O Questionário de Proust (I) – Responde Fabrício Carpinejar

Em fevereiro de 2007, minha mãe estava no hospital e eu mal podia postar. Não tinha muito tempo. Passei a tarefa a alguns amigos e eles me responderam rapidamente, preenchendo o espaço deixado por mim.

Este é um questionário clássico. Já foi respondido por muitos escritores e, minutos atrás, distribuí alguns e-mails propondo-o a amigos. Expliquei que desejava fazer uma série com eles. Espero que dê certo. E já deu, como vocês lerão no terceiro parágrafo.

Sobre o nome do questionário: Proust respondeu-o duas vezes, em idades diversas e de forma inteiramente diferente. Eu o resumi um pouco, o original é imenso e eu temia que ninguém se motivasse a enfrentá-lo… Algumas perguntas são fáceis, outras são irritantes. É um jogo. A idéia veio daqui. Admiro demais Roberto Bolaño (1953-2003), um gênio.

Desnecessário apresentar o poeta Fabrício Carpinejar. Seu e-mail partiu às 22h39 e a resposta chegou às 22h57. Dezoito minutos. Inaugurar esta série com Fabro é uma enorme honra para mim e meu pequeno blog.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

Deploro quando vejo os meus defeitos nelas.

Como gostaria de morrer?

Sem marcador de página.

Qual é seu estado mental mais comum?

Excitado, prestes a dizer algum segredo.

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Riobaldo: a dor o tornou sábio para a alegria de narrar.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

Tomar banho nu numa festa.

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

Já morreu para mim.

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Millôr Fernandes.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Vibrador, terminaria com meu complexo de inferioridade (risos).

Em quais ocasiões costuma mentir?

Quando a verdade não encontra saída.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

Dormir colado ao cheiro de minha mulher. E acordar com o cheiro dela mais do que com o meu.

Qual é seu maior medo?

Morcegos.

Qual é seu maior ressentimento?

Perder amigos por incompreensão.

Que talento desejaria ter?

Tocar violino.

Qual é seu passatempo favorito?

Jogar futebol.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

Aprenderia a fazer churrasco.

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

O ressentimento.

Onde desejaria viver?

Vivo onde gosto.

Qual a virtude mais exagerada socialmente?

Falar.

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

Ouvir.

Quando e onde você foi mais feliz?

Quando minha filha leu um poema meu de um orelhão, com a voz de quem recém aprendeu a ler. Quando minha mulher disse que não mais conseguiria ficar longe de mim. Quando meu filho perguntou por que a couve era flor, se não cheirava bem.

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