espaço.
Nada a haver. Mas…
Sempre existe um MAS
que vira tudo…
EXORCISMO
by Ramiro Conceição
Diz a lenda que
um deus disse
a um bando de bípedes:
“ A César o que é de César.”
“ A Deus o que é de Deus.”
Logo parece que, pra ele,
dois direitos co-existem:
um, profano, é mortal;
outro, imortal, é sagrado;
no primeiro, uma falta é crime;
no segundo , se define – o pecado;
no primeiro, vivo, se vai pra cadeia;
no segundo, morto, ao avesso do céu.
Então…
Pra onde vão os pedófilos que, por séculos,
fizeram do sacramento da confissão
instrumento de poder – e de sedução?
O que fazer com a cruel Igreja omissa:
todos os dias, somente, rezas e missas?
O que farão com o maior pecado
– aquele para o qual não há perdão -,
o esconderão debaixo da escuridão?
Como dar-se-á o Apocalipse de inocentes
que, por séculos, foram vilipendiados
que se transformaram em monstros de outros
que se transformaram em outros, monstros,
que se transformaram…?
O que se fará com o livre-arbítrio:
um novo livro a loucos por martírios?
Ah, adoradores do minúsculo,
sábios, do dia, só do crepúsculo:
diz a lenda que aos porcos, sem beleza,
sempre existe um abismo… Assim seja!
Adoro Schubert, melhor dizendo, adoro o final de Schubert. Poucas obras na música possuem um clima tão evidente de ocaso como suas últimas obras. E acho que ainda hoje há incompreensão em relação a elas. São, sem dúvida, o testamento trágico de um gênio que não teve tempo de deixar-nos tudo o que poderia. Seus lieder, o melhor de sua obra, dispensam comentários. Belíssimo é pouco para eles. Ignorá-los, é, no mínimo, um crime.
Em resposta ao que me perguntaste no Twitter, o clarinetista se sai bem face aos desafios propostos neste trio, quase único em sua formação (Spohr mais uns obligati em árias jovens de Mozart).
Já toquei, todavia, a obra com parceiras bem melhores. A pianista me dá nos nervos e a soprano está como em Wagner.
Bem apontou Alessandro a profunda beleza de certas obras testamentais. Por isto sempre achei que nós, clarinetistas, fomos abençoados com coisas como Mozart K. 498, 581 & 622, Schubert D.965, Schumann Op.73 & 132 e, last but not least, Brahms Op. 114, 115 & 120 nº 1 & 2.