Publicado em 27 de fevereiro de 2007
Uma das melhores lembranças que trouxe de minha última viagem ao Rio foi Manoel Carlos. Gostei muito de conhecê-lo. É um pernambucano tranqüilo e gentil, de posições firmes – muito próximas às minhas -, e que aceita a cordial discordância. Mas se você quiser ver um Manoel amoroso é só falar o nome Flora… Espero que seus outros três filhos não se irritem com minha inconfidência (ou suposição de preferência, talvez; o que sei eu, afinal?).
Pedi-lhe uma minibio e ele escreveu esta:
“Nascido em Pesqueira, Agreste de Pernambuco, em 1951. Analista de Sistemas e Consultor. Viveu em Pernambuco, África e Rio de Janeiro, onde reside. Foi Coordenador do DCE da UFRJ, Secretário Geral do Instituto Cultural Brasil África, membro da Coordenação Executiva Nacional do Comitê Anti-Apartheid do Brasil e membro do Conselho Editorial do Jornal Inverta. Recebeu Moção de Honra da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ocupou diversos cargos na administração pública. Casado, tem quatro filhos.”
Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?
Geralmente condenamos nos outros nossos próprios defeitos.
Como gostaria de morrer?
Gostaria de não morrer.
Qual é seu estado mental mais comum?
Sendo uma pessoa comum, não tenho alterações significativas de humor ou estado mental.
Qual é o seu personagem de ficção preferido?
É mutável, depende das circunstâncias, o que durou mais tempo como preferido não era de ficção, entre infância e adolescência, foi Spartacus.
Qual é ou foi sua maior extravagância?
Eita! Fiquei ruborizado só de me lembrar.
Qual é a pessoa viva que mais despreza?
É circunstancial, conjuntural, hoje seria fácil dizer que é Bush.
Qual é a pessoa viva que mais admira?
Conheci pessoas tão maravilhosas, como Prestes, Gregório Bezerra, Vasco Cabral… o padrão exigido passou a ser alto demais, admiro aspectos de pessoas, algumas como escritores, outras como músicos, mas não tenho ídolos vivos.
Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?
Depois da experiência, como eu mesmo, pois poderia ser eu e ser muito melhor, mais útil, mais produtivo, mais tolerante…
Em quais ocasiões costuma mentir?
Às vezes, omito (para não machucar os outros), às vezes aumento um pouco (quando me entusiasmo numa narrativa), mas não minto.
Qual é sua idéia de felicidade perfeita?
Não tenho uma idéia de felicidade perfeita, pois a felicidade está sempre associada a um processo de construção, aprendizado e aperfeiçoamento.
Qual é seu maior medo?
É de me deixar dominar pelo medo, pois só me considero corajoso pela capacidade de superar meus medos.
Qual é seu maior ressentimento?
Procuro me esquecer das coisas que possam provocar ressentimento.
Que talento desejaria ter?
Musical.
Qual é seu passatempo favorito?
Já gostei muito de praticar esportes, atualmente gosto de ouvir música, ler, usar computador e ver jogos pela TV.
Se pudesse, o que mudaria em sua família?
Não sei, talvez precisasse mudar algumas coisas em mim, antes de tentar mudar coisas em minha família, mas com certeza o que manteria é o afeto que nos une.
Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?
Há tantas, talvez as que determinem degradação moral.
Onde desejaria viver?
Como diz Paulinho da Viola, voltar quase sempre é partir para um outro lugar. O Recife é a cidade de que mais gostei, mas não sei se o Recife que amo é real ou se o criei, fertilizado pela saudade.
Qual a virtude mais exagerada socialmente?
Não sei.
Qual é qualidade que mais admira num ser humano?
Muitas. Generosidade, humildade, simplicidade.
Quando e onde você foi mais feliz?
Em geral sou mais feliz no presente, pois a felicidade passada, por saudosa que seja, serve para me ajudar a ser feliz no presente. Em Pesqueira, no Recife, na África e no Rio tive momentos de felicidade que carregarei para sempre comigo.
Caro Milton, respondi de supetão, pois não vale a pena pensar muito, se o fizermos, poderemos perder a naturalidade.