Porque hoje é sábado… terceirizamos com a Caminhante

Algumas mulheres ultrapassam o status de mulher bonita e se tornam ícones, divas, unanimidades. É só clicar no PHES antigos para ter uma boa amostra.

Não é desse tipo de mulher que eu quero falar, até porque não gosto delas. Não gosto da maneira como elas são onipresentes, como os homens estão dispostos a nos ignorar por simples imagens delas e principalmente pelo ideal inatingível que elas representam.

Sim, nós mulheres comuns temos uma antipatia natural por essas mulheres ícones. Não é difícil perceber; ficamos enlouquecidas quando nosso homem elogia demais uma famosa. Por isso o impulso quase irresistível de desmerecê-las, de insistir que só há vulgaridade onde vocês enxergam beleza.

Mas é claro que não somos imunes a elas. Nós a detestamos tanto quanto queremos ser iguais, queremos receber o mesmo tipo de atenção. Como lidamos com isso é uma questão essencial.

O tempo modifica o corpo – e a cabeça, e os sentimentos,e a alma – das mulheres, mas isso não quer dizer que a vontade de ser desejada envelheça.

Essa vontade está presente em todas as mulheres, por debaixo de nossas roupas, ardendo na pele mesmo das inteligentes e críticas.

Cada vez que uma mulher faz uma plástica para tentar se parecer com alguém, é esse tipo de olhar que ela busca. Mas a satisfação individual tem um preço: torna a humanidade mais uniforme. E – justamente por isso – menos bela.

Teremos menos uma mulher que mostrará ao mundo com uma beleza menos óbvia, mas nem por isso menos interessante,

Menos uma mulher que nos desagradará à primeira vista, e nos obrigará a descobrir porque não conseguimos parar de olhar para ela,

Menos uma mulher que nos fará menos arrogantes, menos perfeccionistas.

Perderemos diferenças, perderemos várias formas possíveis.

Em resumo, o mundo terá uma mulher a menos a dizer: Olhe para MIM.

Variedade e beleza andam juntas; se mulheres não podem ser belas de infinitas maneiras, a culpa é de quem olha.

Texto e escolha de fotos: Caminhante

17 comments / Add your comment below

  1. E mais um texto vai virar e-mail (com créditos, claro!) e depois assunto para conversas de bar, que mulheres irão defender ferrenhamente.
    Adorei, adorei, adorei.
    Parabéns, Caminhante!

  2. Belíssimo texto! A Caminhante tem essa capacidade de, na primeira frase, já me deixar na certeza expectante de que vou ler um grande texto. Quando comecei a ler este, já percebi o tom de “antológico”, como se o ouvisse numa daquelas cínicas mas belíssimas propagandas onde a poesia só é estragada de forma definitiva quando anunciam “Banco Itaú” no final. Leiam lá no seu blog, o texto “Na Rua”, para verem.

    E, parafraseando o Luis Fernando Veríssimo : a Fernanda é muito bonita, inclusive por fora.

  3. Não senti falta de mamilos não. A escolha das fotos teve grande equilíbrio, apresentou uma diversidade que nós homens gostamos muito mais do que as mulheres supõem. Para o meu gosto, naquilo que enxerguei que essa seleção tinha em comum, só tiraria a Larissa Riquelme, que me pareceu combinar bem mais com a relação que ela e o Milton têm com o futebol do que com as demais mulheres escolhidas, todas elas bem mais do que rostinhos e corpões bonitos (Nigella incluída).
    E abaixo as plásticas que igualam peitos, bocas e abdomes, abaixo o botox que apaga as rugas e leva com elas as maravilhosas histórias que as mulheres têm para contar sobre si. E sobretudo, viva a diferença.
    Parabéns pelo texto e pelas moças escolhidas.

    P.S. Não custa lembrar uma velha marchinha de carnaval que um tio meu me ensinou e cujo prazo de validade ainda não vejo expirar:

    Doutor,
    Acredite,
    Eu gosto é de celulite!
    Doutor,
    Acredite,
    Detesto mulher cabide!
    Doutor,
    Acredite,
    Eu gosto de ver rebolar.
    Doutor,
    Eu gosto
    De carne para apertar.

  4. Com a terceirização para a Caminhante, muitas mulheres comentaram. Agora, elas não estão apenas nas fotos do Pq Hj é Sábado, mas também no texto e nos comentários.

    Acho que isso é estratégia do Milton.

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